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Sobre a minha relação com os livros

Como curar sua vida | Camile Carvalho

Durante 2020 eu fiz de tudo: comprei livros compulsivamente e não conseguia sequer começar, me empolguei com grupo de leitura e abandonei o livro no primeiro capítulo, me organizei no Notion pra cumprir um cronograma de leitura o qual simplesmente desisti, doei quase metade dos meus livros etc.

Sinto que não tenho um relacionamento estável com os meus livros e isso sempre me incomodou, até que hoje, olhando pra um deles na prateleira, me fez refletir que talvez eu não precise me relacionar com OS LIVROS, mas sim com cada um deles de forma individual e diferenciada.

Ora, se com as pessoas é assim, por que não com os livros?

Tem livros que quero completar a leitura o quanto antes, de tanto que me empolgam. Há outros que abandono, sinto culpa… outros nem lembro que abandonei. E por aí vai.

Vou contar meu caso com o Você pode curar a sua vida, livro da foto acima.

Uma vez baixei em pfd por ter ouvido falar que era muito bom, transformador. Li no iPad algumas páginas e simplesmente esqueci que ele estava ali. Nunca mais abri e um belo dia, numa das faxinas digitais, deletei. Não mexeu nada comigo e nem entendi o porquê de terem me recomendado ou de eu ter baixado. Era apenas mais um livrinho de autoajuda cheio de frases bonitinhas e impactantes.

Isso deve ter uns 5 anos ou mais…

Pula pra 2021, pós fim de relacionamento, pós-depressão e pós-crises de ansiedade.

Navegando pelo Instagram, vi na foto de alguém que sigo esse livro sobre sua mesa. Me atraí pela capa, bem na identidade visual que gosto (risos) e fui perguntar que livro era aquele (juro, ele compunha muito bem o cenário, sou apaixonada por estética). Peguei a referência e lembrei que era aquele livro, que eu não havia dado nada por ele… mas algo me chamou a atenção. O título, talvez, de curar a própria vida, a autocura, justamente a palavra-chave que eu estava trabalhando em mim nomomento. Fui diretamente na Amazon e comprei.

Quando ele chegou, ficou ali por uns dias enfeitando a minha estante (já falei que ele é esteticamente bonito?). Eu queria ler, mas sentia que a experiência seria forte demais. Eu precisava estar preparada pra isso, até que uma bela noite, quando todos dormiram, sentei-me na minha escrivaninha, peguei meus marca-textos e lápis e embarquei na leitura.

Eu chorava a cada linha.

Nunca escrevi tantos insights sobre um livro quanto esse. Peguei papel em branco e comecei a fazer mapas mentais, coloquei meus pensamentos, descobri o perfeccionismo em excesso em mim, a autossabotagem, a falta de amor próprio (fim de relacionamento destampou isso em mim), a falta de rumo na vida, a sensação de perdida, de não pertencimento… tantas, mas tantas coisas que eu não conseguia parar de escrever.

Li, em uma única noite, 5 capítulos, parando no início do sexto por não me aguentar mais de sono às 2 da manhã.

Levei todas essas questões pra terapia, mostrei o mapa mental pra psicóloga, eu contava eufórica sobre tudo isso, como se tivesse descoberto coisas muito boas em mim. Na verdade, eu me entendi. Foi o clique que eu precisava no momento, o clique que me tirou da posição de vítima de mim mesma e dos outros pra compreensão de que eu tenho a capacidade de mudar.

Apenas 5 capítulos.

E nunca mais o abri novamente.

Se fosse antes, eu estaria ansiosa por tê-lo abandonado na minha prateleira mas hoje olho pra ele, ele olha pra mim e sorrimos. Ele cumpriu seu papel exatamente no momento em que eu precisava. Nem antes, nem depois, mas no momento certo. E sei que, um dia, teremos esse romance explosivo novamente. Ou não.

E foi aí que compreendi que cada livro tem sua própria personalidade e missão em minha vida. Cada livro se apresenta no tempo certo.

Categorias: Organização

Repensando como eu lido com minhas roupas

Eu tenho duas casas. Uma no Rio de Janeiro, que é o apartamento, e a nossa antiga casa de praia que minha família comprou quando eu ainda era criança. O fato é que a casa de praia que era usada apenas pra veraneio e passeios de fim de semana, com o tempo foi ganhando status de lar.

Porém, ao longo do tempo, essa casa foi montada com as coisas que não queríamos mais no apartamento. Compramos um fogão novo? O antigo vai pra lá. Comprei travesseiro novo? O velho vai pra lá. Comprei roupas novas? As que não quero mais vão pra lá… e aí que está o X da questão.

Hoje a casa se tornou a moradia dos meus pais. A pandemia adiantou o sonho deles de ficar por lá quando se aposentassem e hoje isso já é quase realidade. Mas voltando às minhas roupas, por qual motivo conto essa história?

Por causa disso: As roupas que não quero mais, vão pra lá.

Hoje, fazendo uma super arrumação no meu armário, percebi um comportamento que tive durante anos e que talvez tenha contribuído pra eu me sentir desmotivada a ir pra lá.

