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Não, seu amigo do Instagram não tem uma vida perfeita!

Seu amigo do instagram não tem uma vida perfeita - por Camile Carvalho

Mais uma vez aqui estou eu pra conversar sobre redes sociais. Falei aqui outro dia sobre o Instagram e a verdade, e a medida que tomei bloqueando todos os perfis fakes, pornográficos e inativos que me seguiam e que massageava meu ego, me fazendo lembrar todo dia que eu tinha aquela quantidade de seguidores. Hoje, venho trazer uma reflexão que me ocorreu hoje pela manhã: o estar bem em seu próprio silêncio.

Eu gosto de ficar sozinha, mas não foi sempre assim. Antes, queria reunir amigos, sair pra barzinhos, fazer alguma coisa, menos ficar em casa. Nunca fui de noitada, mas um bom café com amigos no shopping me tiravam de casa, da sensação de estar sozinha, e isso me fazia bem.

O tempo foi passando, comecei a praticar yoga, meditação, e aos poucos aprendi a estar bem comigo mesma. Hoje fujo de agitos. Gosto de passar um fim de semana inteirinho em casa, com meus livros, com minha escrita… organizando a casa, cuidando do que é meu, meditando e curtindo a calma. E isso é tão bom!

Porém, às vezes dou uma olhada pelo Instagram e vejo amigos passeando, viajando, em festas ou passeios, mostrando que têm vida social bastante ativa. Por um segundo me pego pensando que queria estar assim, curtindo, com uma vida social bem agitada, mas logo vem o questionamento: será? Será mesmo?

Não, talvez eu não gostaria. Está tão bom aqui! Olho ao redor e sorrio, percebendo que esta aura que me cerca, meus livros sobre a mesinha de centro, minha rede balançando com o vento e o café quentinho ao meu lado me fazem feliz. Não, eu não queria ser outra pessoa, estar no lugar de outra pessoa e nem com outras pessoas. Isso não me torna um ser fechado, acredito que temos momentos para tudo, mas hoje, agora, neste exato momento, estou feliz.

O que percebo, no entanto, é que as redes sociais nem sempre mostram a verdade. Esses dias saiu uma matéria na Super Exame que fala que o Instagram é a rede social mais prejudicial à saúde mental. Jovens e adultos sentem suas vidas paradas, estagnadas, ou desenvolvem a síndrome FOMO (sensação de estar perdendo algo). Mas a culpa não é do Instagram, Facebook ou outra rede. Somos nós quem escolhemos como vamos nos comportar com estas ferramentas.

Nem sempre aquela foto daquela amiga sorrindo em uma viagem paradisíaca está refletindo sua verdade. Nem sempre estar em movimento, no agito, na diversão, significa felicidade, e aprender a estar bem comigo mesma foi a melhor coisa que fiz. Saber aproveitar a tranquilidade, o cantar dos pássaros, o cheiro do café passando, o sol se pondo, é uma dádiva. E estes momentos são únicos, nossos.

Olhe para você. Olhe ao seu redor. Será que sua vida é tão menor que a dos outros que compartilham sua felicidade nas redes sociais? Vamos aprender a valorizar nossos momentos? Aprender a lidar com o nosso silêncio?

No livro Silêncio, o poder da quietude num mundo barulhento, o monge budista Thich Nhat Hahn diz que:

“O silêncio é, sobretudo, algo que vem do coração, não de um conjunto de condições externas ao nosso corpo. Viver em um local silencioso não significa passar a vida mudo, sem se envolver nem fazer nada. Simplesmente significa que não somos perturbados por dentro, não há um falatório constante.” – pág. 67

Aprender a lidar com o nosso silêncio, a estar em quietude, aproveitando quem somos, onde estamos e o que estamos fazendo é fundamental. Não se comparar com a vida dos outros – ou melhor, com o que mostram nas redes sociais – é importante para que possamos valorizar nossa realidade. A vida de ninguém é perfeita, mas por que não olhar ao nosso redor e sermos gratos pela nossa realidade?

Experimente sentar-se quieto onde você está. Fechar os olhos por alguns minutos e apenas prestar atenção à sua respiração. A felicidade verdadeira, as respostas as quais buscamos, está tudo aqui dentro, não fora. Você pode estar no lugar mais lindo do mundo, mas se não estiver bem consigo mesmo, não estará feliz. Mas você pode estar sozinho, quieto em casa, em um lindo sábado de sol, e sorrir, simplesmente porque está em paz, está curtindo seu momento e saber que aquelas vidas que passam pela sua timeline não é a sua, e não há motivo nenhum para se sentir mal por não estar lá.

