Começo este texto descrevendo o ambiente ao meu redor. Uma série de livros sobre livros e leitores na prateleira logo acima do meu computador. Minha mesa de trabalho ainda com alguns cacarecos sobre ela – o que me deixa um pouco sem espaço de respiro. Roupas dobradas sobre a cama esperam que eu as guarde no armário. Mas não, agora não. Neste momento tudo que preciso olhar é para a tela em branco, para o cursor piscando e para o texto que surge em minha mente e flui ligeiramente por meus dedos sobre o teclado.
O cenário é de caos. De excessos. De muitos compromissos, artigos do mestrado a serem escritos, textos a serem lidos, curso a ser formatado. Por dias passei fugindo deste furacão, como se fechar os olhos fosse milagrosamente resolver tudo. Mas não resolveu. Não, este texto não é pra falar sobre como as coisas ficaram confusas – porque sim, elas ficam, e tudo bem! – mas pra compartilhar que: em meio ao caos podemos fechar os olhos, respirar fundo e retomar as rédeas da situação.
Talvez seja influência da lua minguante e seu aspecto de desapego, talvez apenas a percepção de que me perdi na minha própria desordem. Mas ontem, enquanto organizava meu material da pesquisa, fui tomada por uma sensação de mudança. Eu precisava fazer algo, e tinha que ser naquele momento.
Parei o que estava fazendo e reli alguns trechos do que eu mesma havia escrito no blog quando ainda era Vida Minimalista. Lembrei-me da sensação boa do vazio, do foco, da organização. Do menos que é mais. E naquele momento, tudo que eu queria era voltar a ter aquela paz, aquele controle de mim mesma, aquele foco no momento presente sem as milhares de distrações.
Comecei a faxina do desapego
Peguei então meu celular e, sem dó, comecei a desinstalar alguns aplicativos. Fui mais longe, excluí contas antigas e paralelas de instagram que eu tinha de projetos que não quero e nem posso dar continuidade no momento. No twitter, parei de seguir algumas lojas, perfis de famosos que nunca me acrescentaram em nada, perfis que só postam propaganda e tudo o que enchia minha timeline de mimimi e discussões que não me interessam.
Fiz o mesmo com o Facebook. Descurti páginas, curti outras mais interessantes e alinhadas com o que quero pra mim no momento. Esvaziei a lixeira do computador. Organizei meu Feedly acrescentando blogs interessantes e deixando de seguir outros. Eu precisava desse pontapé inicial. E eu não imaginaria que este pequeno primeiro passo mudaria tanta coisa de ontem pra hoje…
Abri o painel de controle do blog e fui até a primeira postagem que fiz, em 2011 e percebi o quanto a vida é cíclica. Me encontro no mesmo ponto, porém totalmente diferente. A sensação de que já vi esse filme antes é interessante, é como se eu estivesse pronta a iniciar aquele blog, a apertar pela primeira vez o botão “publicar” com a incerteza se alguém me leria, mas ao mesmo tempo, com a confiança de que é apenas o começo de uma longa jornada de novas experiências e de muitos aprendizados.
Hoje me sinto assim, com a tela já não mais em branco, apenas escrevendo livremente sobre o que meu coração pede, pra compartilhar com quem ainda me lê sobre a passagem de uma sensação angustiante de não saber como lidar com esse transbordamento, para a sensação de “voltarei a ser como já fui“. E, para mudarmos hábitos, é bom que deixemos registrada nossa vontade. E aqui está o registro de que entrarei novamente numa jornada linda de desapegos, de autoconhecimento, de olhar pra dentro e de organizar minha vida, e claro, de registrar neste espaço, meu lar virtual, o meu caminhar.
É aquele famoso “dar um passo atrás para pegar impulso”. E é bem por aí mesmo. Nem sempre só caminhar pra frente é bom. Recuar, reavaliar, soltar e deixar ir faz parte e nos engrandece. Focar no que é importante e não querer abraçar o mundo de uma só vez. Como é boa essa sensação de voltar pra casa, ainda que eu nunca tenha saído de mim mesma…
Estarei a partir de agora mais presente no Twitter compartilhando também pequenos insights dessa jornada. Quem quiser me acompanhar, basta seguir @camilezen.
