Categorias: Meu Diário

Não adianta, eu amo blogs

Eu amo blogs | Camile Carvalho | Vida Minimalista

Eu juro que tentei. Já até programei posts pro meu Instagram em uma época. Fiz planejamento de conteúdo, defini um nicho, passei horas diante de uma tela pensando como eu poderia fazer diferente, melhor, adaptado à nova realidade.

Mas nunca fluiu.

Pode parecer estranho, mas estou pra completar 40 anos no dia 18 de abril e isso tem me feito refletir muito sobre minha trajetória de vida, e isso inclui a internet.

Aquela frase “eu estava aqui desde quando isso tudo era mato” é clichê, mas se aplica perfeitamente em mim. Eu vi a internet nascer. O primeiro contato que eu tive com um computador foi ainda na escola e a única coisa que tínhamos pra fazer era mexer com uma tartaruguinha digitando comandos para frente (PF), esquerda (ESQ) e quantos pixels deveria caminhar. Pra fazer um quadrado, tínhamos que usar PF50, ESQ90 e repetir até que o quadrado estivesse formado.

Sou da época do MSDOS. Tela azul com letras brancas, ou tela preta com letras verdes. Era só isso, e a empolgação de que um novo mundo estava diante de meus olhos era muito real.

Vi tudo isso se transformar até que chegou a possibilidade de termos o nosso próprio terreno na internet. Alguns sites ofereciam essa possibilidade, como o kit.net, onde eu tive o meu primeiro site. Usei MySpace, Weblogger entre outros e sempre gostei de compartilhar fotos, pensamentos, ideias sobre tudo. Até que enfim, foi criado o modelo de blog, no qual eu não precisaria mais usar o Frontpage pra mexer nos códigos HTML (o qual fiz curso!). Me aventurei a aprender CSS e nunca mais parei de escrever, estudar sobre o assunto e interagir com essa nova possibilidade de colocar a voz no mundo.

Mas as coisas mudam e eu fiquei pra trás. Sim, é essa a sensação que eu tenho. Agarrada às palavras, ao textão, à espontaneidade, do Fotolog pro Instagram foi um pulo. É verdade que bem no início usávamos aqueles filtros toscos pra que as fotos parecessem vintage, tirávamos fotos de comida, de planta, de sapato. Era tudo muito legal e diferente do que todos já estavam acostumados a fazer. O Instagram era um espaço pra experimentações. Podíamos conhecer um pouquinho mais do cotidiano não-mostrado dos nossos amigos. Até que houve uma virada no modo de produzir conteúdo.

Aliás, o próprio termo “produzir conteúdo” já indica muita coisa. Deixamos de ser as pessoas que compartilham de forma espontânea pequenos cliques do cotidiano para sermos os produtores de conteúdo. Cada um viu na plataforma um espaço de buscar seu lugar ao sol, e isso não é algo negativo. Mas tudo foi acelerando de um modo esquisito (para mim). Tem que produzir, tem que aparecer, tem que postar, tem que usar hashtag x y z, tem que… e essa agonia acabou me desmotivando a estar ali, ao mesmo tempo em que a plataforma não entregava mais, meus amigos não viam o que eu postava e eu só consigo ver propagandas goela abaixo.

Está chato, muito chato.

A internet, aliás, foi se transformando em um ambiente hostil pra mim. Se antes eu sentia que estava escrevendo para pessoas, para uma comunidade, hoje me vejo escrevendo pro vento. A minha sorte é que eu gosto de escrever pra mim mesma, a única diferença aqui é que eu clico no botão “publicar”.

Eu decidi voltar. Pode ser que eu mude de ideia daqui a 1 ano, 1 mês ou 1 dia. Mas por enquanto estou aqui. Com o domínio no meu próprio nome, deixando visível praticamente todos os posts do meu antigo blog Vida Minimalista (que entrou no ar em 2010), e com a vontade de revisar cada um deles, aos poucos.

Qual o meu nicho? Eu não sei. Como me defino? Também não faço ideia. Eu sou essa pessoa que aprende algo, reflete e escreve sobre o assunto, mais como uma forma de registro pessoal do que com a intenção de ser uma produtora de conteúdo para os outros. Eu escrevo pra mim, e gostaria de continuar sendo assim. Acho que toda minha agonia com a internet veio no momento em que comecei a pensar que deveria produzir conteúdo pros outros.

O que as pessoas querem ver aqui? Qual o tom da minha fala? Como fotografar de um jeito que agrade? Como agradar aos outros? Como me encaixar em um lugar que não me pertence? Foi isso. Foi esse o ponto onde tudo desandou. Mas basta.

Hoje eu quero escrever pra mim. Pois escrevendo pra mim eu atrairei pessoas que se alinham a quem eu sou. O texto é longo e você leu até aqui? Então você é como eu. Eu não quero me adaptar, nem tampouco quero que se adaptem a mim. Quero que seja espontâneo, leve e divertido para todos nós. Somente assim serei capaz de manter a constância fazendo algo que eu realmente amo fazer: escrever, registrar, inspirar e me conectar com pessoas reais, sem a interferência dos algoritmos.

