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O que Junho me ensinou?

Camile Carvalho | O que junho significou pra mim no inverno?

Junho foi um mês especial. Com o ápice do Inverno (sim, o solstício, na verdade, é o ápice e não o início da estação como falamos no ocidente), muitas revelações aconteceram pra mim.

Sempre tive uma conexão muito forte com os ciclos da Terra e por um período da minha vida havia perdido essa sintonia. Olho pra isso sem culpa, ressignifico como fazendo parte do meu processo cíclico de aproximação e afastamento, contração e expansão, lua e sol…

Mas os invernos pra mim têm um significado muito especial. Com esse chamado de recolhimento e reflexão, sinto-me mais intuitiva. Falo menos, escuto mais, escrevo mais, leio mais… Penso, reflito, me acolho.

É nesse período também que minha reforma íntima está no ápice e, por inúmeros motivos, voltei a sintonizar e conectar com meus Mestres Espirituais.

No momento do caos, foi difícil aceitar que era preciso pausar. O ego não me permitia abandonar algo que me era tão importante. Mas foi necessário. Hoje, ressignificando muitas coisas no campo espiritual e religioso, me vejo enxergando a situação de uma outra forma. Como uma espiral, voltamos ao mesmo ponto, mas em uma nova posição.

O que é cíclico sempre nos faz retornar, mas a cada volta, mudamos.

Sempre que voltamos àquele ponto, já somos uma outra pessoa.

Gratidão, Junho, por ter me reconstruído das cinzas. Depois de jogar tudo pro alto, catei apenas os caquinhos que me eram importantes e me reconstruí, deixando pra trás aqueles que não se encaixavam mais em mim.

O que Junho significou pra você? Como você se sente nos períodos invernais de recolhimento?

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Eu não consigo mais ler (e a solução para isso)

Eu não consigo mais ler.

Essa foi a constatação que tive ao tentar voltar à minha “vida normal” de leituras, estudos e aprendizados. Mas foi em vão.

Tentar voltar ao que era antes é sempre frustrante. Já repararam que nunca conseguimos ser o que já fomos? Mesmo que forcemos as coisas, tudo é diferente, assim como está sendo agora.

Durante o buraco negro que passei, era impossível ler meus livros, fazer as coisas que eu gostava e viver como se nada tivesse acontecido. Mas aqui estou, pronta pra voltar aos meus antigos hábitos, mas com certa dificuldade.

Talvez não seja pra voltar como antes, mas sim transformar e fazer de forma diferente. Vou explicar sobre a leitura.

Estou com déficit de atenção. Palavra bonita, que poderia simplesmente ter sido substituída por “leio um parágrafo, não lembro sobre o que li e abandono o livro”. E isso vêm me irritando, pois com a vontade de concluir os livros abandonados, veio também a pressão de ler tudo de uma vez. Como se eu estivesse em uma gincana na qual ganho o prêmio se mudar o status para concluído no meu Skoob.

Definitivamente, esse meu pensamento não estava funcionando, até que tive a brilhante ideia de ler apenas um por vez. E degustar, com calma, cada palavra, cada ensinamento… o tal do movimento Slow Reading (ler com calma). E então comecei por um livro que abandonei ano passado, mas que estava bastante animada com a leitura: How to Make Smart Notes, de Sonke Ahrens.

Além de estar organizando toda minha vida no Notion (assunto pra um outro post), criei uma espécie de biblioteca lá também, onde registro meus livros lidos e os que quero ler. A ideia é ter um banco de todos os livros que eu ler a partir de agora, com anotações, informações importantes (já parou pra pensar que raramente sabemos a cara do autor?) e divagações sobre a leitura que estou fazendo no momento.

Como anoto livros no notion

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Estruturei a página de cada livro do Notion pra que tenha um espaço pra foto do autor com seu nome, a estrutura do livro (capítulos) e minhas anotações. Se for livro físico, leio na minha bancada com meus marca-textos e lápis pras anotações. Se for digital, leio no mesmo lugar, com uma postura de estudos. E será um livro por vez. Apenas um.

