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Organizando a casa e a mente

Todo sábado de manhã reservo um tempo pra me organizar. Pra mim, é o tempo em que estou comigo mesma, no silêncio do apartamento após uma noite bem dormida sem ter hora pra acordar (e mesmo assim acordo cedo).

Tomo meu café da manhã com calma sem pensar nos compromissos do dia. Assisto alguns vídeos inspiradores pelo YouTube, escuto a homilia do dia enquanto começo a organização. Primeiro, a sala de estar. Varro, passo um pano nos móveis, coloco no lugar o que está desordenado. Depois, a cozinha. A impressão é que durante a semana passa um furacão, embora eu me considere muito serena em relação ao tempo, aos meus deveres e tarefas de casa. Mas há algo de especial no sábado de manhã que não sei explicar.

Hoje foi uma manhã de chuva e frio aqui no Rio de Janeiro. Após organizar tudo que precisava, sentei-me diante do meu computador e comecei a fazer uma faxina digital. Excluí, sem dó, mais de 6Gb de arquivos duplicados, inúteis, registros, fotos e imagens as quais não me eram mais úteis. Reorganizei todo o meu sistema de pastas do Google Drive e, como num passe de mágica, até parece mesmo que o computador funciona mais rapidamente após esse destralhe. Sinto que a cada nova faxina, tanto física quanto digital, sai um peso enorme dos meus ombros, pois revisito memórias do passado as quais não gostaria sequer de relembrar há alguns meses. Mas hoje, ao revisitar a poeira jogada pra debaixo do tapete, sinto que muitas feridas abertas já estão cicatrizadas.

Dizem que o tempo cura, e acredito que seja verdade. Mas acredito também que a cada dor que passamos, nos tornamos mais fortes e maduros, como numa fase de um jogo, onde os desafios aumentam a cada etapa superada.

Ah, amigos leitores, há tanto que eu gostaria de registrar aqui em palavras… queira Deus que eu consiga transbordar tudo o que sinto hoje após o furacão que me arrancou todas as certezas e estruturas e me recolocou novamente nos braços de Deus. Às vezes me pergunto: quem se importa com tudo isso? Mas vejam bem, essa é a história da minha vida e, por mais insignificante que possa parecer para quem me lê, pode haver uma só pessoa que derrame uma lágrima ao ter sua alma tocada por uma mísera palavra. Então escrevo. E será isso daqui pra frente: abrir uma página em branco e simplesmente deixar minha alma transbordar sobre esse teclado é como encontrar um propósito maior pra tudo aquilo que vivi.

Ah, e não me esqueci. Seguirei com o relato do caos e como voltei ao cristianismo em breve, só preciso pegar um pouco mais de fôlego com esse tipo de escrita mais superficial, sobre como organizei meu computador num sábado de manhã.

Acho que a vida é sobre isso, entre palavras difíceis de serem escritas, varremos um chão, deletamos arquivos, pra abrir espaço mental e fazer movimentar os dedos no teclado e as palavras na cabeça pra um próximo texto mais importante.

Obrigada a todos pelas mensagens que recebi no último texto, tanto por aqui pelo blog quanto por email. Aliás, eu nem imaginava que tanta gente ainda estava inscrita para receber as atualizações em seus emails. Um agradecimento especial a todos vocês!

Qual o momento da semana que vocês tiram um tempo pra organizar e limpar a casa, a vida e os pensamentos?

Categorias: Reflexões

Quando a hiperracionalização não deu conta

Quando a hiperracionalização não deu conta | Camile Carvalho

Quando mergulhei de cabeça no autoconhecimento, comecei a perceber coisas em mim que jamais havia percebido antes: comportamentos, falas, pensamentos recorrentes que muito provavelmente não tinham iniciado recentemente, mas sim há muito tempo – talvez nem mesmo nesta vida.

Então tornei-me observadora de mim mesma, afinal, se estou pensando e agindo, quem é que pensa os meus pensamentos?

O caminho espiritual junto com a psicoterapia me ajudou nesse distanciamento, de me observar por fora e analisar meus próprios passos como alguém de fora. A racionalização de tudo que me cercava me colocou num lugar seguro, importante e muito benéfico para o momento em que estava passando. Um momento de rupturas, de dores, de não compreensão de tudo o que estava acontecendo não apenas comigo, mas com o mundo.

Então esfriei. Deixei de sentir. Eu passei a tentar compreender meus sentimentos por meio de explicações racionais. Palavras. Textos. Para um dia de felicidade, uma explicação. Para um momento de choro, outra. Tudo é causa e consequência, portanto, tudo deve haver uma explicação.

A magia da espiritualidade não fazia mais tanto sentido, já que tudo é explicável e é passível de ser racionalizado. Mas há uma coisa que não tem como colocar em palavras: as experiências mais sutis que a vida espiritual nos proporciona. Há um sentir para além do sentir explicável que linguagem alguma dá conta. E foi aí que me senti como se os trilhos do meu trem tivessem acabado do nada. Não há mais para onde ir seguindo um parâmetro. Um passo além disso e todo controle, todo script, todo o explicável se esvai.

E foi então que percebi que algo estava faltando: mais uma vez o equilíbrio. O me permitir sentir com algo que vai além do coração e além da razão. Porque a espiritualidade tem uma mágica que, mesmo lendo todos os textos sagrados, mesmo recitando os mais difíceis sutras e mantras, mesmo sabendo toda a história da religião, não chegamos.

Há algo além que só é acessível por meio da experiência pessoal. E essa experiência, esse sentir, não há como explicar pois está para além da linguagem humana.

E então, volto para mim mesma, me olho no espelho dentro dos meus olhos e vejo que toda racionalização, toda hiperpsicologização dá conta de uma parte de mim. Mas somente o fechar os olhos, o meditar, o sentir é que dá conta de todo o resto.

Categorias: Livros

Os prós da leitura no livro físico

Eu tenho uma mania: vejo meus livros como material de consulta e não como uma leitura que se encerra quando concluo o último parágrafo.

E esse é um dos motivos pelos quais prefiro o livro impresso, mas também por outros motivos que vou listar a seguir:

  • Posso folhear livremente pra achar alguma parte
  • É mais fácil de encontrar minhas anotações, desenhos, esquemas que escrevo à lápis
  • Posso usar flags coloridas e categorizar por tema
  • Posso usar meus marca-textos (embora no digital também tenha essa possibilidade)
  • Colo post-its nas páginas resumindo ou comentando algo importante
  • Uso os livros como meus próprios cadernos não precisando escrever sobre eles em nenhum outro sistema (faço apenas se quiser)

Claro que tem contras, mas hoje vim falar dos prós de continuar comprando livros físicos. Mas agora quero saber: pra vocês, quais os prós de continuar lendo em livros impressos em vez do digital?