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Uma reflexão sobre estudos e carreira

Uma reflexão sobre estudos e carreira | Vida Minimalista

Eu pensei que minha vida de estudante havia se encerrado aos meus 23 anos, quando recebi meu diploma de Medicina Veterinária. Apesar ter consciência, no último ano, de não pretender seguir na carreira e não ter ideia do que me esperava pela frente, tudo o que tinha em mente era conseguir um emprego bacana que estivesse relacionado a sites, escrita, fotografia, produção de vídeos e outras coisas que eu me dedicava como hobbie durante minha graduação – e que achava muito mais divertido que decorar cada sulco do cérebro.

Cursar uma segunda graduação, no entanto, estava fora dos meus planos. Depois de estudar por cinco anos, voltar a uma sala de aula não me parecia ser uma boa ideia, então, com alguns cursos de capacitação consegui um emprego em uma área que eu adorava: editora de vídeo de uma grande emissora. Em São Paulo. Arrumei meu mochilão e parti pra Terra da Garoa sem pensar duas vezes. Não sabia o que me esperaria pela frente nem tampouco sabia que aquele seria o momento de encerrar um ciclo e iniciar outro.

Na época cheguei a me sentir mal em pensar que eu era uma Médica Veterinária descolada da minha área, como uma derrotada que não tinha conseguido um emprego em sua área – pelo menos era desta maneira que alguns me viam – e me deixava influenciar pela opinião alheia. Naquela época eu não tinha a maturidade suficiente para assumir minha escolha, tudo ainda estava confuso, como uma crise de identidade profissional, se é que isso existe.

Depois de pesquisar diversas faculdades, tomei a melhor decisão da minha vida: iniciar uma segunda graduação em Comunicação Social (Jornalismo). Acredito que a escolha do nosso caminho profissional – teoricamente aquilo com o que iremos trabalhar para sempre – deve ser feita com muita cautela, maturidade e reflexão, e vejo que aos 17 anos estudantes se digladiam por uma vaga em uma universidade pública, e caso não consigam naquela área, buscam por outro curso com menos concorrentes. A meta é conseguir sentar nas velhas cadeiras de uma universidade pública, que embora bastante abandonadas quanto à estrutura, o ensino ainda é muito forte.

Vejo jovens amigos confusos se escolhem direito, letras ou administração. Outros que sonham com a Medicina, mas como é difícil, marcam na ficha de inscrição Medicina Veterinária, Biologia, Enfermagem, Biotecnologia… O que será deste aluno futuramente? Alguns se identificam com a escolha “no escuro” e acabam sendo realizados profissionalmente, mas outros, continuam com o sonho da Medicina, arrastando por anos, escondido por debaixo do tapete.

O que parece é que nossos jovens sequer conhecem direito as profissões disponíveis, e raramente vemos alguém determinado a entrar em algum curso porque sempre gostaram daquilo, já acompanham – talvez pelos pais exercerem – ou já tiveram experiência profissional. Muitos escolhem Medicina por status sem imaginar que, logo nos primeiros períodos, terá que enfrentar o Instituto Anatômico com seus baldes de pés e mãos submersos no formol. Outros ainda não sabem se querem Cinema ou Pedagogia ou, quem sabe, Turismo. O importante é passar em alguma.

O sistema de ingresso nas universidades públicas (ENEM/SISU) parece ter agravado este quadro. Vejo conhecidos se inscrevendo em um curso, mas quando descobrem que não vão conseguir, correm para mudar a habilitação para algo mais fácil e menos concorrido. O resultado disso são jovens orgulhosos ao passarem pelo portão de uma grande universidade, mas frustrados ao entrarem na aula de Língua Grega I, quando o maior sonho era abrir o livro de Teoria do Jornalismo. Não que um seja menos que o outro, mas são, sem dúvida alguma, áreas completamente diferentes.

