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Threads: minhas primeiras impressões sobre a nova rede social do Instagram

Sobre a rede social Threads do Instagram | Blog Camile Carvalho - Vida Minimalista

Eu sou das antigas, habitei a internet quando tudo era mato e precisávamos capinar entre os apitos do modem conectando à meia-noite. Vi nascer e morrer muitas redes sociais. mIRC, ICQ, MSN, Orkut, MySpace… Lembro-me bem quando uma amiga minha que morava nos Estados Unidos me enviou um convite para entrar no Facebook. Eu estava morando em São Paulo, era o ano de 2009 e eu estava deitada na minha cama. Abri o meu pesado notebook e me cadastrei. Olhei aquele caos todo, não entendi nada sobre as cutucadas e não o acessei por um longo tempo. E hoje ele é O Facebook.

Eu confesso que estava um pouco descrente sobre essa nova rede social. Havia ouvido falar, apenas, e não demonstrei vontade alguma de me cadastrar. “Talvez eu entre apenas pra reservar meu username”, pensei comigo mesma.

Mas assim que vi o burburinho, não me aguentei e lá fui eu fazer o meu cadastro no Threads. Aliás, será que esse nome pega aqui no Brasil? Pois bem. Já estamos completando 48 horas de app (que foi lançado às 20h do dia 5 de julho de 2023) e eu tenho as minhas primeiras impressões como usuária e como entendedora de tecnologias da comunicação, área do meu mestrado. Então vamos lá?

Mas que caos essa timeline!

A primeira coisa que notei no Threads foi o caos da timeline. Assim como eu, tenho certeza que muitas pessoas ficaram incomodadas com posts de famosos entupindo a página principal. Eu não via quem eu havia escohido seguir, aliás, não conseguia encontrá-los em lugar algum do meu feed. A solução que encontrei? Sair silenciando todos os famosinhos malas os quais não suporto. Foi um trabalho chato, porém, aos poucos eu já não os via por ali.

A dificuldade de comentar no Threads

Já repararam na dificuldade de clicar no botão de comentar um post? Os ícones são tão pequenos e estreitos que precisamos fazer um esforço pra acertar o ícone e não clicar nos botões do lado. Não gostei disso. O principal, numa rede dessa, além do like seriam os comentários, mas achei que houve um deslize por parte da arquitetura da informação pra deixá-lo de difícil acesso. Mas com jeitinho, conseguimos interagir.

O que estou fazendo aqui?

Foi uma das perguntas que mais vi na timeline. Era um burburinho, uma empolgação, todos tentando descobrir como usar, que personalidade usar, sobre o que falar. Eu mesma digo a vocês, fiquei um tanto perdida tentando entender o formato, como aquilo ali funcionaria. Isso é bem comum quando uma nova rede social surge, mas o diferencial do Threads é que sendo uma cópia exata do Twitter, achei que ficaríamos todos menos perdidos nesse dia zero.

Threads puxou todo o banco de usuários do Instagram

Eu percebi isso. Meus stories não estavam entregando, meus posts também não. Não sei se foi por causa do público no app que estava concentrado na nova rede mas não acredito que isso aconteceria. Um adendo: houve uma comemoração sobre recordes atingidos desde o primeiro dia da rede social. Aliás, comemoração com alfinetadas, não é mesmo? Mas achei um tanto desigual, já que havia previamente todo uma base de usuários do Instagram que, com poucos cliques já era possível abrir a conta no Threads. Queria ver se não houvesse essa base prévia e se precisássemos todos fazer um cadastro do zero. Será que haveria recorde?

Como usar o Threads, afinal?

Eu ainda estou testando o Threads. Senti falta de já terem lançado para web, pois sinto-me mais confortável escrevendo pelo computador e deixando o app aberto enquanto faço outras coisas – assim como faço com o Twitter.

Eu acredito que quem chega primeiro em uma rede social nova pega os melhores assentos. Se já chegarmos com um propósito, podemos moldar a forma como usaremos o app. Nos primeiros dias, devido ao algoritmo ainda não estar calibrado, somos expostos a muitas pessoas de fora da nossa bolha já pré-formada nas redes já estabelecidas, o que faz com que a chance de expandirmos para além do nosso público seja grande.

