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Uma reflexão sobre as redes sociais

Camile Carvalho // Uma reflexão sobre as redes sociais

Eu andei refletindo muito sobre minha jornada nessas últimas semanas e hoje, com calma, escrevendo aqui, percebi que meus hábitos nas redes sociais mudaram muito. Uma pergunta vinha rondando minha mente: por quais motivos não consigo atualizar o blog como antigamente? Por que quando penso em escrever algo, a impressão que dá é a de que não tenho nada novo para compartilhar com meus leitores? O que está havendo, afinal, com minha inspiração e criatividade?

Fiquei me perguntando o que havia mudado em mim, preocupada por não ter mais criatividade e incentivo como antigamente, mas apenas hoje veio uma luz no fim do túnel com a resposta: meus hábitos na internet mudaram consideravelmente.

O início de tudo

Quando comecei o blog Vida Minimalista, em 2011, pelo que me lembre não tínhamos tantas opções de smartphones com capacidades para fotografias, edições, aplicativos etc. Eu, pelo menos, passava menos tempo com o celular na mão, e o detalhe mais importante, compartilhava menos minha vida através das redes sociais.

Sempre usei bastante o twitter para interagir com os leitores. O Facebook, apenas para a fanpage que mantenho até hoje. Instagram, acho que nem existia, ou eu não tinha conta. Lembro que no começo era um app exclusivo para quem tem iPhone, então eu nem sabia de sua existência por usar outro modelo de smartphone. E, pensando neste cenário, tudo que eu queria compartilhar fluía por minhas mãos através da escrita no blog.

Não tinha tanta instantaneidade. Eu participava de fóruns de discussão no Yahoo, trocava ideias sobre GTD por email, lia blogs estrangeiros sobre minimalismo e, através deles, me inspirei a transformar minha vida. Era tudo muito diferente, e aí prefiro não entrar em julgamentos de “antigamente tudo era melhor”. Isso depende do ponto de vista.

A questão é que passo menos tempo em frente ao meu computador e mais com o celular na mão. Até mesmo pra ler textos da faculdade, muitas vezes o levo em PDF no celular ou tablet e perdi aquela conexão de ligar o computador, abrir um editor de texto, como estou fazendo agora, e deixar que minha escrita flua. Este é um exemplo clássico na discussão que temos na área da Comunicação sobre como os suportes vão influenciando o modo como vivemos.

Mas isso não é uma visão determinista?

Claro, não podemos pensar numa visão determinista de que somos moldados por eles, não é nada radical, mas à medida em que eles vão ganhando espaço em nossas vidas, passamos também a adotar novos hábitos devagarinho, sem perceber, e quando nos damos conta, aqueles antigos hábitos que muitas vezes eram bons, deixamos de lado nessa trajetória.

Não sou uma crítica às redes sociais, não tenho uma visão polarizada de mocinha X vilão, pois acredito que tudo é o modo como usamos essas ferramentas. Sim, são ferramentas, e elas são neutras, estão ali para serem usadas por nós, humanos, que aí sim temos o poder de decidir a forma de usá-las. E muitas vezes acabamos por nos deixar levar pelo que todo mundo está fazendo.

Gosto de compartilhar recortes da minha vida no Instagram, por exemplo. Gosto de ter um contato mais próximo com quem me acompanha, mas percebi que as inspirações, as novidades e os impulsos que eu tinha de contar algo a quem me acompanha passou a ser direcionado para lá, uma ferramenta completamente visual que, na maioria das vezes, quem nos acompanha nem lê o que escrevemos, apenas clica no coração como se estivesse dando um check, um ok, e que logo rola o feed para ver a próxima foto. Sim, eu também me tornei essa pessoa. E não, eu não quero mais viver com esse ato mecânico.