Fico me perguntando o que fazer para orientar tais jovens, que vivem sob uma enorme pressão para ingressarem em uma universidade – de preferência pública – assim que saem do Ensino Médio. A nossa sorte é que o quadro está mudando e hoje já não é tão estranho deixar a Medicina Veterinária em busca do Jornalismo. Já não fazemos mais carreira para uma vida inteira, temos muito mais flexibilidade para pegar outra estrada no meio do caminho, mas deve ser extremamente frustrante ser pressionado a ingressar em qualquer curso, desde que seja em uma universidade renomada.

Queria saber a opinião de vocês sobre tudo isso. É importante que um jovem ingresse em uma universidade assim que termina o Ensino Médio? Ou seria melhor esperar um pouco para que tenha mais maturidade na escolha? Como lidar com a falta de orientação e a competição dos vestibulares? Deixo o espaço dos comentários abaixo para um debate.

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26 comentários

  1. Camile, ótima questão. Tenho uma filha de 14 anos, e esse debate está começando a acontecer aqui em casa. Daqui a uns anos ela vai precisar tomar uma decisão. Como sofri algo parecido com o que voce sofreu, nao vou pressionar minha filha a nada. Vou sim mostrar a ela que é importante ela seguir alguma coisa, sabendo que ela pode gostar ou nao. Mostrar que uma hora ela vai encontrar o que a fará feliz, seja ou nao na 1a. tentativa. O importante é seguir nossos sonhos. Nao espero que ela siga uma carreira que EU ache legal pra ela. Se ela no meio do caminho achar que nao está curtindo, nao vou interferir. Essa conversa será mais frequente aqui em casa nos proximos anos, entao preciso me preparar 🙂 Um abraço!

  2. Camile, ja falei muito sobre isso com meus amigos. Muitos jovens não tem maturidade pra escolher o que querem ao se formar. Eu mesmo nunca tive nada em mente até que ganhei o curso de administração. DETESTEI. Aí fui dando uma chance e percebi que combinava muito mesmo comigo, uma vez que eu gosto tanto de exatas quanto de humanas e acredito que administração seja um curso útil pra vida. Como você citou acima, hoje em dia não existe mais aquilo de “fazer uma coisa pelo resto da vida”. As pessoas mudam e que bom que se permitem tal mudança. Nossa vida é uma só pra não irmos atrás dos nossos sonhos. Muitos terminam o ensino médio sem ideia do que fazer (foi o meu caso tambem) e acredito que seja bacana fazer uns cursos nas áreas que mais temos interesse pra que possamos descobrir a nossa vocação.

  3. Olá, Camile. Estou começando a acompanhar teu blog agora e gostei muito desse tema. Eu realmente concordo que o adolescente não tem maturidade para escolher o que quer. E faculdade é algo muito extenuante para vc só descobrir que não gosta daquilo quando se forma. Eu passei por isso. Passei no vestibular para arquitetura e mesmo não tendo certeza resolvi continuar estudando, afinal, eu sofri muito para passar no vestibular. Mas conforme via que aquilo estava sendo uma tortura pra mim resolvi trancar. Comecei a trabalhar mesmo em coisas simples como lojas de roupas, só para entender como funcionava o mercado e minha relação com o dinheiro e só depois de um tempo descobri minha verdadeira paixão e voltei pra faculdade. O maior problema na minha opinião não é trancar uma faculdade ou estudar por 4 ou 5 anos algo que você nunca vai usar, mas sim a pressão colocada na cabeça do adolescente. Uma tortura sem sentido, já que a gente só se descobre com o tempo, não com um guia de profissões. Eu me senti muito pressionada em escolher uma carreira e quando tranquei me senti muito culpada, senti a reprovação de todos principalmente por verem que eu ia ficar um tempo sem estudar para focar no meu auto-conhecimento. Não encontrei muito apoio mas segui meu coração e não me arrependo em ter parado de estudar para me conhecer antes de encontrar uma carreira que eu realmente gostasse.

    1. Gostei do seu relato Eveline, estou nessa fase de auto-conhecimento.. é brabo das pessoas entenderam a importância disso pra vida. Diz aí, tá fazendo faculdade de quê?