É uma oportunidade para quem usa o Instagram com propósito profissional, de aumentar a base de seguidores, por meio da produção de conteúdo no Threads e o chamado para seguir no Instagram. Ali há uma janela de oportunidade que logo se fechará, com a consolidação do algoritmo, que passará a entregar os posts de forma mais nichada.

Se você quer se consolidar no Threads, a hora é agora.

Agora, me conta: você já está na rede social nova? O que está achando dela? Me conte suas primeiras impressões.

Ah, e sigam-me no Threads: @camilecarvalho

Categorias: Comportamento

O que eu ainda faço aqui?

Blog Camile Carvalho - Vida Minimalista | O que ainda faço aqui?

Eu sou uma pessoa extremamente dispersa. Para escrever esse texto, por exemplo, uso um programa chamado FocusWriter para manter a tela inteira apenas com o texto que estou escrevendo. Não uso Word, Evernote, Notion ou nenhum outro app. Eu preciso da tela em branco.

Sabe, eu tenho mesmo que tirar o chapéu para o nosso querido David Allen, o criador do Método GTD de organização pessoal. Uma das coisas que mais admiro e que é útil para mim nesse método é justamente saber tudo que preciso fazer em determinado momento da minha vida e, em vez de estabelecer prioridades para fazer cada projeto importante passar a frente de outro, simplesmente andamos com todos eles. Claro, há momentos em que temos um prazo e precisamos fazer escolhas, mas ter a visão clara de tudo que está acontecendo em vida foi a virada de chave na minha organização.

Como eu disse, minha distração me atrapalha demais e por isso me tornei uma pessoa organizada, sistemática. Sem isso, eu sequer conseguiria dar conta do mínimo. Eu já fui essa pessoa desorganizada, que deixava as coisas pra perto do prazo e terminava tudo sob “fortes emoções”. Erramos, tropeçamos, caímos e juramos nunca mais deixar as coisas pra cima da hora mas quando nos deparamos com um longo prazo, relaxamos e deixamos pra depois, já que não é pra agora. Mas é nesse momento que devemos mudar o nosso pensamento e justamente fazer agora para que não tenhamos ansiedade quando o prazo estiver apertando.

Ultimamente eu tenho revisitado muito o meu passado. Resgatei algumas ideias de projetos, revisitei memórias que antes me machucavam e percebi que muito em mim foi curado. Esse texto não tem um tema específico. Não vou te ensinar a se organizar e nem vou te ensinar nada. Eu estou aqui simplesmente pra sentir esse gostinho de casa faxinada depois de passar horas ajustando o layout do blog e voltando a um clima de antigamente, da época do Vida Minimalista.

Mas, por que, afinal, estou falando sobre tantos assuntos diferentes? Porque eles falam sobre o meu resgate a quem sou. Hoje, olho pra trás e tenho boas memórias daquela época dos blogs. Sinto saudades de quando eu escrevia e tinham muitas mensagens por aqui. Compartilhávamos fotos de organização de armário, do nosso dia-a-dia, de uma viagem… visitávamos os blogs uns dos outros, respondíamos comentários… mas hoje tudo foi lá pro Instagram. Eu não sei, há algo naquela plataforma que me limita. Eu simplesmente não consigo produzir conteúdo pra lá. É como se eu não conseguisse imprimir a minha alma naquele quadradinho.

Mas aqui sim. Aqui eu consigo escrever, como eu disse, nessa grande tela em branco na minha frente. Aqui consigo me expressar, despejar minha alma no teclado enquanto vejo as letras desenharem um lindo texto na tela. Lá não. Talvez eu só pudesse escrever um desses parágrafos devido à limitação do texto. Eu ainda tenho que aprender muito sobre aquele espaço lá mas talvez eu só esteja ficando velha mesmo. Velha pra chamar a atenção. Velha pra reels. Velha pra reclamar de uma plataforma enquanto eu escrevo pras moscas aqui. Mas vejam só, aqui, o que eu escrevo, fica. Lá, tudo se esvai.

