Categorias: Espiritualidade, Redes Sociais

Uma reflexão sobre tecnologia e a espiritualidade

Uma reflexão sobre tecnologia X espiritualidade | Blog Camile Carvalho

Quando temos um blog pessoal, como o meu caso, queremos utilizar um espaço para simplesmente compartilhar pedaços do nosso dia-a-dia, nossas descobertas, reflexões e enfim, uma série de sentimentos e palavras que dizem muito sobre nós. Com isso, atraímos um público que gosta do que escrevemos, que se identificam conosco, o que é fantástico.

No entanto, às vezes nossos leitores compartilham um ou outro post em suas redes sociais e outras pessoas acabam chegando até o blog por causa de um assunto, mas que não necessariamente se interessam por todo conteúdo publicado aqui. Mas afinal, como agradar a todos? Simplesmente não há como agradar a todos. E isso não é algo negativo, muito pelo contrário.

Meu público – segundo a pesquisa que fiz – é um público que gosta de ler sobre minimalismo, dicas de yoga, vegetarianismo, e claro, acompanhar meu dia-a-dia e como eu vivencio e aplico as transformações na minha vida. É verdade que eu vejo por aí uma tendência a profissionalizar demais blogs, mostrando uma realidade meio plastificada, quase sem vida, e essa nunca foi – nem será – meu objetivo aqui neste espaço.

Um blog é um recorte das nossas vidas editado por nós mesmos, isso é verdade, mas é possível tentar levar o aconchego, o carinho e emoções através de palavras, imagens e vídeos. Claro que ainda assim é algo editado e com uma certa lacuna entre a vida real e as publicações, mas com cuidado dá pra estreitar esse abismo tentando se aproximar dos leitores e mostrando que: somos blogueiros? Sim! Mas somos seres humanos com os mesmos problemas, insatisfações, crises existenciais e apegos que todos os outros.

O que ocorre hoje é que cada vez mais vemos vidas editadas e perfeitas, extremamente egoicas, e isso é apenas a ponta de um iceberg de alguém. Ninguém é perfeito, muito menos eu. E quando escrevo isso, dou um longo suspiro tirando dos meus ombros o peso de uma responsabilidade de ser um exemplo a ser seguido.

Eu sou como cada um de vocês que lê meu texto. Uma pessoa que está aqui para aprender constantemente e ser apenas eu, em busca de autoconhecimento e transformações. A diferença talvez seja que eu me exponho mais, compartilho em um blog sobre minhas descobertas, meus tropeços e aprendizados. E sim, eu poderia escrever apenas em um diário guardado na minha gaveta, mas escolhi compartilhar, fazer essa troca, o que tem sido transformador.

Uma das coisas que aprendi muito, é que quando nos incomodamos com o outro, na verdade, o incômodo está em nós, e não no outro. E isso mostra que devemos apenas olhar para dentro e buscar a verdadeira causa dessa impaciência, o que está em nós que nos causa essa aflição. Porque quando criamos expectativas e esperamos algo de alguém – que sequer conhecemos – pode ter certeza, algo vai dar muito errado. A frustração já foi encomendada no momento em que criamos uma expectativa no outro. E acreditem, o outro nada tem a ver com isso.

Quando esperamos que o outro aja conforme o nosso senso de “correto”, pode anotar que virá uma decepção. E, vamos supor que o outro, sabendo dessa expectativa de alguém, passe a agir de forma a não promover frustrações. Será que é uma vida feliz? Certamente não.

Tenho refletido muito sobre o que vem acontecendo na internet – em vários âmbitos – e uma coisa é certa: não se pode esperar que o outro seja aquilo que você quer. Isso falo em relação a blogueiros, mas pode ser aplicado em diferentes casos. Cada produtor de conteúdo, cada blogueiro, cada personalidade tem seu público-alvo com o qual se identifica. Se você se incomoda com alguém, com a forma como escreve ou com o conteúdo publicado, isso apenas indica que você não é o público-alvo dessa pessoa, e não que ela tenha que se adaptar às suas expectativas.

Eu sou professora de yoga? Sim! Mas antes disso, eu sou comunicóloga, especialista em mídias digitais e pesquisadora sobre internet. Em uma das pesquisas realizada em 2014, estudei justamente a construção da identidade religiosa através das redes sociais. Eu sou apaixonada por tecnologia e internet e é incrível como ainda exista a percepção de que espiritualidade e iluminação não combina com tecnologia. Que para seguirmos um grande mestre, devemos renunciar ao twitter nosso de cada dia.

Ora, estamos em uma era em que o Budismo foi o pioneiro na difusão de sua filosofia através de mídias digitais e transmissões de cerimônias ao vivo por streaming. Em que se estuda Vedanta com bons mestres através de cursos online. Uma era em que eu, por exemplo, talvez não tivesse me tornado professora de yoga hoje se, em 2001, não tivesse feito uma pesquisa no site de busca Cadê pra saber quem era Shiva, tendo ali meu primeiro contato com o Hinduísmo.

Sou grata diariamente por termos a oportunidade de acesso a conhecimentos antigos preservados através de projetos online, documentários incríveis disponíveis pelo YouTube, de termos uma rede social como o Facebook para conversarmos com familiares distantes , alunos, professores e amigos de profissão, ainda que tenha seus problemas. Por termos tantas opções de tecnologia online com as quais podemos crescer, aprender, interagir e se transformar.