  4. Olá Camille! Ótimo post. Sou formada em Letras Inglês (área que amo de paixão) e já dei aula para muitos alunos de áreas diferentes. Ao longo dos anos, notei que infelizmente muitos jovens ainda escolhem certos cursos por puro status. Certa vez, durante uma lição, perguntei para um jovem aluno médico o que ele faria se ganhasse na loteria. A resposta: nunca mais trabalharia. Então pensei: “Poxa, se o cara escolheu ser médico, não deveria amar cuidar das pessoas? Não foi por isso que escolheu essa profissão?” Pois é, parece que não. O resultado disso acaba sendo profissionais frustrados e, muitos vezes, ruins porque fazem aquilo que não amam. O que impera hoje é o dinheiro e o status, não a satisfação pessoal. O que é muito triste. Acho que trabalhar deve ser algo prazeroso, não apenas algo que nos permita pagar as contas, sabe? Enfim, quando eu tiver um filho, deixarei ele escolher uma profissão pela qual ele tenha paixão pois é isso que trará felicidade.

  5. Olá Camile, Boa Noite!
    Primeiramente gostaria de falar que acompanho sempre o seu blog e adoro suas postagens, são muito construtivas!
    Posso dizer que enfrentei esse dilema e talvez ainda enfrente um pouco dele nos últimos meses, quando terminei meu ensino médio e tive que fazer a escolha da universidade e respectivamente o curso a ser cursado, confesso que hoje vejo que essa é uma escolha que num primeiro momento para o jovem parece ser simples, mais com o tempo ela se mostra algo que exige muita mais muuuuita maturidade, ainda que nos tempos modernos de hoje a transferência de curso/trancamento seja muito facilitada e até comum entre nós universitários, A escolha da carreira deve ser baseada em aspectos exclusivamente seus ou seja: habilidades, aptidões, talento, paixão etc.. e não baseada em fatores externos como status, remuneração etc..Nessa hora a maturidade de fato conta como um agente esclarecedor impedindo a pessoa de cometer um equívoco no momento de escolher, parte disso também se deve à grande atmosfera que temos no mundo de hoje onde o ter e o ser passou é muito valorizado então nisso acabamos entrando naquele famoso ciclo: Engenheiras, Medicina e Direito. A orientação tem que se fazer se tornar algo muito mais presente e a conscientização de que a canalização da paixão, talento e dedicação independente do que será cursado o resultado será sempre o sucesso, o que envolve a quebra de muitos paradigmas desde a pressão familiar a até os estereótipos criados em salas de aula. E conforme disse no começo, qual escolha eu acabei tomando? Curso hoje Gestão de Turismo&Hotelaria e Administração de Empresas em uma faculdade privada no Rio de Janeiro , apesar de muito ter ouvido que seria má escolha minha seguir pelo turismo, ganharia mal, passaria fome e não ter “status”, posso dizer hoje que nunca estive tão satisfeito comigo mesmo e com a escolha que tomei baseada no meu talento e na minha paixão, e ainda no segundo período só da faculdade já faço estágio no Hotel 5 estrelas mais famoso do país e da cidade, externamente para algumas pessoas isso não representa nada, mais internamente isso representa tudo para mim, representa a minha satisfação e felicidade .