Categorias: Redes Sociais

Faxina no instagram – aplicando o princípio da verdade

Um dos princípios do yoga (chamamos de yamas e niyamas os “10 mandamentos” de um iogue) é Satya. Essa palavra, em sânscrito, significa verdade. Mas o que Satya tem a ver com um post sobre Instagram?

Não, eu não vim conversar com vocês sobre como não transmitimos 100% de verdade em nossas redes sociais. Todos estão cansados de saber – e ler por aí – que o que mostramos nas redes representa apenas uma parcela da nossa vida “aqui fora”. Que o que postamos nem sempre está alinhado ao que estamos passando pelo momento, mas que muitos preferem demonstrar coisas boas que despejar as angústias e tristezas aos seguidores – isso porque não citei as falsidades no sentido fingir ter uma vida feliz e perfeita retocada em um editor.

O que vim falar hoje é sobre a verdade em relação ao que realmente somos. E a verdade é que o número “mais de 4 mil seguidores” do meu instagram não é lá muito fidedigno. Tenho (ou tinha) mais de 4 mil seguidores que acompanham diariamente minhas postagens. Não tenho muitos likes nas minhas fotos, se formos analisar a quantidade de pessoas que me acompanham. Tirando o fato de que nem todos visualizam as fotos, ou por que não têm tempo, ou por que simplesmente não as recebem no feed, as médias das curtidas que recebo por foto não é lá muito alta.

Mas calma, números? likes? aqui, neste blog com alma minimalista?

Sim, números, seguidores, likes e redes sociais. De certa forma, minha presença nas redes sociais está muito relacionada ao meu trabalho, sendo que consigo facilmente identificar meus “seguidores” nesses grupos:

  1. público que se identifica com yoga e poderá se tornar um aluno algum dia, talvez
  2. público que pratica em outros lugares e se inspiram com minhas postagens sobre yoga
  3. público que acompanha meu blog e se inspira com meu estilo de vida e dicas que publico
  4. amigos que me seguem por serem amigos pessoais
  5. pessoas que não conheço, sem foto no perfil ou com foto pornográfica, geralmente russos ou árabes ou com nome de usuário tão estranho que nem o Fantástico consegue identificar quem são, de onde vieram e do que se alimentam.

E é sobre este último perfil que quero refletir.

Caminhando contra a correnteza do “quero mais seguidores” e dos influenciadores digitais, resolvi fazer uma limpeza mais profunda na minha conta do Instagram. Pois, de nada adianta empinar o nariz com orgulho dos meus 4 mil seguidores, se uma parcela deles não são reais. Muitos blogueiros e influenciadores digitais apelam para a compra de seguidores para terem mais visibilidade e credibilidade no meio comercial, já que marcas enviam produtos e fecham parcerias com pessoas com muitos seguidores, mas será que isso dá um resultado real?

Eu poderia manter meu número alto de seguidores (pra mim é alto, desculpem influenciadores com 1 milhão!) mas o que isso realmente significa? Que verdade estou passando ao meu público? Sim, eu fico feliz quando ganho um novo seguidor, mas fico realmente feliz quando entro no perfil da pessoa e vejo que é alguém de verdade, não uma conta a mais para fazer volume e nem um perfil de alguma marca que só quer o “segue de volta”. Quem já passou pela experiência de ganhar um novo seguidor e, minutos depois receber unfollow por não tê-lo seguido de volta?

Sei que muitos de vocês sequer têm redes sociais e tudo bem. Tudo bem também TER conta nas redes sociais, já que cada um é cada um, com suas necessidades, vontades e liberdade. A questão é que resolvi limpar, excluir, bloquear, fazer uma faxina geral no meu instagram removendo todos os seguidores que se encaixam no tópico 5. Quero mais gente como a gente, pessoas que estão ali pra trocar ideias, pessoas com quem eu possa responder uma mensagem privada. Quero gente de verdade, não números. Quero sentir a energia de que cada interação é sincera.

