Categorias: Foco, Redes Sociais

Uma semana sem perder tempo no Instagram

A ansiedade, a impulsividade e o feed que nunca acabava

Foi num final de semana que percebi que estava com ansiedade. Rolava o feed do instagram buscando algo que eu nunca encontrava. Por minutos. Horas. Quando percebi que estava com um comportamento em relação às redes sociais que não estava me fazendo bem mas eu nada conseguia fazer pra mudar.

Eu estava presa, amarrada naquilo, com a ligeira impressão de que a próxima foto do feed alheio me traria alegria, o que nunca acontecia.

A verdade é que EU não estava bem e qualquer coisa que aparecesse na minha frente jamais seria a causa de uma felicidade repentina.

Encontrei perdido no meu iPad o livro Minimalismo Digital, que havia abandonado há um ano. Recomecei a leitura e, à medida que eu lia e revisitava minhas anotações, eu percebia que aquilo tudo que o autor Cal Newport relatava, fazia muito sentido pra mim.

O medo de perder algo importante (FOMO), a sensação de que vou encontrar algo bom se continuar rolando o feed, o falso pertencimento… e então, enquanto lia o livro, mais uma notificação me tirava da leitura e me fazia mergulhar num labirinto sem fim nas redes sociais.

Mas, o que eu estava fazendo mesmo?

Ah, sim! Lendo aquele livro…

Quando me desobriguei a postar no Instagram por uma semana

Julho de 2021, após finalmente ter concluído o livro, eu já me sentia melhor em relação às redes sociais. A ansiedade já estava controlada e eu mal pegava o meu celular durante o dia pra checar o feed. Mas algo me instigava a pesquisar mais sobre Minimalismo Digital, Mindfulness, concentração, saúde mental na internet em tempos de pandemia… e então, conseguindo respirar bem e com um olhar sereno, decidi me desobrigar a postar qualquer coisa no meu instagram por uma semana.

Não era um super desafio, visto que eu já não estava com aquela ansiedade do início do ano, mas ainda assim iria me tirar do lugar de conforto. Não me proibi de nada, não deletei nenhum ícone ou conta em redes sociais, apenas avisei que ficaria 1 semana meio offline pra meditações, reflexões, paz mental. E que estava tudo bem. E sim, sinceramente, eu estava bem.

A ideia era ficar de segunda a sexta usando a rede social de forma mais controlada e atenta. Observar meus passos e o que me levava aos comportamentos compulsivos, como abrir a rede social ao menor sinal de pausa no que eu estava fazendo. Eu queria ser o objeto da minha própria experimentação, me conhecer, entender os principais gatilhos que me faziam rolar o feed infinitamente.

E então eu fui desapegando, quase sem perceber. De vez em quando eu abria o Instagram, via os stories de algumas pessoas. Às vezes um assunto interessante, às vezes nada novo, apenas fotos aleatórias.

Pessoas trabalhando. Pessoas viajando. Pessoas respondendo perguntas. E então eu deixava o celular de lado. Está bom por hoje, nada novo.

Quando me comprometi a ficar de segunda a sexta sem o compromisso de produzir conteúdo, me conhecendo bem eu sabia que falharia no meio do caminho, talvez até mesmo antes de quarta. Mas, quando sexta feira chegou, eu quis prorrogar pra 7 dias, então voltaria na segunda. Mas, quando segunda chegou, eu não tinha assunto. Não havia elaborado ainda um post de “olha só, eu voltei” e nem sequer havia escrito sobre minha experiência. Eu simplesmente me desliguei de tudo isso.

Acabou o desafio? Acabou e eu nem vi…

E aqui estou, na terça-feira próximo à meia noite, escrevendo esse relato sobre minha experiência porque decidi que voltarei a postar. Voltarei a usar o meu instagram. Sendo que, sinceramente, acho que meu comportamento em relação às redes sociais vai mudar.

Nesse meio tempo li bastante livros sobre Budismo, comportamento humano e artigos científicos sobre Minimalismo Digital e saúde mental. Ideias pipocaram na minha mente quando fiz Mapas Mentais no papel com minhas canetas coloridas. Repensei minha vida acadêmica, temas para pesquisa e nem a minha espiritualidade foi poupada. Percebi que minhas certezas estavam fundamentadas em castelos de areia e que, não há nada de errado em simplesmente buscar uma base mais sólida.

