Há alguns dias uma amiga e leitora, com quem estudei Jornalismo em São Paulo e que hoje trabalha na editora Novatec, entrou em contato comigo me perguntando se eu gostaria de receber um exemplar do livro A Dieta da Informação, para que eu pudesse ler e contar aqui no blog o que achei. É a primeira vez que eu faço uma parceria no Vida Minimalista e eu gostaria de deixar bem claro que não estou recebendo nada para falar do livro e que jamais vou mudar minha forma de escrita e opinião. Além disso, sempre irei deixar bem claro quando for um post de parceria, apenas ganhei um exemplar, e como o assunto é relacionado ao que debatemos aqui e no grupo do Facebook, vou contar sobre o que achei de importante na leitura que fiz e dar minha opinião. 🙂
Vocês já pararam pra pensar na quantidade de informações que recebemos diariamente, tanto pela televisão e jornais quanto pela internet e suas redes sociais? Como lidar com tantas notícias superficiais e inúteis? E se pudéssemos fazer uma dieta de informações, filtrando apenas o que é relevante?
O Livro
O autor do livro, Clay A. Johnson, sempre achou que através de informações corretas e de qualidade, poderíamos mudar o quadro de desinformação. Com esse princípio, fundou a Blue State Digital, empresa que criou e gerenciou a campanha online de Barack Obama em 2008. Porém, Johnson percebeu que nem sempre as pessoas estão buscando notícias verdadeiras e de qualidade, mas sim um reforço daquilo que elas já acreditam. Com isso, foi percebendo que a indústria da informação se aproveita desse fato para produzir em larga escala, notícias sobre todos os tipos de assunto de forma superficial, para bombardear nossas mentes com conteúdos de baixa qualidade, apenas com a meta de obterem lucro: “oferecer às pessoas o que elas desejam é muito mais lucrativo do que lhes entregar os fatos“. O resultado é uma enxurrada de afirmações (para reforçar nossas crenças) e sensacionalismo, em vez de informações equilibradas. Mas será que não podemos fazer nada?
“Empresas de mídia aprenderam que afirmação vende muito mais do que informação. Quem deseja ouvir a verdade quando pode ouvir que está certo?” (p. 22)
No livro, Johnson vem com uma proposta inusitada: fazer uma dieta de informações. Com a quantidade de dados que recebemos atualmente – estima-se que passamos em média 11 horas por dia consumindo – é normal que fiquemos sobrecarregados, sem conseguir absorver o que nos é importante devido ao excesso de notícias. Ele ainda faz um paralelo constantemente com a dieta alimentar atual, da qual o processo de industrialização acabou por reduzir seus custos finais, mas também sua qualidade. Da mesma forma que é mais barato ingerir Fast Foods e alimentos processados com poucos nutrientes e altamente calóricos, é mais cômodo consumirmos informações de qualidade duvidosa, mas que reforcem nossas crenças e não nos fazem questionar muito.
“Nossas caixas de e-mail, nossas mensagens de texto, nossos vários feeds de redes sociais e blogs que costumamos ler – nosso cérebro nos coloca em um loop descontrolado no qual não somos capazes de nos concentrar em nenhuma tarefa à nossa frente. Em vez disso, seguimos em busca de um novo reforço de dopamina mergulhando no dilúvio de informações que vem em nossa direção” (p. 73)
Alguém se identificou com a afirmação acima? Temos uma tendência natural de buscar informações, mas quando estamos expostos a uma quantidade absurda, perdemos a capacidade de concentração e queremos cada vez mais. Temos que saber usar um filtro, fazer um consumo responsável também de informações.
Algumas informações interessantes
# Apneia – A respiração correta é de extrema importância para nosso organismo, mas algumas pessoas, sem perceber, acabam por prendê-la enquanto olham seus emails, Facebook e outras redes sociais. É uma forma de tensão que não faz bem.
# Limitada percepção do tempo – Quantas vezes já pensamos em olhar “rapidinho” nossas redes sociais depois do almoço e quando percebemos, já está de noite e não vimos o tempo passar? É uma espécie de hipnose e não nos damos conta da duração do tempo.
# Perda de amplitude social – O antropólogo Dunbar chegou à conclusão que nosso cérebro possui um limite para o número total de relacionamentos com os quais conseguimos lidar. Este número varia em torno de 150 pessoas. Será que conseguimos dar conta de todos os nossos contatos do Facebook?
# Fadiga da atenção – Usar um desktop com o email aberto, Facebook atualizando a cada minuto e o Twitter apitando suas notificações acaba por nos tirar a atenção do que estamos fazendo de importante, o que nos causa perda de memória recente, pois não dedicamos completamente nossa atenção ao que estamos fazendo no momento.
Uma dieta da informação consiste em estipular limites. Reduzir o uso da televisão, cancelar feeds de notícias que não são úteis, deletar aplicativos que nos tiram a atenção, sair de redes sociais que nos prejudicam e estipular horários de checar email e atualizar redes sociais, pra que tenhamos tempo livre para fazermos o que nos é importante e aumentar nossa produtividade e felicidade.
Achei o livro muito interessante, tanto para quem é da área da Comunicação/Jornalismo quanto para quem está buscando simplificar a vida online. Apesar de alguns detalhes um tanto cansativos que o autor escreve sobre política dos Estados Unidos (Republicanos x Democratas), o livro nos dá uma explicação histórica sobre como chegamos até o quadro atual e porque a indústria da informação nos bombardeia com superficialidades, além de oferecer soluções práticas de como filtrar o que não é útil e obter informações relevantes.
Gosto tanto do assunto que o li em um dia. Com certeza me inspirou a organizar melhor minha rotina e a refletir sobre a qualidade de informação que estamos recebendo (além de me inspirar para escrever alguns posts).
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