E é por isso que eu continuo aqui. Mesmo que ninguém leia. Mesmo que eu comece falando sobre organização, David Allen e minha distração. Aliás, sobre o que eu ia falar aqui mesmo? Ah, já me distraí. Quem sabe em outro momento eu lembre…

Categorias: Genealogia

Em busca dos meus antepassados Sefarditas

Faz um tempo que eu não faço isso aqui: escrever textão. Na verdade, eu nem me lembrava sobre o que eu havia escrito na última vez em que cliquei “publicar” aqui no blog, mas foi vendo o que precisava ser atualizado aqui que me dei conta que eu havia prometido a mim mesma “passar a escrever bastante”. Falha minha, a vida foi acontecendo e eu me esqueci daqui.

Do começo do ano pra cá descobri algumas coisas interessantes sobre a minha família, o que me levou a começar um novo hobbie – que está ganhando uma proporção maior que uma simples diversão – logo após receber os resultados do meu exame genético do Genera.

Sabe, desde pequena eu tenho um fascínio, quase que uma fixação por culturas diferentes, embora eu não tenha viajado muito por aí. Me atraio, principalmente, pelas línguas e formas de diferentes povos perceberem que há alguém maior que eles, ou seja, a percepção do transcendente e suas organizações em religiões. Eu havia rompido com o catolicismo ainda adolescente e a minha primeira busca foi no Kardecismo, mas não encontrei muito fundamento naquilo e logo ampliei o meu leque estudando ao longo dos meus 39 anos sobre budismo, hinduísmo, brahmanismo, taoísmo, sikhismo entre outros.

Mas vou deixar o assunto de religiões para um outro momento. Hoje o foco é na genealogia.

Fiz o teste de DNA pelo Genera

Ao receber os resultados do meu teste genético, me deparei com 80% pertencente à Europa, divididos entre Portugal, Espanha, Finlândia (!), Alemanha e França. Outros 6 % vindo do Marrocos, Tunísia e Argélia. 12% de Judeus (Portugal, Espanha e Israel). Mas, como assim judeus? Será que teria alguma ligação com os Sefarditas que vieram logo após a colonização do Brasil, fugindo da inquisição? Mas, se meu DNA judeu viesse daquela época, em torno de 1500, não seriam 12%, não é mesmo?

Foi com esses questionamentos que comecei uma busca incessante e não tive outra opção a não ser começar, do zero, a criar a minha árvore genealógica.

No começo é desanimador. Afinal, quem vou colocar na minha árvore? Meus pais, avós, alguns tios… pergunto aqui, pergunto ali, um me diz uns nomes, outro diz que não lembra, outro fala que não quer saber daquele povo de lá (eita, nordestinos arretados!), mas não desisti. Sabe, acho que todos que querem estudar genealogia precisam entender algo antes mesmo de começar: isso exige paciência. Mas é lindo demais.

Criei minha árvore Genealógica no Family Search e no My Heritage

Criei minha conta no Family Search e no My Heritage e assim comecei. No Family Search conseguimos encontrar muitos documentos digitalizados de cartórios e paróquias, o que torna essa busca ainda mais encantadora. Na minha graduação em Medicina Veterinária, quando comecei a estudar radiologia, não enxergava nada numa radiografia, além de manchas brancas num fundo preto. Com o tempo, bastava olhar por alguns segundos e já identificava uma inflamação, uma calcificação etc. Mas, o que isso tem a ver com árvore genealógica? Tem a ver que quando lidamos com alguns documentos, à primeira vista a reação é rir e desistir, mas com o tempo acabamos pegando um documento como esse e lendo inteiro, já indo direto aos nomes que interessam. Isso é treinar o olhar!

Um exemplo de certidão disponibilizado pelo site Family Search. Com o tempo, acabamos nos acostumando com a letra.

O que eu achava ser impossível foi se tornando realidade. Consegui descobrir muitas informações sobre a minha família. Descobri a Hemeroteca Digital, na qual contém um acervo enorme de microfilmagem de jornais antigos, a partir do Séc XIX. Encontrei anúncios de trisavôs, abaixo-assinado de um pentavô contra o imposto sobre o fumo, minha bisavó passeando pela cidade e até mesmo o nascimento de uma filha da minha outra bisavó que ninguém da família sabia… sim, achei alguns casamentos que foram secretos, o que explica o silêncio da família sobre algumas pessoas. Mas isso tudo é a história das minhas origens, da qual tenho muito orgulho, afinal, são pessoas.