Neste exato momento estou com meu celular ao meu lado, com o App Insta Cleaner (não é propaganda, eu paguei $1,99 por ele no App Store) fazendo uma faxina geral. Alguns podem se perguntar se vale à pena, mas pra mim está valendo. Estou me cansando de números das redes sociais. Cansando dos excessos, das muitas informações. Estou me cansando também de olhar perfis de pessoas totalmente artificiais, que de nada me acrescentam – e que sim, às vezes me fazem sentir que ou minha vida não tá tão legal ou que até que seria interessante se eu comprasse aquele produtinho…

Sinto que estou me renovando, me transformando, e que mais uma vez não sei onde vou chegar, mas tenho uma certeza: quero tudo mais simples. Quero estar leve. E se o preço a pagar por essa leveza, pelo Satya, pela busca por uma presença mais verdadeira e próxima no mundo virtual-real for perder números com os quais não tenho identificação, está tudo bem. Aliás, está ótimo!

Um dia, num passado não muito distante, cheguei a pensar que seria legal ser uma influenciadora digital. Mas esse pensamento deu lugar a outro. Talvez seja mais legal estarmos presente, darmos atenção, interagirmos de igual pra igual, sem influenciar, sem fazer o outro nos seguir, mas sim inspirar para que aquela pessoa, do outro lado da telinha, olhe pra si e descubra que existe um universo de possibilidades dentro dele e que ele não precisa ser influenciado por ninguém para ser feliz.

Antes que me perguntem…

  • Não, não estou removendo nenhum amigo, nem bloqueando ninguém nem deixando de seguir pessoas que estão sempre presente, apenas os fakes/pornográficos
  • Não, nunca comprei seguidores. Uma hora/aula de yoga é muito trabalho pra gastar com números em redes sociais
  • Uma teoria que tenho é que talvez esses seguidores fakes venham através das hashtags que usamos nas fotos. No estilo “segue de volta?”

Enquanto isso, vejo meu Instagram com o número de seguidores em contagem regressiva…

Categorias: Comportamento

A vida, ela é simples. Nós que complicamos.

Eu acredito muito que o caminho em busca de uma vida simples é cheio de voltas, bifurcações e retornos. Andamos na linha por um momento, mas do nada acabamos nos distraindo com aquela estrada cheia de coisas, belezas, informações, e quando damos conta, já estamos longe da estrada principal. E está tudo bem.

Assim sinto minha vida. Há momentos de maiores distrações, só que, mais importante que se manter reto em uma estrada única – o que seria um tanto entediante – é o retorno aos nossos princípios. O retorno dá um gás que talvez não tivéssemos antes – por isso termos nos distanciado – e faz com que reavaliemos nossos planos, direções e princípios sobre os quais nos baseamos.

Nossa jornada é cheia de flores, mata seca, rios e penhascos. Em um momento estamos felizes com a paisagem, em outros, insatisfeitos. E isso é normal. Cada pedaço da estrada faz parte de um todo, algo muito maior que só lá na frente compreenderemos melhor, ou não.

Já faz um tempo que me distraí com o consumo. Saí dos trilhos, comprei sem pensar, criei novos projetos (minha mente é super criativa) mas, assim como os comecei, desanimei. Porque no fundo de tudo, havia algo que me dizia “vai, pode ir, tente. Mas você sabe que seu caminho é este aqui“. E isso me fez perceber que tudo bem mudar. Tudo bem voltar atrás. Tudo bem fazer escolhas mesmo com uma voz fraca perguntando “tem certeza?”.

Sou da opinião que devemos tentar, arriscar, ser um pouco imprudentes e deixar o lado racional de cérebro um pouco no modo silencioso. Seguir o coração pode nos trazer experiências incríveis, dando elas certo ou não, já que tudo é experiência. Aprendemos em cada tropeço, em cada escolha, em cada erro e acerto.

No começo do ano tomei uma decisão de reduzir ~mesmo~ minhas distrações na internet. É um processo lento e árduo pra quem fica 24hs por dia conectada. Pra quem atualiza uma página sobre yoga, outra sobre minimalismo, aprova novos membros e postagens em grupos do facebook, posta no instagram, responde email… ufa! A lista é longa. E então decidi simplificar. Todas as minhas páginas foram mescladas em uma só, essa aqui. Simplificar. Palavrinha linda, porém difícil de vivenciar.

Aos poucos vou reunindo tudo em um ponto, o mínimo possível, embora estar nas redes sociais seja uma forma de divulgação do meu trabalho como professora de yoga. Quero minimalizar, trazer mais conteúdo de qualidade, reunindo tudo em poucos espaços de forma simples, sem pressa e com mais dedicação. Menos é mais.

Vamos aproveitar a energia de novos inícios e de transformação de 2017? O que você tem feito por uma vida mais plena, realizada e com propósito? O que você pode fazer hoje por uma grande mudança de vida? Às vezes um pequeno passo é o início de uma revolução. Vamos?

imagem: cupcake

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