Categorias: Papel

Criando o meu moodboard

Criando o meu moodboard | Camile Carvalho | Vida Minimalista

Volta e meia eu venho aqui contar a vocês que me reanimei a escrever novamente no blog e deixar registrada a minha vida, usando este espaço como um diário online. Mas a verdade é que por eu ter voltado a escrever no papel, acabei reduzindo demais o meu tempo de tela. Ando fugindo um pouco das redes sociais, da superexposição e, principalmente, do excesso de informação por aí que me deixa paralisada.

Mas hoje me deu vontade de abrir o blog à tarde e navegar por ele, observando os pequenos detalhes: será que se eu fosse uma visitante, eu gostaria de navegar por aqui (como eu costumava fazer com os outros?).

Deixando o blog a minha cara

O primeiro passo eu deveria dar: deixar aqui com a minha cara, minha essência no momento. O que sinto é que estou bastante diferente do que ando mostrando externamente, até mesmo pela internet. Há um movimento interno que somente os meus papeis conhecem e testemunham, mas me senti confortável o suficiente pra escrever aqui e deixar registrado depois de pensar em como deixar este ambiente mais parecido com o que estou sentindo.

O primeiro passo foi criar um moodboard, ou seja, um painel de inspirações colocando imagens e textos que tivessem me tocado de alguma forma. O melhor lugar pra isso foi o Pinterest (aliás, você pode conhecer esse meu painel aqui). Salvei imagens que ressoavam, e o melhor de tudo é que com poucos minutos de uso o próprio Pinterest começa a mandar sugestões que têm tudo a ver com a espiral que entramos. Esse é um dos poucos benefícios que percebo no tal do algoritmo.

Criei um painel no Canva

Abri então um documento no Canva no tamanho A4 e comecei a colar algumas delas. Misturando um pouco o novo título do blog, ilustrações, imagens e fotos que eu mesma fiz, montei um painel de forma bem espontânea. A minha ideia era pra ser bem simples sem me preocupar demais com a perfeição. Eu só queria ter um conjunto de imagens, cores e elementos que expressassem o que está acontecendo aqui dentro, e o resultado foi esse da imagem.

Eu sei, há muitas “loucas dos cadernos e planners e papelaria” por aqui, então já deixo a informação que tenho usado o fichário A5 da Cícero (agenda 2023). Ele vem com a agenda e as divisórias pra cada mês e eu gosto de deixar todas as minhas inspirações anotadas divididas por mês. É fascinante folhear os primeiros meses do ano e perceber o quanto eu mudei!

Mas, voltando ao moodboard, imprimi duas páginas em uma só num papel reciclado, cortei e furei. Adicionei como a capa do mês de novembro, ou seja, a primeira página. A princípio a ideia era apenas fazer esse registro pra me inspirar ao longo do mês, até mesmo pra me guiar nas publicações daqui, mudanças na identidade visual e postagens do Instagram, mas por fim, acho que vou fazer isso todos os meses. É como um registro fotográfico, imagético de como eu estou internamente a cada mês. Acredito que ao longo de 1 ano as imagens e cores mudariam bastante.

Criando o meu moodboard | Camile Carvalho | Vida Minimalista

Eu sou apaixonada pelo fichário A5 da Cícero (eles nomeiam como Caderno Criativo). Já tentei usar o de tamanho maior (17x24cm) mas pra mim não funcionou muito bem. A praticidade de carregar pra qualquer canto somado à facilidade de dobrar um papel A4 ao meio, furar e adicionar faz toda a diferença pra mim. A minha ideia é que a cada ano eu possa guardar na prateleira junto aos livros esse fichário com a coletânea de ideias criativas – e sim, ele fica do tamanho dos livros.

Mas isso é papo para um outro post. Quem sabe eu fotografe e fale de cada caderno que estou usando e pra que? Só tem um porém: talvez eu crie uma crise existencial por lidar com aqueles cadernos que comprei só porque são bonitos mas que ainda não achei uma utilidade… ou aqueles que comprei pensando que seriam úteis e ficaram abandonados. Ou aqueles que mudei a função… ou… enfim, acho que vocês entendem, não é mesmo?

Criando o meu moodboard | Camile Carvalho | Vida Minimalista

Estou em uma vibe de cogumelos, florestas, verde-musgo, tons terrosos. Um pouco diferente do rosa e lilás que eu vinha usando ultimamente, principalmente das minhas fotografias bem clarinhas e minimalistas. A impressão é que entrei numa floresta úmida e estou cercada de cogumelos, corujas, mistérios e antiguidades. Acho que a Camile de 2014 ficaria orgulhosa de ver esse movimento retornando em pleno 2023.

Me contem, vocês também percebem essas mudanças? Já tentaram associar com alguns ciclos da vida ou até mesmo da natureza? Como vocês pensam sobre essas transformações internas?

