Quando mergulhei de cabeça no autoconhecimento, comecei a perceber coisas em mim que jamais havia percebido antes: comportamentos, falas, pensamentos recorrentes que muito provavelmente não tinham iniciado recentemente, mas sim há muito tempo – talvez nem mesmo nesta vida.
Então tornei-me observadora de mim mesma, afinal, se estou pensando e agindo, quem é que pensa os meus pensamentos?
O caminho espiritual junto com a psicoterapia me ajudou nesse distanciamento, de me observar por fora e analisar meus próprios passos como alguém de fora. A racionalização de tudo que me cercava me colocou num lugar seguro, importante e muito benéfico para o momento em que estava passando. Um momento de rupturas, de dores, de não compreensão de tudo o que estava acontecendo não apenas comigo, mas com o mundo.
Então esfriei. Deixei de sentir. Eu passei a tentar compreender meus sentimentos por meio de explicações racionais. Palavras. Textos. Para um dia de felicidade, uma explicação. Para um momento de choro, outra. Tudo é causa e consequência, portanto, tudo deve haver uma explicação.
A magia da espiritualidade não fazia mais tanto sentido, já que tudo é explicável e é passível de ser racionalizado. Mas há uma coisa que não tem como colocar em palavras: as experiências mais sutis que a vida espiritual nos proporciona. Há um sentir para além do sentir explicável que linguagem alguma dá conta. E foi aí que me senti como se os trilhos do meu trem tivessem acabado do nada. Não há mais para onde ir seguindo um parâmetro. Um passo além disso e todo controle, todo script, todo o explicável se esvai.
E foi então que percebi que algo estava faltando: mais uma vez o equilíbrio. O me permitir sentir com algo que vai além do coração e além da razão. Porque a espiritualidade tem uma mágica que, mesmo lendo todos os textos sagrados, mesmo recitando os mais difíceis sutras e mantras, mesmo sabendo toda a história da religião, não chegamos.
Há algo além que só é acessível por meio da experiência pessoal. E essa experiência, esse sentir, não há como explicar pois está para além da linguagem humana.
E então, volto para mim mesma, me olho no espelho dentro dos meus olhos e vejo que toda racionalização, toda hiperpsicologização dá conta de uma parte de mim. Mas somente o fechar os olhos, o meditar, o sentir é que dá conta de todo o resto.
Adoro seus textos, sempre me fazem refletir e até encontrar algumas respostas para minhas dores íntimas.
Obrigada por compartilhar seus pensamentos conosco 💚