  6. Bom dia, Camile. Acompanho o blog e penso que esse assunto é muito importante. Durante quatro anos trabalhei como professora particular e ajudava os estudantes a ingressarem no vestibular. Sinto que a pressão, principalmente nos cursos como Medicina, é algo desumano. Não só o ritmo de estudo intenso, mas a exigência e auto-exigência que consomem a vida.
    Comigo foi diferente, eu nunca fui pressionada por ninguém. Escolhi a graduação e a pós-graduação porque era uma área de interesse que eu gostava, mas criei uma expectativa sobre ela até que no ano passado, quando a pós-graduação terminou, decidi que não era bem tudo aquilo que queria. No meu trabalho fui caminhando por adaptações e também me conduziu para repensar a vida nos aspectos de estudo/trabalho. Em momento algum pensei que foi tempo perdido, até mesmo porque ajudou a me construir e também desconstruir como pessoa.
    Talvez o mundo das especializações gere a ilusão de que devemos ser uma só pessoa com um só caminho, mas o mundo é múltiplo e durante o percurso somos levados a novas direções. Se eu comparasse como era quando comecei a faculdade e como sou hoje se formaria um abismo entre esses dois eus.
    Cada pessoa tem o seu próprio tempo, e mesmo que esteja decida sobre uma área, o que impede que algo lá no futuro não altere as concepções sobre as suas escolhas? Só sei que a pressão nunca ajudou. Acredito que faculdade é uma experiência importante, mas não última.
    O-que-você-vai-ser-quando-crescer não precisa realmente ser respondido como profissão. Mesmo que tenhamos feito graduação, pós, mestrado, doutorado o processo de formação é contínuo. Descobrir aquilo que se gosta, buscar cursos de interesse e arriscar, errar, mudar. Por que não?!
    Concordo com o comentário da Eveline. A gente não pode resumir a vida no guia de profissão nem na orientação vocacional.
    Por conta da pressão do vestibular os momentos das minhas aulas eram mais para acalmar o aluno do que o conteúdo em si. É uma pena que essa pressão conteudista comece cedo, principalmente nos colégios particulares. Por outro lado há flexibilidade e a possibilidade de novos rumos, o que permite que a busca não seja o fim.
    Texto inspirador de reflexões, Camile, parabéns.

  7. Pra mim há dois lados da história. Acho que não só a idade influencia, mas cada pessoa tem seu ritmo, suas necessidades, seu tempo de crescimento e amadurecimento, que pode sim vir aos 17 para uns e aos 25 para outros. Então o que pega é que parece que nos encontramos presos numa fórmula pré-determinada: escola, vestibular, faculdade, emprego, aposentadoria.
    Antigamente, quando não se tinha tanta opção de cursos e tal, muita gente seguiu essa fórmula e foi feliz, pois simplesmente não havia outra realidade fora dela.
    Hoje em dia, vemos uma explosão de cursos, de possibilidades; o nosso querer passou a ser considerado; o prazer virou um direito que todos temos e que devemos buscar. Com tudo isso, essa fórmula pronta sofreu abalos, engessou uma época que se mostra mais flexível. Mas ainda se mantém. Então vejo que os modelos que temos em nossa mente não acompanham o nosso tempo, e isso faz com que a pessoa que não queira entrar numa faculdade logo após a escola tenha que ter tudo muito certo, muito forte nela. A pessoa tem que ter personalidade e jogo de cintura para encarar um mundo que, apesar de diferente, ainda não se sente confortável fora da fórmula.
    Pra mim, é mais confortável romper com a fórmula após ter concluído a minha graduação do que ter rompido no meio dela ou até antes. Sei lá, confesso que me sinto mais confortável assim. Mas isso são os padrões que estão nas nossas cabeças e que (espero eu!) devem ser rompidos, transformados.
    Enfim, falei, falei e não sei se fiz sentido! hahaha!
    Gostaria que falasse mais da sua experiência numa segunda graduação.
    Beijos!

  8. “Acredito que a escolha do nosso caminho profissional – teoricamente aquilo com o que iremos trabalhar para sempre – deve ser feita com muita cautela, maturidade e reflexão, e vejo que aos 17 anos estudantes se digladiam por uma vaga em uma universidade pública, e caso não consigam naquela área, buscam por outro curso com menos concorrentes. A meta é conseguir sentar nas velhas cadeiras de uma universidade pública, que embora bastante abandonadas quanto à estrutura, o ensino ainda é muito forte.”
    é isso! Cara, como isso é opressor. Eu entrei com 17 em uma universidade pública, mas acho que deveria ter esperado mais. é errado cobrar de um jovem de 17 anos que ele saiba o que quer da sua vida e isso faz com que quase sempre a gente se perca mais do que se ache. Não é a toa que a evasão nas universidades é enorme também, muitos passam mais quando chegam, percebe que não é que gostariam.
    Concordo muito com esse texto.
    Como sempre, muito bom! 🙂