Categorias: Meu Diário

Resgatando meus diários da infância

Eu mal acreditei quando abri a sacola empoeirada esquecida no canto de um armário na casa dos meus pais. Para mim, ali teria alguns cadernos velhos da época da escola, ou até mesmo livros antigos, pelo peso e volume da sacola. Mas o que encontrei ali foi muito mais valioso que simples papeis velhos: meus diários.

Desde julho deste ano (2023) eu venho retornando, lentamente, ao hábito de escrever à mão. Eu, que só escrevia no computador, e até mesmo fazia uma espécie de diário no 750words.com sem muita rotina, comecei anotando as matérias da graduação em Ciências da Religião num caderno. Depois, conheci a linha dos Cadernos Criativos da Cícero e me apaixonei. Depois, fui pro Caderno Inteligente, e a cada item que comprava, minha vontade de escrever à mão só aumentava.

No começo a minha letra era muito feia. Eu percebia que não tinha muito controle sobre o ajuste fino da minha mão sobre a caneta. Pensava em escrever um F e saía outra coisa. Às vezes travava numa palavra, repetia letras, esquecia de outras. Isso foi algo muito, mas muito esquisito e vocês não imagina o quão assustada fiquei vendo que durante uma escrita corrida eu pouco tinha controle sobre os movimentos da minha própria mão.

Eu sabia que precisava escrever mais e mais. E continuei. Hoje olho pros meus cadernos e fico feliz em saber que melhorei muito esse controle e já consigo escrever por um longo tempo sem sentir cãibras, dores no pulso e no ombro.

Mas, voltando aos diários, vou contar um impasse que eu estava nestes últimos meses.

Eu sabia que queria algo com esses cadernos. Eu queria ter um registro da minha vida que eu pudesse armazenar anualmente na minha prateleira junto aos meus livros. Algo que eu pudesse carregar comigo para onde eu fosse. Que tivesse ali meus conhecimentos, aprendizados e sentimentos. Fotos, imagens, recortes. Eu não sabia bem o que era isso que eu queria. Não era uma agenda. Não era um “querido diário” infantil.

Li livros sobre tudo isso. Bullet Journal, Listas, GTD, Commonplace Book, Journalling, e tudo o que vocês puderem imaginar. Eu entrava no Pinterest e encontrava cadernos tão perfeitos, com uma caligrafia tão linda que eu tinha que dar zoom na imagem pra me certificar que aquilo realmente havia sido escrito por alguém. Pareciam impressão. O meu sentimento era de que eu nunca conseguiria fazer um caderno desses, pois minha letra ainda estava meio caótica, eu não tinha as folhas perfeitas e nem as canetas adequadas. Eu precisaria investir muito tempo e dinheiro pra chegar a esse nível. Não, não era ainda isso.

E eu percebia que não tinha opções. Testei de tudo. Peguei minha caderneta da Cícero e comecei as Morning Pages, aquela prática de escrever 3 páginas pela manhã. Mas fiquei agoniada pois, de manhã o tempo é mais corrido pra mim e enquanto eu escrevia, pensava que ainda precisava trocar a água do cachorro, passar o aspirador, colocar a água do beija-flor, arrumar a cama, fazer comida etc. Eu simplesmente não tinha cabeça pra me concentrar. Mas à noite sim. Então mudei meu caderno pra Night Pages, e então, aí sim, conseguia escrever muito mais que 3 páginas.

Então veio o Bullet Journal e testei usá-lo ali mesmo, no meu caderno do Morning Pages que virou Night Pages que virou Bullet Journal. Mas aí achei que ele ficou tão frio, que comecei a escrever meus sentimentos em textão no meio dele. Hoje ele se tornou um caderno caótico, de tudo, sem um propósito definido. E assim, ele ficou bem legal, acompanhando minha mente a cada dia.

Mas foi apenas folheando meus diários, hoje que eu tive um insight. Eu comprava, a cada ano, uma agenda com uma página pra cada dia. E ali eu escrevia de tudo um pouco, de forma espontânea. Podia ser um aniversário, uma tarefa, o que fiz no dia, um professor chato, um encontro com as amigas, um sentimento. Cartinhas de amor nunca enviadas eram anexadas. Fotografias. Embalagem de bombom que ganhei do paquera. Bilhetinhos das amigas recebidos no meio da aula. Tudo, tudo ali, naquela agenda que cabia de tudo um pouco.

Então entendi que é isso que eu buscava, só não tinha um termo. Eu queria escrever, de forma espontânea, sobre o que viesse à minha mente naquele dia. Sem fórmulas. Sem estrutura. Sem seguir um método. Sem nomes em inglês. Tudo o que eu busquei, durante esse último semestre, foi retornar ao hábito de ter uma agenda e escrever livremente, como um diário, nela. Joguei todos os nomes em inglês no lixo e fiquei com apenas uma única descrição: diário.

Simples, como antigamente. Descomplicado. Espontâneo. E assim eu vou (re)começar um hábito que eu havia pausado por um tempo na minha vida.

Quem vem comigo?
Quem já faz isso?