Em uma semana ocorreu uma reviravolta na minha vida e, claro, não foi apenas por causa da pausa nas redes sociais, mas porque abri espaço pra pensar, refletir, indagar, falar comigo mesma, em vez de rolar o feed continuamente.

E assim acho que novamente embarco nos trilhos do minimalismo, do essencialismo, do mínimo viável para que eu possa viver em paz, com saúde mental, concentração e foco no que realmente é importante.

A partir de agora se inicia uma nova era na minha vida. Resgatando partes de mim que ficaram no passado, reconstruindo a imagem que tenho de mim mesma e tendo mais clareza sobre como quero ser vista e o que quero fazer nas redes sociais.

O mais importante é que quero usar as ferramentas que a internet proporciona ao invés de deixá-las que me usem e escorrer por seus ralos enquanto rolo o feed continuamente.

Categorias: Livros

Sobre a minha relação com os livros

Como curar sua vida | Camile Carvalho

Durante 2020 eu fiz de tudo: comprei livros compulsivamente e não conseguia sequer começar, me empolguei com grupo de leitura e abandonei o livro no primeiro capítulo, me organizei no Notion pra cumprir um cronograma de leitura o qual simplesmente desisti, doei quase metade dos meus livros etc.

Sinto que não tenho um relacionamento estável com os meus livros e isso sempre me incomodou, até que hoje, olhando pra um deles na prateleira, me fez refletir que talvez eu não precise me relacionar com OS LIVROS, mas sim com cada um deles de forma individual e diferenciada.

Ora, se com as pessoas é assim, por que não com os livros?

Tem livros que quero completar a leitura o quanto antes, de tanto que me empolgam. Há outros que abandono, sinto culpa… outros nem lembro que abandonei. E por aí vai.

Vou contar meu caso com o Você pode curar a sua vida, livro da foto acima.

Uma vez baixei em pfd por ter ouvido falar que era muito bom, transformador. Li no iPad algumas páginas e simplesmente esqueci que ele estava ali. Nunca mais abri e um belo dia, numa das faxinas digitais, deletei. Não mexeu nada comigo e nem entendi o porquê de terem me recomendado ou de eu ter baixado. Era apenas mais um livrinho de autoajuda cheio de frases bonitinhas e impactantes.

Isso deve ter uns 5 anos ou mais…

Pula pra 2021, pós fim de relacionamento, pós-depressão e pós-crises de ansiedade.

Navegando pelo Instagram, vi na foto de alguém que sigo esse livro sobre sua mesa. Me atraí pela capa, bem na identidade visual que gosto (risos) e fui perguntar que livro era aquele (juro, ele compunha muito bem o cenário, sou apaixonada por estética). Peguei a referência e lembrei que era aquele livro, que eu não havia dado nada por ele… mas algo me chamou a atenção. O título, talvez, de curar a própria vida, a autocura, justamente a palavra-chave que eu estava trabalhando em mim nomomento. Fui diretamente na Amazon e comprei.

Quando ele chegou, ficou ali por uns dias enfeitando a minha estante (já falei que ele é esteticamente bonito?). Eu queria ler, mas sentia que a experiência seria forte demais. Eu precisava estar preparada pra isso, até que uma bela noite, quando todos dormiram, sentei-me na minha escrivaninha, peguei meus marca-textos e lápis e embarquei na leitura.

Eu chorava a cada linha.

Nunca escrevi tantos insights sobre um livro quanto esse. Peguei papel em branco e comecei a fazer mapas mentais, coloquei meus pensamentos, descobri o perfeccionismo em excesso em mim, a autossabotagem, a falta de amor próprio (fim de relacionamento destampou isso em mim), a falta de rumo na vida, a sensação de perdida, de não pertencimento… tantas, mas tantas coisas que eu não conseguia parar de escrever.

Li, em uma única noite, 5 capítulos, parando no início do sexto por não me aguentar mais de sono às 2 da manhã.

Levei todas essas questões pra terapia, mostrei o mapa mental pra psicóloga, eu contava eufórica sobre tudo isso, como se tivesse descoberto coisas muito boas em mim. Na verdade, eu me entendi. Foi o clique que eu precisava no momento, o clique que me tirou da posição de vítima de mim mesma e dos outros pra compreensão de que eu tenho a capacidade de mudar.

Apenas 5 capítulos.

