Mais uma vez aqui estou eu pra conversar sobre redes sociais. Falei aqui outro dia sobre o Instagram e a verdade, e a medida que tomei bloqueando todos os perfis fakes, pornográficos e inativos que me seguiam e que massageava meu ego, me fazendo lembrar todo dia que eu tinha aquela quantidade de seguidores. Hoje, venho trazer uma reflexão que me ocorreu hoje pela manhã: o estar bem em seu próprio silêncio.
Eu gosto de ficar sozinha, mas não foi sempre assim. Antes, queria reunir amigos, sair pra barzinhos, fazer alguma coisa, menos ficar em casa. Nunca fui de noitada, mas um bom café com amigos no shopping me tiravam de casa, da sensação de estar sozinha, e isso me fazia bem.
O tempo foi passando, comecei a praticar yoga, meditação, e aos poucos aprendi a estar bem comigo mesma. Hoje fujo de agitos. Gosto de passar um fim de semana inteirinho em casa, com meus livros, com minha escrita… organizando a casa, cuidando do que é meu, meditando e curtindo a calma. E isso é tão bom!
Porém, às vezes dou uma olhada pelo Instagram e vejo amigos passeando, viajando, em festas ou passeios, mostrando que têm vida social bastante ativa. Por um segundo me pego pensando que queria estar assim, curtindo, com uma vida social bem agitada, mas logo vem o questionamento: será? Será mesmo?
Não, talvez eu não gostaria. Está tão bom aqui! Olho ao redor e sorrio, percebendo que esta aura que me cerca, meus livros sobre a mesinha de centro, minha rede balançando com o vento e o café quentinho ao meu lado me fazem feliz. Não, eu não queria ser outra pessoa, estar no lugar de outra pessoa e nem com outras pessoas. Isso não me torna um ser fechado, acredito que temos momentos para tudo, mas hoje, agora, neste exato momento, estou feliz.
O que percebo, no entanto, é que as redes sociais nem sempre mostram a verdade. Esses dias saiu uma matéria na Super Exame que fala que o Instagram é a rede social mais prejudicial à saúde mental. Jovens e adultos sentem suas vidas paradas, estagnadas, ou desenvolvem a síndrome FOMO (sensação de estar perdendo algo). Mas a culpa não é do Instagram, Facebook ou outra rede. Somos nós quem escolhemos como vamos nos comportar com estas ferramentas.
Nem sempre aquela foto daquela amiga sorrindo em uma viagem paradisíaca está refletindo sua verdade. Nem sempre estar em movimento, no agito, na diversão, significa felicidade, e aprender a estar bem comigo mesma foi a melhor coisa que fiz. Saber aproveitar a tranquilidade, o cantar dos pássaros, o cheiro do café passando, o sol se pondo, é uma dádiva. E estes momentos são únicos, nossos.
Olhe para você. Olhe ao seu redor. Será que sua vida é tão menor que a dos outros que compartilham sua felicidade nas redes sociais? Vamos aprender a valorizar nossos momentos? Aprender a lidar com o nosso silêncio?
No livro Silêncio, o poder da quietude num mundo barulhento, o monge budista Thich Nhat Hahn diz que:
“O silêncio é, sobretudo, algo que vem do coração, não de um conjunto de condições externas ao nosso corpo. Viver em um local silencioso não significa passar a vida mudo, sem se envolver nem fazer nada. Simplesmente significa que não somos perturbados por dentro, não há um falatório constante.” – pág. 67
Aprender a lidar com o nosso silêncio, a estar em quietude, aproveitando quem somos, onde estamos e o que estamos fazendo é fundamental. Não se comparar com a vida dos outros – ou melhor, com o que mostram nas redes sociais – é importante para que possamos valorizar nossa realidade. A vida de ninguém é perfeita, mas por que não olhar ao nosso redor e sermos gratos pela nossa realidade?
Experimente sentar-se quieto onde você está. Fechar os olhos por alguns minutos e apenas prestar atenção à sua respiração. A felicidade verdadeira, as respostas as quais buscamos, está tudo aqui dentro, não fora. Você pode estar no lugar mais lindo do mundo, mas se não estiver bem consigo mesmo, não estará feliz. Mas você pode estar sozinho, quieto em casa, em um lindo sábado de sol, e sorrir, simplesmente porque está em paz, está curtindo seu momento e saber que aquelas vidas que passam pela sua timeline não é a sua, e não há motivo nenhum para se sentir mal por não estar lá.
