Esse vídeo está circulando pelo Facebook e quando o assisti, pensei em compartilhar aqui no blog para que outras pessoas também possam vê-lo. Vale a pena refletir sobre a que tipo de prisões estamos submetidos, principalmente mulheres (sem, porém, excluir homens que também estão sujeitos a imposições da sociedade). Para quem não puder assistir ao vídeo, fiz a transcrição para que possam acompanhar a palestra:
Como a mídia afeta as mulheres (matando-nos aos poucos)
As vezes as pessoas me falam: “você tem falado sobre isso há 40 anos. As coisas melhoraram?” E infelizmente tenho a dizer é que as coisas pioraram.
Anúncios vendem mais que produtos: eles vendem valores, imagens… vendem conceito de amor e sexualidade, de sucesso e, talvez o mais importante, conceitos de “normalidade”. Consequentemente, eles nos dizem quem somos e quem devemos ser.
Bom, e o que os anúncios nos dizem sobre as mulheres? Eles dizem, como sempre disseram, que o mais importante é como somos vistos. A primeira coisa que os anunciantes fazem é nos cercar com uma imagem da beleza feminina ideal.
As mulheres aprendem desde pequenas que devem gastar uma quantidade enorme de tempo, energia, e acima de tudo dinheiro, esforçando-se para alcançar esta imagem e sentem vergonha e culpa quando falham. E a falha é inevitável, pois o ideal é baseado na absoluta impecabilidade. Ela nunca teve linhas faciais ou rugas, certamente não há cicatrizes ou manchas. De fato, ela não tem poros. E o aspecto mais importante é que esta impecabilidade é impossível de se alcançar. Ninguém é assim, inclusive ela. E esta é a verdade, ninguém é assim.
Cindy Crawford sem e com maquiagem ^
A supermodelo Cindy Crawford disse uma vez: “eu gostaria de parecer a Cindy Crawford”. Ela não é nem poderia ser, pois esta é uma imagem criada durante anos de maquiagens e cosméticos, que hoje são facilmente feitos por retoque digital. Keira Knightley recebe um busto maior. Jessica Alba feita menor. Kelly Clarkson… bem, esta é interessante, pois diz “emagreça do seu jeito” mas ela de fato emagreceu via Photoshop.
Kelly Clarkson sem e com Photoshop ^
Você praticamente nunca viu a foto de uma mulher considerada bonita que não tenha sido retocada digitalmente. Todos nós crescemos em uma cultura onde o corpo das mulheres são constantemente transformados em objetos. Aqui ela se torna uma garrafa de cerveja, aqui se torna parte de um videogame e está em todo lugar, em todo tipo de anúncios, o corpo da mulher é transformado em coisas, em objetos. Agora, é claro que isso afeta a autoestima feminina. Isso também faz algo mais insidioso: cria um clima em que se difunde a violência contra a mulher.
Não estou dizendo que um anúncio como este causa diretamente a violência, não é tão simples. Mas tornar um ser humano em um objeto é quase sempre o primeiro passo que se dá para justificar a violência contra ele. Vemos isto com racismo, vemos isto na homofobia, vemos isso com o terrorismo. É sempre o mesmo processo, a pessoa é desumanizada e então a violência se torna inevitável. E este passo já foi e é constantemente dado com a mulher. O corpo da mulher é desmembrado em anúncios, cortado em pedaços, apenas uma parte do corpo é focada, que obviamente é a coisa mais desumanizante que se pode fazer a alguém.
Em todos os lugares, vemos o corpo da mulher transformado em coisas, e muitas vezes, apenas parte de alguma coisa. E as garotas hoje estão captando esta mensagem tão jovens… que elas precisam ser impossivelmente lindas, quentes, sexy e extremamente magras, e também captam a mensagem que vão falhar, que não há meios para se atingir isso. As garotas costumam se sentir bem aos oito, nove, dez anos, mas quando chegam a adolescência, é como se atingissem uma parede. E certamente, parte desta parede se dá por essa ênfase à perfeição física.
Agora veja, nós temos epidêmicas disfunções alimentares em nosso país e também ao redor do mundo. Eu venho falando sobre isso há algum tempo e penso que as modelos não podem ficar mais magras, mas elas ficam cada vez mais e mais magras. Ana Carolina Reston morreu há um ano de anorexia pesando cerca de 40 quilos. E na época ela ainda desfilava. Então, as modelos realmente não podem ficar mais magras. E aí o Photoshop veio ao resgate.
Entretanto, existem exceções. Kate Winslet fez uma declaração sobre a recusa em permitir que Hollywood ditasse o seu peso. Quando a revista GQ publicou uma fotografia de Winslet, que foi retocada para fazê-la parecer drasticamente mais magra, ela afirmou que a alteração foi feita sem o seu consentimento. E ela disse: Eu não sou assim e, mais importante, eu não quero parecer assim. Posso dizer que eles reduziram o tamanho de minhas pernas por 1/3.
