Categorias: Minimalismo

Menos é muito mais: o livro que me tocou com uma frase

Depois de um longo período praticamente de cama, por causa de uma infecção no meu siso, finalmente consegui extraí-lo. Eu pensei que seria o pior momento da minha vida (a dramática) mas tudo ocorreu tão bem que eu sequer senti dor alguma.

Eu sei, quem me acompanha somente pelo blog perdeu o fio do contexto justamente por eu só ter falado sobre isso lá no Instagram e eu não quero que pareça que quem me segue lá é privilegiado. Isso significa que sim, eu preciso trazer mais conteúdo pra cá, contar mais sobre o que vem acontecendo em minha vida por aqui mesmo, pois eu tomei a decisão de manter o blog como o meu cantinho principal. Mas vamos ao que interessa (um outro momento falo sobre o dente. Ou não).

Reassinando o Kindle Unlimited

Depois da extração do siso, precisei ficar de molho em casa, sem fazer praticamente nada. Os dois primeiros dias são muito sensíveis e qualquer sangramento pode ser bem ruim.

Eu já havia desistido de assinar o Kindle Unlimited pois nunca mais havia lido por ali. Havia alguns livros ainda de assuntos que nem me interessavam mais, então em um momento de redução de gastos cortei a assinatura do KU. No entanto, me foi oferecida aquela adorável oferta de R$ 1,99 por 3 meses e acabei aceitando.

Isso foi bom. Eu já estava entediada em casa sem ter muito o que fazer por causa do siso e acabei voltando a um comportamento do qual eu já havia desapegado: ficar olhando o celular antes de dormir até ser vencida pelo cansaço… Precisei dar um basta.

Larguei o celular em um canto e peguei meu Kindle. Eu confesso que não estava muito animada em ler por ali pois gosto muito de fazer leituras densas. Sempre tento extrair dos livros o máximo que posso e por isso estou sempre sobre a minha escrivaninha com meus livros abertos, lapiseira na mão, régua e marca-textos… eu nunca leio um livro por ler, e por esse motivo o Kindle já não me atraía mais.

Mas eu precisava me permitir ler algum livro bobinho, só pra que eu não estendesse a mão e pegasse o celular pra rolar o feed eternamente. Navegando pela loja, encontrei o livro “O ano em que menos é muito mais”, da blogueira Cait Flanders. Era o que eu precisava ler no momento.

Sabe esses livros leves e aparentemente mais do mesmo, mas que em 3 ou 4 frases nossa mente vira uma chave? Pois então. Foi exatamente isso o que aconteceu.

Escolhi um livro sobre minimalismo pra ler

No livro, Cait nos conta sobre seu desafio de passar 1 ano sem compras enquanto também lutava contra o alcoolismo. São vários vícios associados, na verdade, sendo que um deles era, de fato, a compra por impulso. Ela então decidiu registrar tudo no blog e depois escrever o livro sobre sua experiência. Mas há algumas frases que me chamaram muito a atenção e que me impulsionaram a repensar a vida que estou levando agora:

“Só conseguia ver duas categorias, na verdade: as coisas que usava e as coisas que queria que minha versão ideal usasse. As coisas que queria que minha versão ideal usasse eram todas aquelas que eu havia comprado na esperança de um dia usar para tornar minha vida melhor.”

Aqui há um ponto muito interessante: eu tenho comprado coisas para quem eu sou hoje ou para uma personagem que quero adotar no futuro? Será que tudo que ando adquirindo realmente conversa com quem eu sou? Os livros, roupas, alimentos… eles são para o meu eu do presente ou projetam alguém que eu ainda não sou e sequer sei se um dia serei?

Vejam bem, quando queremos mudar de vida, de estilo, de alimentação, é normal que mudemos também o nosso consumo. Passamos a comprar comidas mais saudáveis, compramos roupas no novo estilo… mas há algo antes a ser refletido sobre isso, principalmente roupas e objetos: eu quero me transformar nisso ou outra pessoa – a qual admiro – usa essas roupas e objetos? Será que eu quero mesmo me transformar nisso ou estou tentando imitar alguém que, ao meu ver, é bem sucedida?

“Para quem está comprando isso: para a pessoa que você é ou para a pessoa que quer ser?”

E então, baseado nessa única frase, que me atingiu como um soco no estômago, olhei para tudo que tenho ao meu redor e percebi quantas e quantas personagens caberiam aqui. Lendo meus livros. Usando minhas roupas. Navegando pelas diferentes redes sociais. Buscando agradar ao público A, B ou C. São meus múltiplos eus. Mas a questão que fica é: do que eu, a Camile, puramente eu, realmente gosto? Será que esses livros todos fazem sentido? Será que essas roupas todas fazem sentido? Afinal, o que faz sentido?

E então eu te pergunto: o que, realmente, faz sentido pra você quando você se despe de todos os seus personagens que você foi, que você é e aqueles que você ainda quer ser? Do que você realmente gosta? Quem você realmente é?

Categorias: Meu Diário

Por onde andam as blogueiras das antigas?