Coloquei a meta da minha “gincana mental” de que, ao invés de ter o compromisso de concluir todos aqueles livros que abandonei, vou pegar cada um deles, reler, mergulhar nele e fazer um bom proveito.

Claro, cada um tem seu melhor jeito de leitura. Já fui aquela que lê muitas coisas ao mesmo tempo mas hoje não está sendo possível. Amanhã tudo pode mudar, mas uma coisa que aprendi (à força) é viver como o hoje permite.

Se você também está com dificuldade de atenção e não consegue ler como antes, experimente se comprometer mentalmente apenas com um livro. Pegue o que mais te motiva no momento e faça uma leitura lenta, profunda, anote as ideias como se você só tivesse aquele único livro na vida. Mudar meu relacionamento com o livro me ajudou bastante na concentração e claro, motivação pra voltar ao hábito da leitura. Agora, em modo mais slow, sem pressa, mastigando 10x cada palavra.

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Instagram: apenas seja você

Instagram: seja apenas você | Camile Carvalho

Vivemos sempre em busca da aprovação dos outros. O que postamos, o que falamos, e até mesmo – de forma insconsciente – a forma como pensamos também é influenciada pelo mundo externo. Será que nos comportamos da forma como  queremos nas redes sociais?

A busca pela aprovação do outro é muito comum na internet, principalmente o Instagram, o meu foco do texto de hoje. Há aquela sensação de que, o que venho a postar deve ser validado por likes, por corações, por comentários. Aos poucos, nos desconectamos da essência do compartilhamento de nossas vidas e passamos a compartilhar o que o outro espera de nós. Perfis com temas semelhantes passam a usar uma mesma forma de edição, criando uma identidade própria, um pertencimento a um determinado grupo. A individualidade passa a não ser mais valorizada devido a essa necessidade de encaixar-se, embora a vontade de destacar-se entre os iguais permaneça. É um eterno jogo entre o ~ fazer parte de um grupo mas ser diferente dele ~.

Como vemos por aí…

Se você é do perfil minimalista, edições bem claras são um requisito. Plantas, suculentas, uma mesa branca com um notebook sobre ela. Roupas em tons monocromáticos, listras, muitas listas nas camisas e assim uniformizamos pessoas que se encaixam no perfil minimalista. Saias coloridas e estampas? Não combina. Já, se você faz parte do grupo de studygram (uma classificação usada entre pessoas que publicam sobre seus estudos), sua letra deve ser impecável e sua mesa de estudos deve mostrar uma coleção exorbitante de marca-textos coloridos, mesmo que leve a vida inteira para usá-los.

As identidades vão se formando e cada foto postada no Instagram reforça um padrão. Os likes atuam como uma validação da estética usada e a mensagem em si, o diferencial de cada pessoa vai se deixando de lado. Por qual motivo a necessidade de aceitação em um determinado grupo é mais forte que a voz e personalidade de quem publica o conteúdo? Por que valorizamos determinadas estéticas entre os grupos? Por que buscamos pela homogeneização de um “feed organizado” fazendo com que tudo pareça muito igual a tudo que já vem sido publicado?

Vamos nos soltar dessas amarras? Desenvolver a criatividade é também dar um basta à pressão pela padronização de conteúdos. Ao colocarmos nossa identidade, nosso ponto de vista e criarmos algo que dialogue com o que pensamos e queremos mostrar ao mundo, a mensagem será mais facilmente transmitida. Aos poucos você vai criando sua própria identidade que é formado por tudo que você já viu e gostou, tudo que não gostou transformado pela sua subjetividade. Sim, você DEVE estar ali, presente no que faz. Vamos criar sem medo, colocar a nossa voz no mundo e não buscar imitar alguém que já faz sucesso?

Se você quer se destacar, não seja alguém que já existe. Seja você. Não procure se encaixar em um nicho deixando pra trás sua essência. Seja você o seu próprio nicho. Você é único e não há ninguém nesse mundo como você.