  9. Oi Camile, tudo bem?
    Quando eu tiver um filho e ele completar o Ensino Médio, vou ser a maior incentivadora para ele pegar uma mochila e viajar pelo mundo, conhecer novas culturas, ter novas experiências e abrir a cabeça. Por mais que alguns saibam desde crianças o que querem profissionalmente, acredito que a maioria é indecisa. Eu não me arrependo de ter cursado Jornalismo, mas eu tinha outra mentalidade na época e, se fosse hoje, não faria. Acredito que este é o principal problema, acreditamos que queremos algo, mas depois passamos por experiências, por situações diversas e acabamos por mudar nossas opiniões e crenças. Por isso acho que o melhor é dar tempo ao tempo e tempo a si mesmo. Quem está indeciso não deve começar qualquer curso, é perda de tempo e dinheiro. Outro problema são aqueles pais que querem decidir pelo filho. Poxa, cada um vive a sua vida e não tem coisa pior do que viver pela cabeça dos outros ou ser forçado a fazer o que não se tem vontade. De forma geral, creio que a sociedade como um todo, não apenas os estudantes, viveria bem melhor sem a contante pressão que vem de todos os lados.
    Beijos.

  10. Já no ensino médio eu sabia muito bem o que queria cursar, mas com certeza sou caso raro. Fiz um ano de um curso que acho até interessante, mas que não era meu foco. Deixei e hoje curso aquilo que gosto de fazer.
    Acho ridículo também cobrar de alguém com 17 anos o que quer fazer e acho que todo mundo deveria esperar até saber com certeza o que quer fazer na vida. Conhecer bem a si mesmo e meditar bastante ajudam muito a descobrir isso.

  11. Já tentei falar sobre isso várias vezes. Um jovem de 17/18 anos não está pronto para decidir o que quer fazer pelo resto da vida. Por incrível que pareça, eu nunca achei que seria interessante, pra mim, cursar Direito, apesar de todas as pessoas me falarem que seria uma boa escolha. Hoje, terminando o curso de Letras, estou mais empolgada pra começar Direito no próximo período do que pra terminar Letras também no próximo. Não me dei bem no curso. Trabalhar na área da Educação não é pra mim (o curso é Licenciatura). Ontem assisti a um seminário de Direito de uns colegas meus e fiquei totalmente encantada e apaixonada.
    O curso que vou começar agora, aos meus 23 anos, é bem mais interessante pra mim. Bem mais minha cara. É o que eu quero. É o certo… Letras foi apenas para ir contra as ideias da minha família e pra mostrar que eu poderia fazer bem o que eu gostava. Mal sabia eu que o curso de Letras serviria apenas para cortar algumas matérias do curso de Direito, rs.
    Minha irmã quer Veterinária. Ela tem 19 anos. Fez o vestibular pra Medicina aqui na UFES no ano passado e passou na primeira fase. Meus pais se sentiram o máximo achando que ela realmente queria Medicina. Eles não aceitavam a ideia de a gente escolher outra coisa a não ser Medicina, Direito ou Engenharia. Acho isso chato e é uma grande pressão.
    De qualquer forma, vou focar no que comecei falando e no que você comentou no texto. É complicado demais escolher uma profissão, algo pra fazer pro resto da vida, quando não temos maturidade suficiente. 18 anos não significa ter maturidade pra escolher o que queremos. É apenas nossa maioridade.
    Complicado…

  12. Eu terminei o ensino médio e engresseu na faculdade e em dois cursos tecnicos. Hoje não atual na área de nenhum desses cursos.

