Eu tenho duas casas. Uma no Rio de Janeiro, que é o apartamento, e a nossa antiga casa de praia que minha família comprou quando eu ainda era criança. O fato é que a casa de praia que era usada apenas pra veraneio e passeios de fim de semana, com o tempo foi ganhando status de lar.
Porém, ao longo do tempo, essa casa foi montada com as coisas que não queríamos mais no apartamento. Compramos um fogão novo? O antigo vai pra lá. Comprei travesseiro novo? O velho vai pra lá. Comprei roupas novas? As que não quero mais vão pra lá… e aí que está o X da questão.
Hoje a casa se tornou a moradia dos meus pais. A pandemia adiantou o sonho deles de ficar por lá quando se aposentassem e hoje isso já é quase realidade. Mas voltando às minhas roupas, por qual motivo conto essa história?
Por causa disso: As roupas que não quero mais, vão pra lá.
Hoje, fazendo uma super arrumação no meu armário, percebi um comportamento que tive durante anos e que talvez tenha contribuído pra eu me sentir desmotivada a ir pra lá.
Quando faço uma arrumação por aqui, tenho em mente 3 categorias:
- Roupas que gosto, servem e vou manter no armário
- Roupas que estou em dúvida mas que acho que não usaria mais
- Roupas que tenho certeza que não quero mais e que posso doar
Claro, todas essas estão em bom estado. Roupas rasgadas ou que precisam de ajustes, coloco em uma categoria para conserto.
E então, qual roupa que levo pra casa de praia? As da categoria 2: roupas que talvez não usaria mais, só que ainda estou em dúvidas. Geralmente por algum apelo emocional ou por outras razões.
Então, qual o resultado disso tudo? No meu apartamento, minha moradia oficial, tenho um lindo armário planejado, com roupas que combinam entre si, que dizem exatamente quem sou e refletem o meu estilo. Roupas que me fazem sorrir ao abrir o guarda-roupas, ou na linguagem Kondoriana (Marie Kondo), peças que me trazem alegria.
Por outro lado, nem preciso dizer como me sinto com o guarda-roupas da outra casa, não é mesmo?
Sempre que chego lá e preciso me vestir pra algo, demoro pra encontrar peças que combinam entre si. Calça mostarda com blusa vermelha? Não. Calça verde com blusa azul? Não… até que acho uma combinação mais ou menos. E assim me visto, mais ou menos…
A resposta pra pergunta se isso me trás alegria é nitidamente um NÃO.
E qual estratégia decidi fazer hoje?
Hoje decidi desapegar das roupas da categoria 2. Aquelas que tenho dúvidas, que não sei ao certo se gosto ou não, que tenho um certo apego emocional mas que dá pra levar pra outra casa…
Foram todas pra sacola de doação.
E o que farei, afinal?
Quero ter apenas roupas que me trazem alegria também na casa de praia. Quero ter um armário reflexo de quem sou, tanto lá quanto aqui. Quero abrir as portas e gavetas e sorrir com a mesma alegria que sorrio aqui.
Decidi, então, manter apenas as peças da categoria 1, as que gosto, me fazem bem, me trazem alegria e refletem minha identidade. Ao final do processo, separarei em torno de 20% delas pra levar pra outra casa. Lá, farei o mesmo processo, desapegando de tudo que não reflete quem sou.
Lá é tão meu lar quanto aqui e merece ser tratado como tal. Merece o melhor, não mais o que eu não gosto ou as coisas mais ou menos, pelo menos em se tratando de roupas. Quero chegar lá e saber que posso me vestir de quem eu sou, a qualquer momento, sem me sentir pra baixo e desmotivada. A segunda casa merece tanto amor e carinho quanto a oficial, afinal, lá também é meu lar.