Como ser famoso no instagram

Dizem os especialistas em marketing digital que precisamos de uma periodicidade nas publicações. Tem hora certa pra alcançarmos mais engajamento. Pra ganharmos likes. Tem foto que chama mais atenção. Organização de feed. Não postar selfie com selfie. Nem objeto com objeto seguido pra não “cansar” o seguidor. Tem tantas regras de como ser bem sucedido nas redes sociais, que me pergunto: o que é ser bem sucedido e famoso nelas? Eu entendo perfeitamente quem trabalha com isso, quem usa de forma profissional, mas a impressão é que muitos que estão ali estão em busca de algo. Mas então, o que seria esse algo?

Percebo, com toda essa conversa, que minha criatividade não foi embora. Meu impulso de compartilhar novidades com meu público também não se esvaiu. Na verdade, o que mudou nos últimos anos foi para onde direciono meus esforços e onde despejo todo esse impulso criativo. Ao invés de concentrar aqui, no meu cantinho e manter tudo de forma organizada, unificada e catalogada, acabo por espalhar demais minha presença digital pelos quatro cantos do mundo digital e, por fim das contas, não me resta nada pra cá. Eu poderia estar gravando stories falando isso tudo. Poderia alcançar um público ali, com um conteúdo que em 24hs não estará mais. Tudo efêmero. Mas eu quero voltar ao sólido. Ao palpável.

Será que eu te conheço?

Eu pensei que compartilhar minha vida pelas redes sociais que usam feed e logo perdem a validade seria uma forma de aproximação. Mas, o que acontece, é que volta e meia vejo algum comentário de um leitor ou leitora da época do Vida Minimalista e lembro dessa pessoa. Mas não consigo me lembrar muito de quem chegou depois através do Instagram. É estranho, eu sei, mas parece que tudo anda escorrendo pelos dedos enquanto que o imediatismo é extremamente valorizado.

Eu quero voltar ao blog raiz. Quero voltar ao meu canto, a escrever com calma, concentrar meus pensamentos e inspirações em um único lugar. Menos é mais. Não deixarei de estar presente nas redes sociais, mas tentarei lidar com elas de forma diferente. Ainda não sei como, mas um alerta acendeu me pedindo pra reduzir. Pra acalmar, pra ter cautela. Pra voltar ao que antes dava certo e me fazia feliz e menos ansiosa em “ter que…”.

Convido a você, que está me lendo agora (e que chegou até aqui, risos!) a pensar um pouco sobre esse imediatismo em que estamos vivendo. Será que vale à pena? O que estamos fazendo? Você, blogueira ou blogueiro das antigas, o que acha dessa difusão toda? Que tal desacelerarmos, olharmos ao nosso redor e buscarmos a nossa essência, a calma e o desapego? Leitores, amigos e amigas virtuais, vamos pensar juntos sobre isso? Me conte, como você lida com as redes sociais, sendo produtor de conteúdo ou não?

Categorias: Organização

Quando respirar e recomeçar é preciso

Começo este texto descrevendo o ambiente ao meu redor. Uma série de livros sobre livros e leitores na prateleira logo acima do meu computador. Minha mesa de trabalho ainda com alguns cacarecos sobre ela – o que me deixa um pouco sem espaço de respiro. Roupas dobradas sobre a cama esperam que eu as guarde no armário. Mas não, agora não. Neste momento tudo que preciso olhar é para a tela em branco, para o cursor piscando e para o texto que surge em minha mente e flui ligeiramente por meus dedos sobre o teclado.

O cenário é de caos. De excessos. De muitos compromissos, artigos do mestrado a serem escritos, textos a serem lidos, curso a ser formatado. Por dias passei fugindo deste furacão, como se fechar os olhos fosse milagrosamente resolver tudo. Mas não resolveu. Não, este texto não é pra falar sobre como as coisas ficaram confusas – porque sim, elas ficam, e tudo bem! – mas pra compartilhar que: em meio ao caos podemos fechar os olhos, respirar fundo e retomar as rédeas da situação.