  13. Oi Camille! Sou leitora do seu blog há um bom tempo, mas hoje é a primeira vez que comento. Me enxerguei muito no seu texto, pois estou passado por uma crise de identidade profissional bem grande.
    Com 18 anos entrei em uma ótima universidade estadual para o curso de Farmácia. Nunca me identifiquei muito com o curso, mas sempre achava que ia melhorar com o passar dos anos. Foram 5 anos de faculdade, e 5 anos de descontentamento com o curso e a profissão. Mas nunca tive coragem de abandonar e fui levando.
    Logo que terminei a faculdade, ingressei em um residência em um dos principais hospitais do país. A residência, como vc deve saber, é um curso de pós graduação extremamente puxado. São dois anos intensos, e a carga horária é tão grande que sinto que minha vida tem girado totalmente em torno disso.
    Porém o meu descontentamento e desânimo pela profissão só crescem. Não me vejo fazendo o que faço hoje no futuro, não faço com tesão, não acho que tem a ver comigo.
    E o pior, também não tenho coragem de abandonar, pelo simples fato de que ainda não me encontrei na vida profissional, não sei o que quero realmente fazer, mas sei o que não quero.
    E pior ainda, quando tinha 17 anos fiz um teste vocacional com uma psicóloga, e foi de lá que veio a infeliz idéia de fazer Farmácia. A questão é que com 17 anos eu não era nada do que sou hoje, era outra pessoa, não tinha o auto-conhecimento que tenho hoje (com 25 anos).
    Essa sensação de estar empurrando minha própria vida com a barriga é devastadora, mas por outro lado, me sinto perdida e sem saber o que fazer, por isso vou levando..
    Resumindo, embora eu tenha alguns amigos que se deram muito bem com suas escolhas e estão super felizes fazendo o que fazem, não acho de forma alguma que adolescentes de 17 anos deveriam escolher o que fazer pro resto da vida. Acho injusto e cruel.
    Beijos!

    1. Oi Luise, entendo completament a sua frustacao pois eu tambem passei uma boa parte da minha vida professional questionando a minha escolha. Voce tem uma grande vantagem que e a sua idade, voce ainda e nova e pode procurar se encontrar profissionalmente. Eu estava estudando na UERJ literature brasileira e portugues quando apareceu a oportunidade de mudar para USA. Quando cheguei aqui tive que aprender ingles e procurar uma profissao, optei por enfermagem pq antes mesmo no Brasil tinha essa profissao em mente, sempre quiz trabalhar com pessoas, eram duas profissoes que me atraiam, enfermagem e professora. Entao fiz o curso de enfermagem aqui e comecei a trabalhar. Odiei, mas pq envesti muito tempo e estudo continuei. Tinha medo da profissao! Essa e a verdade! Entao optei por trabalhar em casos privados. Fui feliz por 10 anos pq trabalhava com duas criancas maravilhosas. Mas muita coisa mudou e comecei a trabalhar em asilo, o medo da intensa responsabilidade me domino denovo, e sempre pensava deveria ter seguido a profissao de professora, isso nao e pra mim…mas nao larguei! Este mes fazem 3 anos que trabalho num asilo eu simplesmento adoro tomar conta dos idosos! Conclusao, a sua escolha professional tem que partir de uma reflexao muito pessoal, dai, vem a realidade que mesmo fazendo o que vc gosta vai existir momentos dificeis no qual vc se questiona…mas isso nao significa q fez a escolha errada. Mas se fez, nao se lastime tanto! Vc nao tinha conheicimento ou maturidade para fazer a escolha certa! Agora descubra o que vc gosta, faca trabalhos voluntarios, relaxe e tenta se conhecer mais, vai levando sua profissao e descubra outros interesses, faca cursinhos, descubra sua aptdao em qualquer coisa, depois investe aos poucos. Procure focar em tudo que e positivo em sua vida, e aos poucos com maturidade vc acha o seu caminho! Pense vc so tem 25 anos e ja tem muitas conquistas feitas, so isso em si ja e algo muito positivo! Voce e extremamente capaz entao use isso a seu favor, e comece a explorar o vida que e ela e cheia de opcoes! Boa sorte !