O que nos resta é sermos seletivos. Internet é apenas uma ferramenta na qual podemos escolher o que queremos receber, e na qual nada é permanente. Podemos seguir e “des-seguir” com a velocidade de um clique, e isso é maravilhoso! Sim, eu já tive uma época em que precisei me esvaziar, me desconstruir em relação a muitas coisas, e até torcia o nariz para as redes sociais, mas ainda bem que mudamos! Porque, como sendo uma ferramenta, podemos escolher de que lado podemos ficar. E eu escolho o lado que me faz bem.

Por um mundo com menos palavras rudes, com menos reclamações sobre conteúdos em meios digitais, e principalmente, com menos expectativas sobre o outro. E que possamos aproveitar as oportunidades que a vida nos dá, seja fazendo um retiro com detox digital, ou seja simplesmente twitando uma frase bonita que vai fazer alguém, antes triste, sorrir. O que vale, no fim de tudo, é o equilíbrio, é trilharmos sempre pelo caminho do meio.

Que possamos ser sal da terra e luz nessa imensidão da internet.

Categorias: Inspirações

Seja como uma pedra no lago

Somos como uma grande rede: nossas ações acabam por influenciar ações de pessoas que convivem conosco ou até mesmo de indivíduos próximos que sequer têm contato conosco. Associo isso ao campo energético e isso pode ser visto tanto em ações boas quanto em ruins.

É como uma pedra atirada ao lago calmo. Aos poucos forma-se uma onda que se espalha e se distancia cada vez mais até que a água volte a ficar parada e cristalina. Ora, mas se nossas ações boas influenciam a todos ao nosso redor e depois o lago volta a ficar parado, o que fazer para que esse movimento continue constante? Simples: continue provocando boas ações.

Se cada um de nós produzirmos boas ações em sequência e constantemente, o movimento não cessará. É como escovar os dentes e tomar banho, depois de um tempo torna-se um hábito – e deve ser assim enquanto vivermos.

Irradie amor, espalhe boas ações, seja o protagonista de uma mudança, mas tenha em mente que sem um esforço constante, o movimento causado pela sua pedrinha atirada ao lago logo cessará e que a única forma de mater o movimento nas águas é estar sempre em estado de alerta e produzindo boas ações.

Por um mundo com mais protagonistas, com mais ações benéficas e mais atitudes. E que ações como estas se tornem um hábito na vida de cada um de vocês, e não apenas um episódio isolado.

O que você vai fazer de bom hoje? Qual será sua boa ação do dia? Vamos começar?

Categorias: Comportamento

Recomece sempre que necessário

Recomece sempre que necessário | Vida Minimalista

Cada um tem sua história, sua trajetória de vida e comportamento. Em nossa estrada muitas vezes encontramos curvas, bifurcações, e em algumas situações, por distração ou simplesmente por não estarmos vivendo o momento presente devido a diferentes motivos, acabamos por pegar um outro caminho.

Uma estilo de vida minimalista, como sempre falo por aqui, é uma história de autoconhecimento, na qual cada mudança que fazemos, cada passo que damos, nos tiram da zona de conforto e nos fazem experimentar desafios que nem sempre estamos preparados.

É muito mais fácil desistir? Sim! Em todos os casos em que trabalhamos com o autoconhecimento e com a autodisciplina muitas vezes nos sentimos desmotivados a continuar no caminho o qual planejamos, mas dar uma pausa nem sempre significa desistir. Às vezes tudo o que precisamos é recalcular a rota, planejar novas estradas e abastecer, para que consigamos voltar ainda mais firmes para a estrada.

Você pode estar fazendo no momento uma reeducação alimentar, mas comendo brigadeiro na panela. Pode estar caminhando para o vegetarianismo mas se entregando a um churrasco no último fim de semana. Buscando viver uma vida mais simples e minimalista, mas descobrindo que na última visita ao shopping comprou por impulso coisas das quais não precisava. E está tudo bem.

Está tudo bem porque criar um novo hábito nos tira completamente da nossa zona de conforto. Mas, assim como a reeducação alimentar para alguém muito acima do peso tem seus altos e baixos, repensar a forma como consumimos também deve ser exercitado até tornar-se um hábito, algo natural.

Toda mudança de hábito está intimamente relacionada ao nosso centro de emoções. Muitas das vezes compramos, comemos ou fazemos algo que gostaríamos de ter mudado por depositarmos naquela ação um sentimento. Pode ser um ponto de fuga que nos traz alívio imediato, porém não duradouro. E então depois pensamos no quanto não valeu a pena sairmos da estrada, vindo em seguida o sentimento de culpa.

Porém, pra ser sincera, não precisamos sentir culpa de nada! Tudo o que precisamos fazer – em qualquer dos casos mencionados – é nos reerguer, limpar a poeira e traçar um novo plano buscando a motivação certa.

Se você acha que minimalismo ou qualquer outra mudança de hábito não é pra você mas mesmo assim gostaria de tentar, comece aos poucos. Um passo de cada vez, e quando você perceber, estará mais longe do que imaginava.

E se tem uma dica que dou a quem me pergunta como voltar a viver um estilo de vida mais simples e minimalista é: recomece pelo que lhe é possível. Abra seu guarda-roupas. Será que todas as roupas ainda lhe servem? Será que não tem coisa demais? E seu banheiro, como estão seus cosméticos? Sabe aquela gaveta de papelada? Por que não tentar fazer uma super arrumação e destralhar tudo?

Comece – ou recomece – pequeno. Uma gaveta por vez. Uma pasta por vez. E quando perceber, encontrará novamente aquela força para fazer uma grande mudança. Porque às vezes tudo o que precisamos é de uma gaveta arrumada e uma mesa limpa para que possamos respirar fundo e recomeçar.

E quantas vezes devo recomeçar? Ora, quantas vezes forem necessárias.

foto: pixabay.com

]]>