Outro dia eu estava andando pelo shopping e reparei a quantidade de pessoas que caminhavam sem rumo, como zumbis olhando fixamente para seus smartphones. Decidi fazer um teste aleatório e contar quantas pessoas eu via mexendo em seus celulares em uma volta completa pelo primeiro piso, e pasmem, contei 21 pessoas. Tudo bem que o shopping estava cheio, mas mesmo assim é um número assustador.
Dentre as pessoas que observei, algumas estavam sozinhas – provavelmente avisando a alguém que já havia chegado no shopping – e outras acompanhadas. O curioso é que alguns que estavam acompanhados de seus respectivos pares, mexiam simultaneamente em seus aparelhos. Outros, pais/mães olhavam fixamente para a tela enquanto seus filhos aproveitavam o passeio.
A questão que ficou martelando em minha mente é o quanto as redes sociais, no mundo virtual, estão nos tornando antissociais no mundo real, ou melhor dizendo, no mundo material, já que o ciberespaço hoje já faz parte do nosso mundo real. Ficou confuso?
Antigamente podíamos separar claramente o que era o mundo real do virtual. No mundo virtual éramos meros personagens de nós mesmos, alguns bem parecidos, outros bem diferentes da nossa realidade. O que aconteceu foi que o virtual acabou se fundindo com o real, ficando separado apenas por uma linha tênue, quase inexistente com o surgimento das redes sociais, nas quais podemos ser um personagem ou simplesmente nós mesmos.
Somos indivíduos tão sociáveis na internet, mas às vezes exageramos tanto nessa socialização, que acabamos nos tornando péssimas companhias. O que acontece é que com a quantidade enorme de aplicativos de redes sociais instaladas nos smartphones, acabamos recebendo notificações continuamente, mesmo em locais inapropriados.
Quem nunca foi a um cinema e viu, no melhor do filme, aquela luz acesa de celular quebrando o clima da cena? E aquele grupo de amigos no bar, onde um (ou dois, ou todos) mexem de forma super concentrada em seus aparelhos, ignorando a companhia dos presentes? Por que será que a companhia de quem está por trás da tela é mais interessante do que aqueles que estão ali ao nosso redor?
Talvez a ânsia de compartilhar tudo o que acontece em nossas vidas imediatamente faça com que deixemos de aproveitar o momento, pra apenas registrá-lo. Mas o que fazer pra minimizar este quadro que ocorre com tantas pessoas atualmente, mesmo que sem perceberem?
Uma redução de aplicativos no celular, mantendo apenas aqueles importantes, pode ser uma solução. Assim, quanto menos possibilidades de distrações, menos tempo perderemos checando status, vendo atualizações e respondendo às dezenas de mensagens que não param de chegar. Ou, para aqueles que preferem manter seus aplicativos por serem úteis, tirar a notificação pode ser uma boa ideia. Desta forma evitamos que sejamos distraídos o tempo todo com apitos, vibrações entre outras notificações em momentos inapropriados. Um ponto importante é que o ideal é checarmos celulares e tablets apenas quando estivermos em locais seguros. Afinal, andar como zumbis olhando ou falando pelo celular distraídos pelas ruas é um prato cheio para assaltantes. Já que a violência não diminui, devemos ao menos sermos prevenidos.
E por último, vamos aproveitar a presença daqueles que estão dedicando seu tempo para estarem conosco. Não há mal nenhum em compartilhar novidades do celular, mostrar vídeos, tirar fotos juntos. Mas deixar o outro entediado enquanto você conversa pelo whatsapp com outro amigo, aí já não é modernidade, mas falta de educação.
E você, qual sua opinião sobre o assunto? Tem amigos zumbis digitais ou se identificou como o próprio zumbi?
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