      1. Obrigada pelas palavras de força Janete! É muito bom ouvir histórias parecidas e saber que “existe luz no fim do túnel” rss
        Abç

  14. Olha eu se tivesse que dar um conselho aos jovens de hoje direi de estudar para um concurso publico mesmo que seja para ganhar pouco e conseguir colocar um pouco de dinheiro na poupança, para depois decidir o curso. Eu fiz quimica mas hoje vejo que amo a economia e marketing….

  15. ALÔ, CAMILE! Acabei de conhecer teu blog. Li esse texto e dei uma lida por cima dos outros da home page, e já adorei. Sério, adoro quando as pessoas compartilham esse tipo de experiência/reflexão, porque sou uma dessas pessoas confusa que acaba de sair do Ensino Médio, sabe? E, por coincidência, também curso Jornalismo! Curso porque sempre quis cursar mesmo. E apesar de algumas frustrações que já tive de cara, toda vez que chega a parte prática, me derreto de amores pela profissão. Mas o seu exemplo, de terminar uma faculdade, fazer outros cursos e começar outra faculdade, simplesmente me deixa com a respiração mais tranquila. A pressão para escolhermos uma única coisa para fazer, supostamente, a vida toda, ainda é grande, mas naaaaaaada comparado com o que já foi. Espero que seja muito feliz nas suas escolhas, sério <3

  16. Oie,
    Adoro seu blog e achei essa postagem o máximo!
    Ano passado passei no curso de direito na UFBA, mas sinto que fui muito influenciada, não por mal, mas pelos professores, amigos, família, como se devesse fazer isso e “pensar rápido” para escolher minha profissão. O que eu sempre quis foi ter a minha independencia financeira e criar a vida que sempre quis (meu apartamento, minhas coisas <3). Quando entrei no 3º ano do ensino médio, essa era a minha visão, mas deixei me levar e muita gente me acha uma louca por ter desistido do curso, mas me sinto MUITO mais leve. Agora pretendo passar um ano na Europa (viajo em setembro), descobrir novas possibilidades, novas culturas e ver novas coisas. Acho que será enriquecedor. Estou pensando muito em seguir na área de arquitetura e urbanismo. Acho encantador, mas ainda é uma ideia que pretendo amadurecer.
    Beijos e ADORO o seu blog!

  17. belo post, eu acho que sim vale a pena esperar para se ter uma certeza do que se quer fazer da vida, muitas pessoas que vão ler pode me achar imaturo, tenho apenas 14 anos mas penso bem sobre a vida e acho que não adianta ter pressa, afinal todos nos vamos morrer um dia. Na vida o que vale e ser feliz, se você faz uma faculdade de arquitetura e o que você gosta mesmo e design você não vai se sentir realmente realizado pode ate se sentir como se você estivesse com o “dever cumprido” mas vc não vai estar feliz. Por isso você deve fazer o que te deixa feliz não os outros.

  18. Ainda não tinha lido este post, Camile, vi ele hoje e li em boa hora. Como você sabe me formei em Jornalismo, gosto demais da profissão, amo escrever, mas o mercado é realmente muito complicado, estou trabalhando em algo que não tem muito a ver com o que estudei, enfim… ando pensando em fazer outra faculdade e mudar totalmente de área. Penso em fazer Psicologia, mas junto com essa vontade surgem muitas e muitas dúvidas, medo, incertezas… é complicado. Gostei de ler o seu post, porque às vezes penso que é besteira fazer uma segunda graduação, que vou terminar a segunda faculdade muito “velha” (se fizer psicologia, com 28 ou 29 anos) e que é muito mais dinheiro investido em algo incerto, enfim. Por outro lado, acho que não é nada absurdo mudar de carreira, que mudanças fazem parte da vida e que um novo curso só irá me acrescentar conhecimento, e posso até unir as duas coisas (o Jornalismo e a Psicologia). Além disso, acho que hoje tenho muito mais maturidade para aprender e me dedicar do que quando tinha 17 anos e entrei na faculdade, sem nenhuma ideia do que era trabalhar.
    Gosto de ler histórias positivas sobre o assunto, me incentiva bastante. Qualquer dia, quando você tiver um tempinho, vamos conversar sobre isso 🙂
    Beijos!

