Lembro-me bem da minha infância e adolescência. Eu era uma apaixonada por tecnologia. Sejamos mais claros: eu era uma nerd. A primeira feira de informática que eu participei foi na escola e eu tinha por volta dos meus 13 anos. Foi em um sábado e passei meu dia inteiro conhecendo impressoras matriciais e conversando com os meninos de óculos-fundo-de-garrafa. Eu realmente gostava daquilo.
Tivemos um pager, tivemos um celular tijolo, e quando meu tio voltou do Japão, fiquei encantada com seu celular novo, adquirido na terra do sol nascente. Enquanto ele contava a viagem aos meus avós, eu me divertia com aquele aparelho do futuro, que tinha a opção de vibrar ao invés de tocar.
E assim cresci, acompanhando o desenvolvimento tecnológico, deixando de ir aos encontros das amigas que ensaiariam Spice Girls pra ficar em casa fazendo site no Geocities ou Kit.net, absorvendo cada novidade que o mundo tecnológico proporcionava. Mas minhas férias eram no mato, em uma cidade praiana do RJ que ainda não tinha nem padaria e faltava mais luz do que tinha de mosquito. Eu sempre soube equilibrar bem minha vida
Com o tempo fui aprendendo sobre o minimalismo, em não acumular o que não me serve mais, em desapegar daquilo que outros precisam mais que eu. Mas… e meus gadgets tecnológicos? Onde está o limite do minimalismo e dos celulares, tablets e computadores?
Na minha opinião, não existe uma regra. Uma coisa é você ter um celular com várias funções, como é o meu caso e utilizar diariamente a câmera, o bloco de notas, o Evernote, Dropbox, responder a um e-mail e planejar suas atividades no calendário. Outra, totalmente diferente, é você ter um celular da moda por status, funcionando e desejar o próximo lançamento só porque todos vão comprar.
Eu sou uma apaixonada por tecnologia e poderia desejar os últimos lançamentos de tudo. Mas não, enquanto meu notebook, meu celular e meu kindle me servem bem, não preciso sonhar pelos lançamentos. Eu estou satisfeita, contrariando a tendência do marketing, que nos incita a descobrir um motivo de insatisfação no que temos e desejar o que eles têm a oferecer. Minha pergunta é: Se quando eles me venderam aquele produto, me disseram que era o melhor do mundo, por que agora ele não presta? Ganha um doce quem me responder.
Minimalismo não possui regras. Não existe menos minimalismo ou mais. Não existe um vencedor, não existe sequer competição. Há o bem-estar. Se você tem 100 roupas no armário e usa 10, você precisa rever seus hábitos de consumo, pois provavelmente é um acumulador. Mas se você tem 100 roupas no armário e usa as 100, parabéns, você sabe aproveitar o que tem. Não é a quantidade, mas o uso que fazemos do que temos.
Desta forma respondo um questionamento recorrente: Ter gadgets tecnológicos é ir contra ou a favor do minimalismo? Depende do seu uso. Se você tem um iPad apenas por status, acho que é um desperdício de dinheiro. Mas se você tem um iPhone e usa diariamente suas funções, te livrando de carregar uma dúzia de tralhas na mochila, parabéns, você conseguiu encontrar uma solução.
O minimalismo deve ser aplicado de acordo com as necessidades de cada um, pois não há uma fórmula. O que pra mim funciona, pode não funcionar para você. Cabe a cada um descobrir a melhor forma de se adaptar, principalmente às novas tecnologias.
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Camile, adorei a sua reflexão e concordo plenamente. Não há uma regra para o minimalismo. Pra mim, o minimalismo é viver com o que é essencial pra mim, de acordo com o meu estilo de vida. Posso ser uma aficcionada por tecnologia e não ter muitas roupas. Pra mim a ideia é focar no que é essencial e fazer o bom uso disso.
Isso aí! Esse é o espírito da coisa. Cada um com suas características individuais, sem regras 🙂
Concordo com você! Passei um tempo sem smartphone (depois de dois anos usando), foi maravilhoso e me ensinou muitas coisas, mas já estou de volta à vida de smartphone.
Percebo que não sou mais tão preso ao celular quanto antes e o uso para diversas coisas úteis (notas, câmera e apps que melhoram a minha vida (como o Lift, Calm e Yog).
Eu tenho apenas duas páginas de apps no meu iPhone, não jogo e quanto à redes sociais, apenas uso o Twitter (poucas vezes por dia).
Ah! Whatsapp é um excelente app para mensagens, mas uso o mínimo possível.
Deve ser estranho depois de muito tempo usando smartphone, ficar sem ele, mas tudo é um aprendizado. Antes não tínhamos a necessidade e sobrevivíamos, né? Mas que eles ajudam, ajudam 🙂
Concordo! Tbm já tive smartphone e fiquei sem (qdo o coitadinho caiu na privada e eu, sem grana e precisando ficar “comunicável” urgente, comprei um “simplesinho”). Tem sido bom pra mim, pq tenho tendência a me distrair demais e perder o foco das coisas importantes. Mas os eletrônicos podem ajudar a simplificar a nossa vida de mtas formas diferentes… E minimalismo não é justamente simplificar a vida?
Tava precisando ler isso hoje. Eu fico questionando se meu gosto por comprar roupas é um anti-minimalismo, mas como você disse: se eu estou usando, não tem porque me incomodar com esses questionamentos.
Obrigada Camile! 🙂
Perfeita colocação! 🙂