A onda do minimalismo está aí. Podemos perceber pela internet o crescimento de blogs, perfis no Instagram e vídeos sobre o assunto. Quem nunca viu fotos em preto e branco e armários-cápsula padronizados, sem cores? Mas será que pra ser minimalista precisa mesmo seguir esses padrões estéticos? E se eu gostar de cores? Não poderei me considerar minimalista?
Há alguns pontos importantes de se elucidar. Nesta última semana, pipocaram posts em blogs falando sobre armário-cápsula, minimalismo e a padronização de fotografias, e uma reflexão se isso estaria tirando a identidade da pessoa, e há alguns pontos que achei legal trazer aqui pro blog pra debatermos. Vamos lá?
1 | Estilo de vida minimalista não é o mesmo que estética minimalista
Este é um ponto-chave para começarmos a nos entender. Optar por uma vida minimalista significa deixar de lado aquilo que não combina com você e se dedicar àquilo que te faz bem. Se seu armário não traduz sua personalidade pelo fato de você ter passado anos comprando por impulso, é bom sim fazer um declutter para tentar se encontrar em meio ao caos. Isso significa que talvez você não seja uma pessoa de listras preto-e-branca e que doe todas as suas roupas neste estilo.
Você pode ser colorida, floral, de bolinhas roxas e amarelas e está tudo ok! O importante é você se olhar no espelho e ficar feliz, em paz com quem você é. Minimalismo não é usar preto e branco se você continua no consumismo desenfreado com a finalidade de montar um guarda-roupa assim. Mas, se este é seu estilo, tudo bem também! A Jess, do blog Caos Criativo, por exemplo, se encontrou no preto e branco e é feliz da vida!
O mesmo podemos dizer para a decoração da casa. Ter móveis monocromáticos pode ser lindo para alguns e frio demais para outros. Uma vida minimalista te faz olhar ao seu redor e desapegar de tralhas, coisinhas e objetos que não têm nada a ver com sua personalidade. Se você AMA sua casa florida, colorida e móveis rústicos de madeira, ótimo! Afinal, vida minimalista não tem a ver com estética minimalista, embora possam se encontrar em alguns casos. Mas não há regras.
2 | Encontre sua personalidade
Sempre bati na mesma tecla aqui no blog: busque se conhecer. Elimine o que não faz parte de sua vida, sua história e o que te faz mal. Tente ouvir sua voz interior, saber do que você realmente gosta. Liberte-se das amarras, de memórias ruins do passado, de pessoas que te sugam, de objetos que não traduzem sua essência. Use o minimalismo para chegar ao essencial, jamais menos do que você precisa. Comece devagar, aos poucos, e a cada passo aprenda. Minimalismo não é uma finalidade, mas um caminho (longo) de autoconhecimento.
3 | Minimalismo – menos consumismo
Como falei no item 1, de nada adianta decidir “se tornar minimalista” se o seu próximo passo é se jogar num shopping para mudar todo o seu guarda-roupa. Pare e reflita o que você pode aproveitar e o que você pode passar adiante. E lembre-se sempre, as roupas e objetos que você doa já fizeram parte da sua vida. Não os trate como lixo, com desdém. Muito pelo contrário, seja grato e tenha em mente que aquilo servirá para alguém.
4 | Sustentabilidade
Há uma frase que circula a internet e que volta e meia aparece no meu feed: “em se tratando do planeta Terra, não existe jogar lixo fora“. E é a mais pura verdade. De nada adianta fazermos um super declutter e aliviarmos nossa casa das tranqueiras, se jogamos tudo no lixo. Precisamos ter a consciência de que no momento em que compramos algo, somos os responsáveis pelo seu destino final. Não quer mais algo e a única opção é o lixo? Tente reciclar. Em último caso, que não haja como reciclar nem reaproveitar, tudo bem. Mas na próxima compra, reflita se realmente precisa comprar aquilo e qual será seu destino final.
5 | Armário-cápsula
Fiz um post aqui falando sobre minha ideia de criar um armário-cápsula. Como já estava nessa vibração do minimalismo, não fiz muitas mudanças. Doei umas peças que ainda restavam (de compras impulsivas), adquiri outras que iriam abrir um leque de possibilidades de combinações novas (roupas de cores neutras, por exemplo), e não mexi mais nele. No conceito do armário-cápsula há uma divisão de roupas de acordo com as estações, o que não funciona no meu caso por dois motivos:
#1 Moro no Rio de Janeiro e tem dias do inverno que faz 34ºC e
#2 Não tenho espaço suficiente para armazenar roupas que não estão em uso. Aqui tenho duas divisões no meu guarda-roupas. Em uma delas, a menos usada, ficam meus casacos e vestidos mais arrumados e na outra ficam minhas roupas do dia-a-dia. Só.
6 | Busque sua identidade
Não é porque algum blogueiro famoso ou personalidade de algum lugar está usando tal roupa / layout / estilo fotográfico / etc. que você deve usar também. Isso nada tem a ver com minimalismo, mas com cópia. Você não precisa copiar ninguém, apenas busque se conhecer e tentar entender o porquê de gostar de tais cores ou estilos. Se sua identidade é ser colorida, mas você quer algo clean, tente adicionar cores na sua vida (leia-se roupas ou decoração) de forma que o espaço não pareça confuso. Dá pra ser você mesmo eliminando os ruídos, ou seja, as distrações que não combinam com você.