Irisman Fernandes Lacerda, minha bisavó por parte de pai. Jornal Gazeta de Leopoldina, 1918.
Francisco Theodomiro de Carvalho, meu pentavó por parte de mãe. Jornal O Piauhy, 1872.

Minha busca caía em detalhes. Precisamos estar muito atentos a datas. Cada detalhe acrescentado, ainda que irrelevante, pode ser a chave de alguns mistérios. Passei muitas madrugadas (e ainda passo) em claro, lendo letrinhas miúdas na tela do computador, tentando juntar x com y. E foi num dia desses, despretensiosamente, quando descobri que a tia do meu pai não se chamava Iná, mas sim Inah, que corrigi o nome e “deu match” com uma outra árvore já toda pronta. Quando aceitei a junção das árvores, mal pude imaginar o que estava acontecendo: minha árvore genealógica subiu tanto aos meus antepassados, que chegou ao ano 400, passando por Antônio Bicudo Carneiro, um judeu sefardita que veio para o Brasil fugido da Inquisição Espanhola e Portuguesa. Foi como encontrar ouro após uma longa jornada de busca.

Antônio Bicudo Carneiro, Judeu Sefardita

Eu não imaginava que chegaria até um judeu certificado pela CIL, o que me concederia a possibilidade de solicitar cidadania portuguesa por via sefardita. Isso sequer estava nos meus planos, mas a partir desse momento, a chave virou. A emoção de encontrar um judeu conhecido na história e sua descendência, ligá-lo à família da mãe do meu avô, isso tudo era real. Eu só via acontecer com os outros, mas é uma emoção indescritível. Algo mudou em mim, pois é muito diferente saber uma porcentagem num exame de DNA de ter ali, na minha frente, o nome, a história de uma pessoa real, que se não existisse, eu não estaria aqui hoje.

O sentimento que passei a ter foi de que eu não descobri essa informação por acaso. Creio muito que nada é por acaso e tudo está nos planos de Deus. Há um propósito até para as pequenas coisas, quanto mais com as grandes, como isso. Antes, eu apenas estava olhando para nomes já conhecidos e muito falados em minha família. Depois da descoberta, isso se tornou uma missão. Mas… missão de que?

Nem eu sei. Mas há algo a ser resgatado nessa minha busca.

Decidi mergulhar profundamente nessa busca

E foi a partir daí que comecei a entrar em contato com genealogistas, historiadores e rabinos. Tornou-se meu objetivo, uma missão pessoal, saber tudo o que for possível sobre o assunto. Devorei dois livros da Anita Novinsky em duas semanas e algo maior está se concretizando em minha vida. Há coisas na vida que são escolhas nossas, e que simplesmente arcamos com as consequências. Mas, há outras coisas, como o nosso passado, nossa história, nossos ancestrais, que simplesmente estão ali, queiramos ou não. A Verdade sempre está a nossa espera. Podemos fechar os olhos para ela e fingir que não existe, ou podemos simplesmente abraçá-la. Mas às vezes, ela fica num canto sem nos incomodar. Não é o que tem acontecido. A Verdade tem gritado, e gritado alto. Não há como fingir que ela não está ali.

Há muito mais a ser descoberto. Há um detalhe importante nisso tudo: Antônio Bicudo é um dos judeus sefarditas certificados pela CIL, mas não é o único que aparece na minha árvore. Na verdade, são muitos, que mal consigo mapear. Outro fato é que ainda não consegui subir mais a árvore genealógica por parte da minha mãe, tenho achado a pesquisa pelo Nordeste mais truncada, diferentemente de Minas Gerais e Estado do Rio de Janeiro. Ainda há muito a ser desvendado.

A busca continua, mas uma parte de mim já não é mais a mesma de antes de todas essas descobertas. Eu quero saltar pra abraçar a Verdade, mas ainda estou quietinha, de olho nela. Sei que não vai fugir dali, pois o que é, sempre é, por toda a Eternidade.

Logo contarei mais sobre essa minha saga. Prometo atualizar com mais frequência.

Me conta, você conhece as origens da sua família?