Dando continuidade à saga das reflexões sobre as redes sociais, hoje vim escrever sobre outra questão relacionada à interatividade com quem acompanhamos. Afinal, por qual motivo distribuímos tantos likes? O que, afinal, representa o ato de clicar numa mãozinha (ou coração) e seguir a vida?
Na minha opinião, as redes sociais que usam o sistema de feed (sistema de rolagem contínua da tela que constantemente atualiza) nos instigam a permanecer nelas a maior quantidade de tempo possível. Isso é uma vantagem, já que quanto mais tempo ficamos olhando a tela, mais eles conseguem compreender nossos hábitos de comportamento para filtrar que tipo de anúncio exibirão para nós. Sim, é tudo relacionado a dinheiro.
A ideia é que passemos o tempo rolando a tela, inertes, com o mínimo de esforço possível, e daí surgiram os likes.
É muito simples: no Facebook, basta clicar numa mãozinha. No Instagram, basta clicar num coração ou duas vezes sobre a foto, e o ato se torna mecânico. Rola a tela, clica, rola, clica, e assim passamos minutos observando, inertes, pedaços da vida alheia sem qualquer tipo de interação. Nos tornamos passivos, olhamos uma foto, sorrimos. Olhamos outra, não gostamos, passamos pra próxima. E o clique no gostei, no like, no coração é como se fosse uma validação simples de “passei por aqui, já cumpri minha missão como amigo/seguidor dessa pessoa”.
É estranho, pra não dizer desesperador, o quanto vamos nos acostumando a ter novos comportamentos e passamos a achar tudo normal. Aonde, de fato, está a interatividade real quando adotamos um ato mecânico de checar as redes sociais pra ver as novidades e sair clicando, fazendo um check-in automático em tudo que vemos? Eu já estive nesse lugar. Já acordei e a primeira coisa que fiz foi pegar o celular. Já fui dormir e a última coisa que olhei foi o feed do Instagram. E vou te falar, uma vez que nos acostumamos, é difícil mudar o hábito. Mas não impossível.
Sei que muitos leitores aqui sequer gostam de redes sociais. Mas sei também que muitos não largam o celular, o Facebook, o Instagram. E é com vocês que quero conversar.
Para quem é viciado em redes sociais…
Que tal, ao invés do ato mecânico de clicar em gostei, passássemos a deixar comentários construtivos? Um comentário real, elogiando aquela sua amiga que cortou o cabelo. Ou uma mensagem de incentivo a alguém que compartilhou que não passa por um momento bom na vida. Um comentário com alguma dúvida, alguma resposta a alguém que perguntou algo. Por que não usamos a rede social para, de fato, socializarmos? Na minha opinião, isso mudaria bastante a forma como nos relacionamos com quem decidimos acompanhar. Ali sim, estaria uma forma mais concreta (se é que isso é possível) de mostrar presença, de mostrar que se importa, de verdadeiramente acompanharmos uma pessoa.
Mas, se eu sigo muitas pessoas, perderei muito mais tempo fazendo isso, não?
Vamos à faxina digital…
Que tal fazermos uma faxina nas nossas redes sociais, então? Seguirmos pessoas que realmente nos fazem sentir bem. Que produzem conteúdo que se adequa ao que pensamos, ao que gostamos, que não nos deixe pra baixo. Sabe aquela blogueira que sempre que publica algo você se sente mal, feia, diminuída ou pra baixo por não ser rica, bonita nem com possibilidade de fazer todas as viagens como ela? Pra que você a segue? Ela é realmente inspiração? (acredite, na maioria das vezes é tudo produzido, viu?)
Selecionar melhor quem seguimos, quem decidimos colocar no nosso círculo de “amizade” online é uma forma de respeitarmos a nós mesmos através da valorização do nosso próprio tempo. E assim optando por qualidade e não quantidade, podemos utilizar as redes sociais como forma de interação, de conversa, de diálogo, não apenas um jeito de alimentar um vício de rolar a tela infinitamente clicando de forma mecânica nos likes e corações da vida. Vamos interagir mais? Vamos fazer uma faxina digital? O que você anda fazendo com seu tempo? Criando laços ou apenas rolando a tela?
Por uma internet sem pressa, com mais presença e interação de verdade.
esses dias minha irmã me viu olhando a foto do meu irmão – parei, olhei e passei adiante. então ela perguntou: “mas por que não curtisse a foto dele?” e eu “porque não é o tipo de foto que eu tenha motivos pra curtir, não tem nada de super especial pra mim, só um monte de gente que eu não conheço junto com ele” 😂😂
mas às vezes dou um like em uma foto, passo para a próxima e “pera, mas eu não quero curtir aquela foto”, volto e tiro o like xD esse automatismo é absurdo mesmo!
pelo menos eu concentrei esse tipo de coisa só no instagram. não tenho mais usado o twitter, apesar de ele estar lá, e não sigo nada nem ninguém no facebook. e o bônus: só uso o whatsapp em situações bem raras, o que acaba sendo 1-2x por mês. refrescou minha cabeça um tanto!
aliás, semana passada dei uma faxinada nos perfis que sigo no instagram!