7 | Cuidado com a comercialização do minimalismo
Já está claro que o minimalismo chegou com tudo, não é mesmo? Mas, será que isso é bom? Será que com a “moda” do minimalismo, seu sentido verdadeiro não estaria se desvirtuando? Vamos ficar atentos a isso. Atentos se em alguns casos não estão querendo comercializar este conceito apenas para venderem mais, assim como ocorre com os produtos naturais e “de bem com a natureza”.
Já repararam que algumas embalagens de produtos foram trocadas por papel reciclado (ou pelo menos marrom)? Só pra dar aquele ar de “eu cuido do planeta“? Vamos ficar em alerta também em relação a como o minimalismo está sendo colocado para nós. O ideal é sempre tentarmos fazer compras conscientes, e não se deixar levar por rótulos, seja ele minimalismo, ecologia, sustentabilidade entre outros.
Se você quer ler mais sobre esse debate “minimalístico” pela internet, recomendo ler os seguintes posts:
» Precisamos falar sobre minimalismos | Babee
» O minimalismo te fez perder a personalidade? | Teoria Criativa
Se eu pudesse dar algum conselho a vocês, seria: busque sua essência, seja você mesmo e viva sempre no caminho do meio.
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Camile, este artigo era indispensável, é dos melhores que li na tua página.
Esta consciência constante, bem como o que sentimos e a sinceridade com o que somos são sem dúvida as principais caracteristicas para que a filosofia do minimalismo (sobre ter o essencial, dar proposito as coisas, etc…) seja plena. Grata por pessoas como nós, que não julgam e sorriem em silencio ao que vai surgindo regularmente nas redes sociais e na midia. Um bom fim de semana para ti! 🙂
Fátima Teixeira
http://Www.musicacomcafe.net
Camile, também notei a semana pautada de posts sobre a padronização do minimalismo e também escrevi sobre o engano de se pensar que armário cápsula é armário branco-e-preto [http://www.pilulasdemoda.com.br/2016/04/vamos-repensar-minimalismo-blogs-e.html].
Bom saber que estamos na mesma página! Beijos <3
eu não tinha visto o sue post, porque acho que não tenho esse seu blog no bloglovin! O_O como assim? depois da nossa conversa no twitter, eu vim aqui conferir.
como eu disse, acho que o assunto é válido e importante. Você foi a pessoa que me introduziu no minimalismo e acompanho sua trajetória desde então, sempre de forma muito mediada e enriquecedora. mas sou bem honesta em dizer que não vi muito disso na semana passada. Em alguns blogs os comentários refletiam as deixas que algumas autoras deixaram, comentários bem esquisitos julgando as preferências alheias.
Eu concordo com tudo que você pontuou na postagem. E discutir a essência do minimalismo é muito válida e importante. mas tem gente que confunde demais essa coisa da filosofia minimalista com a estética e acaba juntando as coisas, seja para glorificar, seja para criticar. De repente houve uma enxurrada de gente dizendo que o minimalismo veio acabar com a personalidade das pessoas, quando na verdade o mundo sempre foi padronizado, o “minimalismo” só deixou mais evidente isso.
Eu li muita coisa útil, muita coisa nem tanto. Estou meio saturada do debate, mas continuo achando ele válido.
Me incomoda quem queria atacar pedras no outro, porque acho que o caminho é percorrido com erros e tropeços e todo mundo tem teto de vidro. Foi o que eu disse no twitter, muita gente preocupada com a falta de originalidade das pessoas, mas sem fazer a auto critica que estava reproduzindo isso de alguma forma. Todos incorremos em momentos de reprodução de algo, porque somos influenciados. Entender isso e tentar seguir um outro caminho é o que importa ao meu ver, criticar o coleguinha, só obscurece a visão do nosso caminho.
mas muito obrigada mais uma vez por um belo texto e uma reflexão maturada. porque é isso que precisamos no mundo. debates, não ataques.
Muito bom esse artigo. Recentemente adquiri duas peças coloridas de roupas e fiquei um pouco na dúvida se estava sendo minimalista, mas agora tenho certeza que realmente não são as cores, não são as quantidades, é mais do que isso. É uma questão de conscientização mesmo.
Oi Camile, tão bom poder voltar aqui e ler isso!
É realmente o que penso. Chega de modismo e vamos procurar nossa essência.
É difícil entenderem isso, mas você elucidou muito bem a ideia de minimalismo!
Acho que já leu ou ouviu falar da Marie Kondo, ela trás em seu livro justamente a ideia de que: não trate mal os seus objetos eles foram e podem ser úteis de outras formas.
Depois que comecei a trilhar meu caminho no Minimalismo – focando no essencial – nunca mais fiz compras supérfluas e tenho me sentido tão livre, tão leve, não olho mais para minhas contas e penso: “Onde gastei esse dinheiro?” Não entro mais em um shopping e fico ansioso por querer compra um monte de coisas!
Fazem quase três anos que venho praticando e aprendendo os conceitos, e seu blog sem dúvida me ajudou e ajuda muito com isso.
Beijão!
Comecei uma série sobre minimalismo no meu blog, começando pela decoração da minha casa. Passa lá.
Bj e fk c Deus
Nana
http://nanaeosamigosvirtuais.blogspot.com