Então, o que podemos fazer sobre tudo isso? Bem, o primeiro passo é ficarmos em alerta e prestarmos atenção e reconhecer que isso afeta a todos nós. Estamos falando de problemas na saúde pública. A obsessão por magreza é um problema de saúde pública. A tirania de uma imagem ideal de beleza, a violência contra a mulher, são todos problemas de saúde pública que afetam a todos nós. E estes problemas apenas podem ser resolvidos transformando o ambiente.
– Jean Kilbourne
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Camile, seu post me lembrou um vídeo que eu vi recentemente e fala justamente disso, mas pasme, foi uma top model que fez a palestra no Ted. Eu adorei: http://www.ted.com/talks/cameron_russell_looks_aren_t_everything_believe_me_i_m_a_model?language=pt-br
Eu já sofri muito com isso, mas então me encontrei no feminismo. :3
Depois que parei de ler blogs e revistas de maquiagem/moda (eu nem acompanhava muito, mas lia e me sentia mal) e me foquei nos de bem-estar, principalmente, nos de minimalismo, posso dizer que minha auto-estima melhorou bastante. Descobri que MULHER NÃO PRECISA DE e que eu posso ser como quiser. A única pessoa que tenho que agradar sou eu mesma. Quando tenho recaídas lembro que (como disse a CC) nem a modelo da capa de revista é exatamente a modelo da capa de revista, ou seja…
Queria que todas as mulheres também se aceitassem. <3
Antigamente a gente via campanhas infantis tomando conta dos intervalos dos programas de tv.
Hoje o poder de compra da mulher é tão grande que a maioria das propagandas/lojas/shopping são voltados ao público feminino.
Beira o ridículo a linguagem que eles usam nas campanhas.
Parece com propaganda voltada pro público infantil só que com mulheres adultas …
Triste isso …
Sempre me pergunto: por que um padrão? Ah mas você tem que ser bonita, tem que ser gostosa, tem que ser magra, alta, fina, elegante, tem que ter um namorado bonito e bla bla bla FODA-SE!
A mídia cria uma imagem da mulher que não existe e quando essas mulheres tão normais como eu e você aparecem normalmente com suas celulites, com suas caras lavadas são totalmente esculachadas por pessoas NORMAIS as chamando de gordas, feias e não sei mais lá o quê. Tudo culpa de uma mídia que manipula não somente as imagens mas também o olhar crítico das pessoas.
O Brasil então nem se fala, onde mal esperou a Bruna Marquezine, Isabelle e a Mari Ruy Barbosa fazerem 18 anos para colocarem elas semi-nuas ou fazendo sexo. Garotas que possuem tantas fãs e que sonham em ser como elas e garotas que crescem frustradas por não terem o corpão da Bruna, nem o cabelo da Mari, nem o estilo da Isa. Lamentável para onde estamos caminhando. Não somos perfeitas, nem deveriamos ser mostradas como sendo, deveriamos sermos mostradas como somos, pessoas normais, com seus defeitos e tudo.
Hoje em dia me aceito como sou e não tento me encaixar nesses ‘padrões’.
♡ Blog ♡ Instagram ♡
Comentáriominha filha tem quatro anos e certo dia chegou da escola dizendo que queria ser linda, eu disse voce ja e linda e ela me repondeu que nao, murchoua abarriga e disse que so quem e assim que e linda…preocupante!
Eu enchi o sapato 🙂 de seguir esse negocio de moda. Sofri muito por causa do meu cabelo porque no Brasil cabelo tem que ser bem grandão e bem lisão e a mulherada vai esticando o cabelo com produtos agressivos e ultra químicos que fazem mal não só para o cabelo mas para a saúde.
O cabelo tem que ser baixo, sem volume, alisado senao a pessoa “tem casa de pobre” e o tal “homem nao gosta de mulher de cabelo curtinho”.
Hoje em dia eu dei uma banana para essas palhaçadas e para as publicidades de shampoo e cortei o meu cabelo beeeem curtinho porque eu não tenho nem tempo, nem grana nem saco para cuidar de cabelo!! Homem não gosta?? Que se danem eu gosto!!! Já foi o tempo que eu fazia as coisas só pra agradar os outros!!
Nunca fui padrão também… e sempre me cobraram isso.
Mas oque mais me incomoda, é a hipocrisia.
“Ah mas quem repara nessas coisas é mulher” “Mas mulher se arruma pra mulher” Homem não liga pra isso não”
Mentira.
Homem só tem olhos pra mulher maquiada, pra mulher “arrumada”, pra mulher da capa de revista.
“Mas eu gosto de mulher inteligente, mulher pra mim tem que ser inteligente”
Mentira.
Eu cansei de escutar o discurso “Homem é visual, só visual… a mulher que é sentimental”
Pois é gente, mulher se arruma pro mundo! Pra agradar ao mundo! Pra corresponder as expectativas que o mundo tem sobre ela.
Mas como já foi dito logo de início, homens também sofrem, mas sofrem diferente. Apenas gostaria que eles entendessem que só porque eles sofrem também, ainda que por outros motivos, que isso não nos tira o direito de protestar pelo nosso sofrimento. Inclusive, milagre ainda não ter aparecido nenhum cara por aqui argumentando “feminista vitimista”.
Milagre…
Isso é verdade, muito bem pensado.
Obrigada pelo comentário e volte sempre!