Hoje aconteceu algo que me chamou a atenção. Publiquei normalmente uma foto no meu Instagram e escrevi a legenda em português, como sempre faço. Mas, como também estou aprendendo inglês (tenho facilidade na leitura mas não tenho prática com escrita nem conversação), escrevi ao lado da legenda, o mesmo traduzido em inglês. Porém, escrevi um detalhe errado, sem perceber.
Recebi alguns comentários normalmente sobre a foto, quando do nada, uma pessoa aleatória que não conheço, comentou que seria bom eu estudar inglês, em um tom de deboche. Nos 2 primeiros minutos senti raiva pela crítica e pela indelicadeza e acabei excluindo a foto, mas fiquei com isso na cabeça. No quê essa pessoa me ajudou? Não seria muito mais útil ele ter me dito o que escrevi de errado e tentar me ajudar corrigindo, para que eu aprenda como é o correto?
Eu sou uma pessoa que basta me dar um ponto de partida para que eu comece a refletir sobre aspectos mais amplos da nossa sociedade e com isso não foi diferente. Estamos sob tanta pressão da competição, que às vezes queremos nos afirmar rebaixando os outros. Claro que não me senti rebaixada nesse caso pequeno, mas quantas pessoas não pisam nas outras apenas para se sentirem melhores? Por que não pegar o erro dos outros e, através dele, ajudar como pode construindo, informando, acrescentando?
Atualmente podemos ver, nas redes sociais, que há uma grande falha no ensino da nossa própria língua materna. Erros ortográficos grotescos (exceto para a linguística*), uma precariedade da educação marcante, e o que fazemos? Debochamos. Apontamos o erro dos outros “olha, ele escreveu menas, como é ignorante”. Mas será que é justo rir de alguém que, na maioria das vezes, é uma vítima do descaso do governo com a educação? Que condições essa pessoa teve? Será que ela estava progredindo, precisando de incentivo, e acabamos de pisar no broto que estava nascendo? Quantos progressos já destruímos apenas para satisfazer nosso ego de autoafirmar que eu sei mais que você?
Claro, como eu disse, não vou desistir de aprender inglês só pelo fato de uma pessoa que nem conheço debochar que escrevi errado. Mas nem todos pensam como eu. Nem todos têm autoestima o suficiente de não se incomodar com determinados comentários. Quantas piadas já fizemos com alguém que estava tentando se superar de algo e que em seguida, desistiu de continuar? Podemos acompanhar isso em qualquer lugar. Um chefe que chama o estagiário de incompetente. Um pai que chama o filho de vagabundo. Um professor que humilha um aluno que tem dificuldades com a matemática.
Vamos tentar nos vigiar a partir de hoje, para, em vez de fazer uma crítica negativa, passar a ensinar algo aos outros? Vamos fazer um mundo melhor? Vamos mudar o nosso discurso de “eu sei tudo” para “eu vou compartilhar o que sei“? Nossas palavras tanto acalmam quanto ferem e devemos ter muito cuidado com elas. Essa foi a minha lição do dia. Que sejamos instrumento de inspiração para os outros. 🙂
E no fim das contas, acabei sem saber o que errei na frase.
* Segundo a linguística, temos que ter cuidado ao falarmos que determinado grupo fala errado, pois ela observa os fatos e os descreve e não tem a função normativa, portanto, o que seria um erro (frôr, framengo etc.) é visto como uma variação.
Foto retirada do Pinterest
]]>
Infelizmente o mundo está cheio de pessoas assim, egoístas! Já tive várias experiências com pessoas que tinham medo de me passar seu conhecimento, e por isso, quando eu perguntava algo, recebia em troca uma resposta mal dada, assim, meio com descaso. Contudo, sempre fiz o contrário. Não me importo de passar o que sei para outras pessoas, mesmo porque, conhecimento é a única coisa que não pode ser tirado de nós. E com o passar do tempo, ao passar meu conhecimento sobre algo para alguém, percebi que aprendo mais ainda sobre aquele assunto. É o conceito do processo de ensino-aprendizagem, aprendemos mais quando ensinamos.
Não se aborreça com coisas assim. Eu antes tinha vergonha de sair gastando meu inglês, com medo de passar vergonha, falando errado. Mas parei e pensei melhor : Eu sou melhor do que o cara que só fala inglês, pois eu falo o meu português e a lingua dele, ainda mais se ele está no meu país, então, quem está por cima, e é mais bonito, sou eu ! 😀
Camile, esquece isso. Como você mesmo disse, não deixe isso ser um impeditivo para seu crescimento! Li esses dias que “Não importa o que acontece, mas como você reage ao que acontece”. Você usou essa adversidade e saiu com um pensamento (e lição) valioso: “Vamos mudar o nosso discurso de “eu sei tudo” para “eu vou compartilhar o que sei“?”
Abraço 😉
Olá Camile
Sabe a frase que coloquei de inspiração para a semana que passou?
“Troque uma crítica por um elogio”. Estou tentando praticar em casa diariamente.
Abraços
Excelente sua análise Camile! Esse contexto competitivo em que vivemos muita vezes torna as pessoas insensíveis consigo mesmas, que dirá com os outros? Aproveito para parabenizar o seu trabalho, maduro, coerente, consciente!
Abraços!
🙂
Já ouviu a expressão “Grammar Nazi”? Pois é, são aqueles caras que dão razão ao mestre Voltaire: “as pessoas que mais exigem educação dos outros são geralmente as últimas em mostrar a sua”. Não se incomode com isso e deixe o cara mostrar seu conhecimento de inglês – que provavelmente é o único que ele tem (será?)…
¡Pero no te metas la pata cuando decidas escribir en español! jejejejeje
Eu fico passada com os comentarios que leio apps uma noticia no site d globo e do uol. Nem leio mais … Na internet tem mta gente ruim mesmo!!! Por isso aboli a muitos anos redes sociais e msn … Isso simplificou mto a minha vida!!