Às vezes, tudo que precisamos é sentar-se em quietude, fechar os olhos, respirar e entender o que se passa dentro de nós e quais as necessidades no momento. E o momento é de desacelerar. Desapegar. Discernir o que fica e o que sai. E claro, me dedicar integralmente ao que é importante e me faz feliz.
Namaste
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Toda vez que venho aqui o blog ta diferente, e sempre mais bonito que o anterior! 🙂
Que bom que você percebeu que precisava desapegar. Eu também estou nesse momento, tirando as distrações para tentar manter o foco no que é mais importante pra mim no momento. Legal também você ter percebido que já esteve nesse mesmo movimento há alguns anos. Somos cíclicas! E a cada camada de desapego é mais uma volta no espiral da evolução! <3
Oi Aline!
Estou em constante mudança, sempre buscando melhorar meu cantinho, mesmo que o tenha deixado abandonado um tempo. Agora as coisas estão clareando e estou bem animada a continuar escrevendo por aqui. É muito incrível como tudo é cíclico né? Já estive nesse movimento em outros momentos da minha vida e agora, ainda que seja o mesmo movimento, é totalmente diferente. É a tal da espiral da evolução mesmo! Lindo! <3
Que texto lindo e necessário. Estamos na mesma vibe, na mesma fase, pegando aquele impulso para começar de novo, do jeito que tem tudo a ver com a gente agora. Obrigada pelas palavras sempre certas nos melhores momentos.
ótima ideia, amanhã vou tirar o dia para fazer limpa de paginas que curto, blogs, instagram e afins… Tanta coisa que não acrescenta em nada e ocupa nosso tempo. E quero retomar as postagens pessoais mais frequentes (nem que seja 1x na semana) e visita a blogs que curto, como seu (nem que seja 1x na semana também).
Beijosssssssssssssssss
┌──»ʍi૮ђα ツ
Oi Camile! Ler este texto foi como um afago! Realmente, a vida é feita de ciclos, e é sempre bom saber que nós podemos recomeçar e encontrar a NOSSA paz independente do que acontece lá fora. 🙂
[…] Quando respirar e recomeçar é preciso ~ Camile Carvalho […]
me identifiquei totalmente!
hoje mesmo revi um caderninho que estava usando para infos diversas até o início desse ano, e nisso reli uma autoavaliação que fiz em dezembro do ano passado. apesar de eu ter a sensação de que nesse tempo as minhas emoções e questões interiores estão bem diferentes, a sensação foi exatamente essa: “percebi o quanto a vida é cíclica. Me encontro no mesmo ponto, porém totalmente diferente”.
isso a princípio causa um estranhamento mesmo, porque às vezes acho que já resolvi e aprendi a lidar com algumas coisas (afinal, me sinto melhor do que antes), mas elas sempre reaparecem. mas tenho cada vez mais observado que essas mesmas coisas não são como se eu estivesse voltando à estaca zero, pois sempre tem um algo a mais para eu refletir, e que cada vez me faz um pouco mais forte 🙂
ah, e revendo o caderninho eu também revi a lista de sites que mais acompanhava e entrei aqui. fico contente de ver postagem nova!
Que bom que você consegue inspirar pessoas com essa leveza, inspirar também a refletir um pouco sobre nossas ações nas redes sociais.
Li outras postagens que você fez e estou respondendo tudo nessa.
Eu também sou antiga com o blog. Também desde 2011.
Vivi muitas interações construtivas, encontrei com blogueiras que moram em lugares distantes para também falar sobre a vida, para estreitar todo aquele cuidado que temos umas para com as outras por meio dos blogs.
Como você disse nas outras postagens, as curtidas, os feeds, nos levam a passar rapidamente pelo perfil de alguém e ficar viciado nessa ação de dar dois cliques no instagram, nas postagem que gostamos mais ou de querer muitas curtidas em nossas fotos. E nem sempre isso faz tão bem pra gente.
Obrigada por suas postagens inspiradoras.
Abraço.
AnaVi.
filhadejose.blogspot.com