Talvez seja influência da lua minguante e seu aspecto de desapego, talvez apenas a percepção de que me perdi na minha própria desordem. Mas ontem, enquanto organizava meu material da pesquisa, fui tomada por uma sensação de mudança. Eu precisava fazer algo, e tinha que ser naquele momento.

Parei o que estava fazendo e reli alguns trechos do que eu mesma havia escrito no blog quando ainda era Vida Minimalista. Lembrei-me da sensação boa do vazio, do foco, da organização. Do menos que é mais. E naquele momento, tudo que eu queria era voltar a ter aquela paz, aquele controle de mim mesma, aquele foco no momento presente sem as milhares de distrações.

Comecei a faxina do desapego

Peguei então meu celular e, sem dó, comecei a desinstalar alguns aplicativos. Fui mais longe, excluí contas antigas e paralelas de instagram que eu tinha de projetos que não quero e nem posso dar continuidade no momento. No twitter, parei de seguir algumas lojas, perfis de famosos que nunca me acrescentaram em nada, perfis que só postam propaganda e tudo o que enchia minha timeline de mimimi e discussões que não me interessam.

Fiz o mesmo com o Facebook. Descurti páginas, curti outras mais interessantes e alinhadas com o que quero pra mim no momento. Esvaziei a lixeira do computador. Organizei meu Feedly acrescentando blogs interessantes e deixando de seguir outros. Eu precisava desse pontapé inicial. E eu não imaginaria que este pequeno primeiro passo mudaria tanta coisa de ontem pra hoje…

Abri o painel de controle do blog e fui até a primeira postagem que fiz, em 2011 e percebi o quanto a vida é cíclica. Me encontro no mesmo ponto, porém totalmente diferente. A sensação de que já vi esse filme antes é interessante, é como se eu estivesse pronta a iniciar aquele blog, a apertar pela primeira vez o botão “publicar” com a incerteza se alguém me leria, mas ao mesmo tempo, com a confiança de que é apenas o começo de uma longa jornada de novas experiências e de muitos aprendizados.

Hoje me sinto assim, com a tela já não mais em branco, apenas escrevendo livremente sobre o que meu coração pede, pra compartilhar com quem ainda me lê sobre a passagem de uma sensação angustiante de não saber como lidar com esse transbordamento, para a sensação de “voltarei a ser como já fui“. E, para mudarmos hábitos, é bom que deixemos registrada nossa vontade. E aqui está o registro de que entrarei novamente numa jornada linda de desapegos, de autoconhecimento, de olhar pra dentro e de organizar minha vida, e claro, de registrar neste espaço, meu lar virtual, o meu caminhar.

É aquele famoso “dar um passo atrás para pegar impulso”. E é bem por aí mesmo. Nem sempre só caminhar pra frente é bom. Recuar, reavaliar, soltar e deixar ir faz parte e nos engrandece. Focar no que é importante e não querer abraçar o mundo de uma só vez. Como é boa essa sensação de voltar pra casa, ainda que eu nunca tenha saído de mim mesma…

Estarei a partir de agora mais presente no Twitter compartilhando também pequenos insights dessa jornada. Quem quiser me acompanhar, basta seguir @camilezen.

Às vezes, tudo que precisamos é sentar-se em quietude, fechar os olhos, respirar e entender o que se passa dentro de nós e quais as necessidades no momento. E o momento é de desacelerar. Desapegar. Discernir o que fica e o que sai. E claro, me dedicar integralmente ao que é importante e me faz feliz.

Namaste

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Categorias: Reflexões

Quantas fotos você clica?

Enfim, chegou aquele fatídico dia em que o computador ficou cada dia mais lento, mais lento e, fui postergando aquela formatação que, por mais simples que seja, dá trabalho. Até que ontem à noite, aproveitando uma sexta-feira em casa, resolvi colocar a mão na massa.