E nunca mais o abri novamente.

Se fosse antes, eu estaria ansiosa por tê-lo abandonado na minha prateleira mas hoje olho pra ele, ele olha pra mim e sorrimos. Ele cumpriu seu papel exatamente no momento em que eu precisava. Nem antes, nem depois, mas no momento certo. E sei que, um dia, teremos esse romance explosivo novamente. Ou não.

E foi aí que compreendi que cada livro tem sua própria personalidade e missão em minha vida. Cada livro se apresenta no tempo certo.

Categorias: Organização

Repensando como eu lido com minhas roupas

Eu tenho duas casas. Uma no Rio de Janeiro, que é o apartamento, e a nossa antiga casa de praia que minha família comprou quando eu ainda era criança. O fato é que a casa de praia que era usada apenas pra veraneio e passeios de fim de semana, com o tempo foi ganhando status de lar.

Porém, ao longo do tempo, essa casa foi montada com as coisas que não queríamos mais no apartamento. Compramos um fogão novo? O antigo vai pra lá. Comprei travesseiro novo? O velho vai pra lá. Comprei roupas novas? As que não quero mais vão pra lá… e aí que está o X da questão.

Hoje a casa se tornou a moradia dos meus pais. A pandemia adiantou o sonho deles de ficar por lá quando se aposentassem e hoje isso já é quase realidade. Mas voltando às minhas roupas, por qual motivo conto essa história?

Por causa disso: As roupas que não quero mais, vão pra lá.

Hoje, fazendo uma super arrumação no meu armário, percebi um comportamento que tive durante anos e que talvez tenha contribuído pra eu me sentir desmotivada a ir pra lá.

Quando faço uma arrumação por aqui, tenho em mente 3 categorias:

  1. Roupas que gosto, servem e vou manter no armário
  2. Roupas que estou em dúvida mas que acho que não usaria mais
  3. Roupas que tenho certeza que não quero mais e que posso doar

Claro, todas essas estão em bom estado. Roupas rasgadas ou que precisam de ajustes, coloco em uma categoria para conserto.

E então, qual roupa que levo pra casa de praia? As da categoria 2: roupas que talvez não usaria mais, só que ainda estou em dúvidas. Geralmente por algum apelo emocional ou por outras razões.

Então, qual o resultado disso tudo? No meu apartamento, minha moradia oficial, tenho um lindo armário planejado, com roupas que combinam entre si, que dizem exatamente quem sou e refletem o meu estilo. Roupas que me fazem sorrir ao abrir o guarda-roupas, ou na linguagem Kondoriana (Marie Kondo), peças que me trazem alegria.

Por outro lado, nem preciso dizer como me sinto com o guarda-roupas da outra casa, não é mesmo?

Sempre que chego lá e preciso me vestir pra algo, demoro pra encontrar peças que combinam entre si. Calça mostarda com blusa vermelha? Não. Calça verde com blusa azul? Não… até que acho uma combinação mais ou menos. E assim me visto, mais ou menos…

A resposta pra pergunta se isso me trás alegria é nitidamente um NÃO.

E qual estratégia decidi fazer hoje?

Hoje decidi desapegar das roupas da categoria 2. Aquelas que tenho dúvidas, que não sei ao certo se gosto ou não, que tenho um certo apego emocional mas que dá pra levar pra outra casa…

Foram todas pra sacola de doação.

E o que farei, afinal?

Quero ter apenas roupas que me trazem alegria também na casa de praia. Quero ter um armário reflexo de quem sou, tanto lá quanto aqui. Quero abrir as portas e gavetas e sorrir com a mesma alegria que sorrio aqui.

Decidi, então, manter apenas as peças da categoria 1, as que gosto, me fazem bem, me trazem alegria e refletem minha identidade. Ao final do processo, separarei em torno de 20% delas pra levar pra outra casa. Lá, farei o mesmo processo, desapegando de tudo que não reflete quem sou.

Lá é tão meu lar quanto aqui e merece ser tratado como tal. Merece o melhor, não mais o que eu não gosto ou as coisas mais ou menos, pelo menos em se tratando de roupas. Quero chegar lá e saber que posso me vestir de quem eu sou, a qualquer momento, sem me sentir pra baixo e desmotivada. A segunda casa merece tanto amor e carinho quanto a oficial, afinal, lá também é meu lar.