Que interessante seu relato! É por aí mesmo, acabamos olhando de forma automática e curtimos tudo sem nem raciocinar direito… Já deu uma olhada na parte do instagram que tem todos os likes que você já deu? Uma vez entrei nessa parte e tinha um bando de foto que nem me lembrava que tinha visto. É assustador!
E parabéns pelo seu uso do WhatsApp, ainda estou tentando usar pouco sem que as pessoas pensam que não ligo pra elas, principalmente em participação de grupos. É muita cobrança pra estar presente e participando de tudo… hahaha 😀
Excelente texto. Condiz muito com o que eu penso e tento fazer com as minhas redes sociais. Parabéns !
Que bom que gostou, Vitor! Obrigada pelo seu comentário!
Ola Camile, tudo bem? encontrei seu blog hoje por acaso e adorei. Sempre leio assuntos como estes, e busco a minha melhora. Sem duvida, ainda estou no vicio, de rolar, e rolar o feed ….
Muitas das vezes, chego em casa, coloco meu cel para carregar na tomada, e ali ficou as vezes por 1 hora em pé encostada e nem percebo… dai corro para jantar, tomar banho, etc, e me pego, reclamando que não tenho tempo hábil para ler os livros q eu quero, e eu fiquei 1 hora, somente rolando, rolando e rolando o feed. Q coisa! Mas estou começando a cuidar para eliminar isso tb, ja fiz com o facebook, e me dei muito bem!
Muitaaaa Gratidão por seu post. outra coisinha: tem como receber os seus posts por email? existe algum cadastro?
beijos
Olá, Ana Paula, tudo bem?
Olha, também já passei por esse vício, viu? Chegava da rua cansada, às vezes sentava no sofá rapidinho e abria o instagram… ficava rolando o feed e começava a dar uma preguiça de viver! Agora, chego em casa, vou direto pro banho e nem olho o celular. Melhor coisa é cortar o mal pela raiz e mudar os hábitos. 🙂
Ah, eu vou configurar pra receber os posts por email sim, estou fazendo uns ajustes por aqui e logo logo colocarei essa opção.
Oier!
Demorei tanto pra comentar no outro post que você já até escreveu uma continuação! Esse assunto da pano pra manga, mesmo…
Sabe que esses dias, quando surgiu o IG TV, fiquei matutando na minha cabeça: onde que isso vai parar?
No começo do ano fiz um super detox digital, daquele jeitinho minimalista que a gente gosta risos reduzindo, repensando, valorizando mais aquilo que eu tinha… fiz exatamente isso que você falou, comecei a comentar mais do que curtir e a conversar mais do que mandar coração. Foi incrível! Me aproximei de algumas pessoas no ~mundo real e hoje conheço muito mais algumas seguidoras e vice-versa. Mas…
mas aí surgiu outra questão! Comecei a me incomodar com o tanto de conteúdo que o pessoal cria nas redes sociais e vão simplesmente para o limbo da internet! O sistema de indexação das redes é péssimo, muito diferente de blogs, sites, youtube… deu até um certo desespero ver o tal do IG TV. Pessoas gastando um tempão pra produzir conteúdo efêmero.
Acho que pra gente que gosta de blog raiz e vem de uma outra relação com a internet, essa preocupação se torna mais clara. Talvez inventem um jeito eficaz de fazer tudo o que foi criado ser achado de forma mais funcional (ou o FB e o IG podem morrer, como outras redes já morreram, levando todo esse conteúdo com eles)
É tudo pelo dinheiro e pela fama momentânea? De que adianta ter um monte de seguidores e fazer mil stories por dia? Quais vão ser os frutos disso em uns 5 anos?
Me incomoda profundamente abrir o IG e ter VÁRIOS perfis “robôs” me seguindo e des-seguindo todos os dias. Vários perfis legais, mas de pessoas que se cadastraram naqueles negócios para conseguir mais seguidores… da um pouco de desgosto e gostaria de lidar melhor com essa situação. Sei que um conjunto de fatores, não só culturais, mas também político-econômicos que estamos vivendo agora colaboram para que as pessoas estejam a procura de meios alternativos de ganhar dinheiro e a auto promoção esta em alta… mas mesmo assim, quando vejo um robozinho lá fico incomodada. Deveria ignorar, sei lá, mas não sei como ainda.
Bom… tem as coisas boas das redes sociais também, se não a gente não estaria lá né rs muitas vezes me traz incentivo, principalmente quando não eu não tinha pessoas próximas que compartilhassem dos mesmos interesses que eu, as redes me serviram muito. E também serve de porta de entrada para que a gente conheça certos assuntos e faça contatos até de trabalho… mas ultimamente não tenho me sentido confortável em compartilhar por lá. Até queria uma motivação, mas não encontro rs
Enfim! haha <3 obrigada pela reflexão Camile! Amei sua volta (com tudo!) aqui no blog!
Seus conteúdos são incríveis, a cada dia que eu leio, mais vou ficando apaixonada por eles..