Como uso o Dropbox pra guardar meus arquivos, fico menos preocupada em relação ao backup, mas uma pasta me chamou a atenção: Imagens. Gosto de sincronizar no meu Dropbox as fotografias que ficaram boas, as já tratadas, as publicadas nas redes sociais (Instagram, por exemplo) e as que precisam ser acessadas por outros dispositivos, como meu celular. Porém, no próprio HD do computador deixo ali as imagens descarregadas, as cruas (RAW) que ficaram pra trás e acabei não excluindo, mas que um dia, quem sabe, podem ser úteis. Ok, vou dar um spoiler: esse dia nunca chega.

Também deixo no próprio HD do computador as imagens que descarrego do celular. E aí que vem o problema… Enquanto que as fotografias que faço com minha câmera fotográfica são mais fáceis de desapegar por motivos óbvios: geralmente fotografo eventos e muitas são repetidas, percebi a dificuldade de fazer uma limpeza nas fotos que fiz com o celular. Foi quando sincronizei meu Lightroom e importei todas as fotos do smartphone que eu percebi o quanto de lixo digital eu gero e carrego comigo.

Algumas tralhas fotográficas no meu rolo da câmera:

  • Print Screens de qualquer coisa que eu veja na internet e quero guardar pra enviar pra alguém ou reler depois
  • Fotos que guardam alguma informação que eu preciso resgatar a curto prazo, mas que depois tornam-se inúteis, como o local do estacionamento em algum estabelecimento
  • Fotos que compartilhei no Instagram ou Stories (ou qualquer outra rede social)
  • Imagens de fundo de tela que salvo quando acho bonito (e que acabo não usando)
  • Fotos repetidas de grupo de amigos ou selfies que escolhemos depois apenas uma delas pra usar

Estas são algumas tralhas que identifiquei e que apenas ocupam espaço. Tenho dividido no meu sistema de organização uma pasta apenas com fotos do celular e, dentro delas, organizo por ano:

iPhone

  • iPhone 2016
  • iPhone 2017
  • iPhone 2018

Mantenho essa organização que é o que funciona pra mim (se quiserem posso escrever um post contando melhor sobre meu sistema) e nesse decluter das fotografias, acessei essas pastas e percebi que ainda guardo fotos que não me fazem sentido algum. Fotografias de plantas, de um pôr-do-sol que não lembro quando foi, de comida, enfim, são fotos que não têm utilidade alguma passado alguns anos.

Com isso percebo que muitas fotografias têm um prazo de validade. Muitas cumprem sua função ali, naquele momento, ou naquele ano, mas que depois de um certo tempo perdem sua importância. A questão é: o quanto estamos clicando de forma indiscriminada? O quanto estamos usando de recursos, muitas vezes pagando por mais espaço em serviços de backups, pra guardar memórias que já não fazem mais sentido. E se fôssemos mais seletivos, se fizéssemos uma revisão frequente (mensal, talvez), das imagens que guardamos em nossos dispositivos?

Hoje temos tantas possibilidades com a fotografia digital, que acabamos perdendo aquele contato com a produção da imagem. O olhar, o enquadramento… são tantas possibilidades de correção que acabamos não nos importando tanto, por exemplo, se a foto ficou torna. Um rápido Photoshop, ou aplicativos no próprio celular já corrigem, já preparam a imagem que podem ser facilmente compartilhadas nas redes sociais.

Mas eu quero propor a mim mesma um movimento slow. Ao invés de clicar repetidas vezes no botão, prestar atenção de verdade no que estou fotografando. Perceber com calma, de forma desacelerada, tentar fazer menos cliques, salvar menos imagens, escolher as melhores. Quero mudar minha relação com a fotografia e com a imagem, principalmente quanto ao armazenamento.

Não, eu não preciso de mais espaço no meu backup. Eu preciso selecionar melhor o que guardo como memória da minha vida. E que fiquem as boas lembranças, as boas imagens que num futuro eu possa admirá-las por fazerem sentido pra mim.

E você, como se relaciona com as imagens de seu smartphone e computador? Conte aqui nos comentários!

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