Camile e suas reflexões fantásticas <3
Esse é um assunto que tem despertado muito a minha atenção. Não tinha a menor noção do quanto as redes sociais me afetavam até decidir desinstalar alguns apps do celular.
Essa sensação constante de pensar " será que estou vivendo o bastante?" parece ser um monstro que paralisa. Se pararmos pra pensar, antigamente não tinha muito como se cobrar esse tipo de coisa, pq vc só vivia e ponto final.
Espero encontrar um equilíbrio nesse assunto.
Tenha um ótimo fim de semana.
Essa sensação é muito mais comum do que pensamos. Muitas pessoas se sentindo infelizes por se compararem com o que o outro mostra nas redes sociais. Aquela sensação de “minha vida não é tão boa, perfeita, agitada” como a do outro. Antigamente era bem diferente, apesar de também termos outros tipos de cobranças, mas eram mais concretas, como “fulano tem o tênis novo e eu não”. Agora parece que foi tudo transferido pro mundo virtual… O mais importante, na minha opinião, é termos a consciência de que isso existe e prestarmos atenção em como nos comportamos, como estamos reagindo a esses estímulos e não nos deixar levar pelos pensamentos. Mindfulness, atenção plena, acho que é a chave. Sempre alerta! <3
Camile!
Muito bom o post! Estou passando por isso agora. E de vez em quando caio nessas armadilhas de que o outro e a outra alternativa é a melhor e mais feliz. Eu seempre gostei de ficar sozinha, mas passei por um tempo só querendo rua. Voltar pra casa” tem sido um processo de aceitação. Às vezes fico com medo de confundir com isolamento e de me afastar das pessoas, medo de solidão. Mas são etapas. Estou apostando ver no que dá.
Acho que temos nossos momentos e precisamos experimentar um pouco os extremos pra depois encontrarmos nosso equilíbrio. É bom sabermos como é a agitação e como é esse isolamento. Depois, vamos encontrando nosso caminho do meio. O importante é viver plenamente cada etapa, um passo de cada vez. 🙂
Querida Camile,
Este texto está belíssimo. Consigo identificar-me nele na questão do telemóvel (celular) pois sempre digo que a questão não é ter ou não ter o telemóvel mas sim o uso inteligente que fazemos dele. Eu optei por não o ter como decisão minha, pois não sinto necessidade, mas sei bem como ele é uma fonte de procrastinação e de “falta de silêncio”. Muitas pessoas passam horas com os olhos no telemóvel, fugindo da solidão, querendo postar tudo, perdendo mindfulness daquilo que estão vivendo e, por vezes, querendo mostrar ou provar algo que não é verdade. O silêncio deve ser sinónimo de bem estar.
Um beijo enorme
Camile, eu gosto muito quando Sartre diz que ” A existência precede a essência “…logo, não adianta vc imaginar um café da manhã, tipo margarina, com mãe, pai, filhos, cachorro, todos alegres e felizes, se perguntando como será o seu dia…Se na sua casa cada qual toma café num horário. Por vezes, queremos viver momentos que simplesmente não existem.
ótima semana,
AF
Ola Camile, que interessante sua postagem… penso exatamente assim. Me identifiquei !
Estava lendo uma outra de um amigo de blogger Frank Viana, bem parecida com a sua e reflito que bom que outras pessoas pensam como eu. Parabéns, beijão no teu coração.
Camile, eu adoro suas reflexões!
Eu acredito que é bom compartilhar sempre coisas felizes nas redes sociais, porque acredito que jogando algo bom para o Universo, ele retornará com mais coisas boas. Porém, também entendo que às vezes a gente acaba desejando muito aquilo que o próximo postou, mas que nem sempre é verdade.
Enfim, voltei a te acompanhar <3 Seu blog me faz muito bem.
[…] Aproveito para indicar um texto da Camila, do Vida Minimalista, que trata de uma questão sobre a notícia de que o Instagram é a rede social mais prejudicial à saúde mental: “Não, seu amigo do Instagram não tem uma vida perfeita!”. […]
Nao julgo ninguem, mas o mais impoetante de tudo é estar bem consigo mesmo.
Isso aí! 🙂