Quando faço uma arrumação por aqui, tenho em mente 3 categorias:

  1. Roupas que gosto, servem e vou manter no armário
  2. Roupas que estou em dúvida mas que acho que não usaria mais
  3. Roupas que tenho certeza que não quero mais e que posso doar

Claro, todas essas estão em bom estado. Roupas rasgadas ou que precisam de ajustes, coloco em uma categoria para conserto.

E então, qual roupa que levo pra casa de praia? As da categoria 2: roupas que talvez não usaria mais, só que ainda estou em dúvidas. Geralmente por algum apelo emocional ou por outras razões.

Então, qual o resultado disso tudo? No meu apartamento, minha moradia oficial, tenho um lindo armário planejado, com roupas que combinam entre si, que dizem exatamente quem sou e refletem o meu estilo. Roupas que me fazem sorrir ao abrir o guarda-roupas, ou na linguagem Kondoriana (Marie Kondo), peças que me trazem alegria.

Por outro lado, nem preciso dizer como me sinto com o guarda-roupas da outra casa, não é mesmo?

Sempre que chego lá e preciso me vestir pra algo, demoro pra encontrar peças que combinam entre si. Calça mostarda com blusa vermelha? Não. Calça verde com blusa azul? Não… até que acho uma combinação mais ou menos. E assim me visto, mais ou menos…

A resposta pra pergunta se isso me trás alegria é nitidamente um NÃO.

E qual estratégia decidi fazer hoje?

Hoje decidi desapegar das roupas da categoria 2. Aquelas que tenho dúvidas, que não sei ao certo se gosto ou não, que tenho um certo apego emocional mas que dá pra levar pra outra casa…

Foram todas pra sacola de doação.

E o que farei, afinal?

Quero ter apenas roupas que me trazem alegria também na casa de praia. Quero ter um armário reflexo de quem sou, tanto lá quanto aqui. Quero abrir as portas e gavetas e sorrir com a mesma alegria que sorrio aqui.

Decidi, então, manter apenas as peças da categoria 1, as que gosto, me fazem bem, me trazem alegria e refletem minha identidade. Ao final do processo, separarei em torno de 20% delas pra levar pra outra casa. Lá, farei o mesmo processo, desapegando de tudo que não reflete quem sou.

Lá é tão meu lar quanto aqui e merece ser tratado como tal. Merece o melhor, não mais o que eu não gosto ou as coisas mais ou menos, pelo menos em se tratando de roupas. Quero chegar lá e saber que posso me vestir de quem eu sou, a qualquer momento, sem me sentir pra baixo e desmotivada. A segunda casa merece tanto amor e carinho quanto a oficial, afinal, lá também é meu lar.

Categorias: Comportamento, Redes Sociais

Quanto vale o seu like?

Quanto vale o seu like? | Blog Camile Carvalho

Durante muitos anos, ainda quando eu cursava Especialização em Mídias Digitais, fui uma pessoa crítica e observadora do comportamento humano diante das Redes Sociais. Os anos se passaram e acabei mudando meu foco pra outro objeto de estudo. Depois de passar 2020 afogada em crises de ansiedade, segurando o celular para onde eu ia e checando as redes sociais de 5 em 5 minutos, percebi que apesar de todo o contexto de pandemia somado a outros motivos pessoais, eu não estava fazendo um bom uso das redes sociais.

E era sempre o mesmo: um minuto de pausa era o suficiente para pegar o celular, abrir o instagram e rolar o feed distribuindo curtidas a cada foto que eu via passar. Sim, eram fotos bacanas, eram pessoas queridas… Mas o que, de verdade, significa curtir uma foto? Que mensagem eu estava passando pra pessoa? E para mim?

  • A maioria dos likes são vazios.
  • São apenas um check de que passamos por ali.
  • Apenas um sentimento de aprovação, talvez… tal aprovação que o produtor de conteúdo espera.
  • Quanto mais likes, melhor.
  • Se eu tiver muitos likes, fui aceito. Fui validado.
  • Mas se eu não tiver muitos likes… meu post foi um fracasso.

Na pior das hipóteses, EU sou um fracasso.

Mas, entre mudanças de algoritmo das redes sociais (que faz sua foto aparecer pra pouquíssimas pessoas) e a vontade de mostrar nosso conteúdo, qual seria a solução? Talvez, um uso com mais intenção das Redes Sociais. Uma navegação desacelerada, consciente e de fato estabelecendo um contato com a pessoa que postou o conteúdo e que você admirou. Um tempo reservado apenas pra isso, como tiramos um tempo pra desfrutar de um livro. Estabelecer conexões reais. Seguir pessoas com as quais queremos estabelecer tais conexões. Seletividade…

Eu estou iniciando esse movimento por aqui. Pela minha saúde mental e pela valorização do conteúdo das pessoas que sigo. Se você leu até aqui, me conte sobre seu comportamento com as redes sociais. Você costuma apenas rolar o feed deixando likes ou gosta de estabelecer conexões mais profundas com quem segue?