  19. Interessante isto, quando entrei na universidade ainda não existiam sistemas de cotas nem prouni, sisu, e o enem não valia nada. Acabei entrando em uma UF ralando bastante, mas escolhi minha profissão pela baixa concorrência no vestibular.
    Com mais da metade dos meus colegas foi da mesma forma. Não por acaso, menos da metade dos ingressantes concluiu o curso. Tive a sorte de fazer escolhas certas durante a graduação, conseguindo um emprego na área logo após a formatura. Acabei largando este emprego por julgar que não era o que queria para mim. Mudei de setor ainda dentro de minha área de atuação, e comecei a fazer faculdade de letras (sou zootecnista).
    Não me identifiquei com o curso, e quando recebi nova proposta para atuar em minha antiga ocupação, não pensei duas vezes e aceitei de imediato.
    Ter essa crise profissional foi importante para ver que escolhi profissão certa. As vezes basta uma nova forma de encarar a profissão ou uma mudança de ambiente profissional para percebermos isto.
    Ainda gosto de ler e escrever, mas percebi que não preciso fazer de meu hobby profissão para me satisfazer. Me sinto realizado profissionalmente, visto que estou alcançando aquilo que eu almejava antes de sair da universidade.

  20. Olá, acho interessante essa reflexão, pois a pressão para entrarmos num curso superior logo quando saímos do ensino médio é realmente grande. Muitas pessoas que nem ao menos gostam de estudar acabam fazendo qualquer curso para satisfazer suas famílias, e não atingem a satisfação pessoal.
    Eu entrei para o curso de Relações Públicas na UFRGS quando saí do colégio, e depois do segundo semestre vi que o que eu queria mesmo era Enfermagem. Não vou dizer que foi um tempo perdido, pois aprendi muito, conheci mais o meio acadêmico e tal.
    Acho que não podemos ter medo de mudar. Minha mãe sempre dizia que se entrou, tem que terminar, porém o meu amor pela Enfermagem fala mais alto e por isso irei prestar vestibular de novo.
    Acho que a questão é que temos que nos conhecer melhor. A faculdade nem sempre é o caminho certo. Você entra se você realmente tem vontade de estudar.

  21. Vejo que não estou sozinha! Sempre quis fazer Veterinária, mas como estava com ansiosa para entrar na faculdade, optei pelo mais rápido e fácil, fiz farmácia! Desde o início do curso vi que não era o que eu queria para a minha vida, só que nunca tive coragem de largar tudo. Então me formei, e hoje me arrependo de não ter tido essa coragem. Faz quase 1 ano que estou formada, tenho 24 anos, só que depois da primeira graduação ninguém mais da minha família acha válido eu fazer uma segunda, mesmo todos sabendo que o meu sonho sempre foi a vet. E não é nada fácil ir atrás de um sonho desses sem apoio nenhum. Não tem um dia sequer que eu não pense sobre isso, já me sinto frustrada, desmotivada.

  22. Eu precisava muito ler algo como esse post (e os comentários). Por N motivos (que podemos resumir em: eu não quis de verdade), não fiz faculdade. Saí do ensino médio há vários anos e, mesmo com algumas tentativas e até cursando um curso por poucos dias, ainda não subi esse degrau na minha vida.
    Com 17 anos, eu meio que imaginava o que queria fazer e tive o apoio da minha família, mas não consegui passar numa federal e não tinha dinheiro pra pagar uma particular (não era tão fácil como hoje). Mesmo quando eu desisti de tentar, ninguém me culpou ou apontou o dedo também. Acabei prestando concursos e passei pra um, onde trabalho até hoje.
    Agora, a vontade de estudar voltou e sei o que gostaria de fazer. O problema é que me sinto velha e sem ânimo pra isso. E com muita preguiça. Imagina, passar 5 anos num curso que pode nem ser o que eu realmente quero? O medo de errar me paralisa um pouco. 🙁