Blogueira das antigas | Camile Carvalho | camilecarvalho.com

Volta e meia me pergunto por onde andam aquelas meninas que eu seguia. Algumas eu continuo acompanhando pelo Instagram. Outras, perdi completamente o contato. Lembro-me bem daquela época em que visitávamos os blogs umas das outras. Não havia feed. Não havia propaganda entre os textos (a não ser aqueles banners do Google que ganhávamos centavos por cliques). Não existia muita coisa que tem hoje, como a pressa.

Sim, eu sou saudosista. Me pego pensando que quando comecei a blogar, era uma dificuldade só. Aprendi HTML e CSS na unha. Na verdade, antes mesmo do CSS, havia plataformas de blogs que só conseguíamos colocar imagem no post se tivéssemos a imagem hospedada em algum servidor (eu usava o kit.net), copiássemos a url e embedássemos no texto do post. Era assim, nada fácil, mas era muito satisfatório ver o resultado com aqueles gifs piscantes.

Então surgiu o Fotolog. Só poderíamos postar uma única foto por dia, mas quem era vip, podia até umas 10. Claro que eu usava o gratuito, embora já tivesse feito um teste pagando, sei lá, uns 30 reais pra ter um único mês de conta vip. Eu nunca fiz muito sucesso com aquilo ali, já que usava mesmo como um álbum de fotos com os amigos. Mas eu gostava, mesmo assim. Me sentia à frente do tempo, já que a maioria dos meus amigos não ligavam muito pra aquilo ali enquanto eu, a nerd do grupo, sabia até HTML!

Eu poderia passar a madrugada inteira arrumando o blog, os posts, as imagens quebradas… sim, porque só tínhamos mesmo a madrugada de internet, já que pagávamos caro pela discagem telefônica que só cobrava um único pulso após a meia noite. Os chats da UOL, depois o ICQ que acabou como o Orkut, devido à migração em massa para o MSN.

Eu tenho saudades daquela época. Parece que tudo era mais leve, divertido e tínhamos mesmo uma comunidade. Os blogs amigos, os links, os comentários… a impressão é que nos ajudávamos mais. Ali já tinha o início de uma monetização por causa dos banners dos blogs, empresas pagavam pelo espaço quadradinho na lateral, mas eu não via tanto a competição. A imposição. Não tinha essa coisa de “você está fazendo tal coisa errada e eu vou te ensinar o certo”. Sei lá, era tudo tão mais natural, espontâneo. Escrevíamos na língua do miguxês, chega a ser engraçado lembrar. Mas também, éramos adolescentes. Jovens descobrindo todo um mundo diante de uma tela, muito diferente das novas gerações que já nasceram com um tablet grudado no nariz.

Tínhamos a hora de conectar, entrávamos na internet. Mas hoje, minha gente, não entramos mais. Sequer conseguimos sair. E é isso que me dá agonia. Deixamos a vida levar ou tentamos sair do fluxo? Os jovens de hoje não sabem como é ter uma vida sem tudo isso. Eles não têm a referência da “hora de entrar na internet”. De descer pro play pra trocar adesivos, papel de carta. Eles não sabem como era ganhar um Pogobol e sequer pensar em tirar uma foto pra postar. Não existia postar. Não existia se mostrar para o mundo, a não ser pros próprios amiguinhos do play, da rua, da escola. Era tudo mais limitado, mas era bom. No que nos transformamos agora?

Sinto que somos o último suspiro da geração que viveu sem conhecer a internet. Somos aqueles que transitamos pela vida real offline e que descobriu um mundo encantado do campo minado, Windows 3.1, as primeiras impressoras matriciais, o disquete, o mp3.

Mas, no que estamos nos transformando? Somos a geração da transição. Temos um pé lá e um pé cá. Mas manter um pé em cada barco não é nada confortável. Enquanto um barco nos puxa para o saudosismo da desconexão, o outro nos puxa para a loucura das redes sociais, do online, da produção de conteúdo e Marketing Digital.

Como manter a sanidade com tudo isso? Como manter os dois pés em equilíbrio? Como ignorar todos os avanços tecnológicos que facilitaram muito a nossa vida, mas que, nos aprisionaram nos fazendo acreditar que é isso, e fora disso não há possibilidades? Mas como lidar com a ansiedade, com a dificuldade de pertencimento, com as dancinhas dos jovens, com os xingamentos por política, com tanto caos e loucura? Como lidar?

Seríamos nós a última lanterna acesa que poderia resgatar uma vida fora do caos? Ou seríamos nós os últimos que faltam para pular de vez na vida online sem olhar para trás?

Eu não tenho respostas. Eu sinceramente gostaria de tê-las. Mas por enquanto, finjo que sei usar o Instagram, o Twitter. Sou como aquele Tio Sukita da internet. Sou dos anos 80, quase quarentona. Que passa um longo tempo de um domingo silencioso escrevendo sobre como não consegue se adequar ao mundo das Redes Sociais enquanto finge costume num app de fotos.

Essa sou eu. Perdida. Com um pé aqui e outro acolá. Sem saber se tira o pé da lama da internet ou se mergulha de vez, até o pescoço, para saber como é viver completamente do ambiente digital.

Mas, enquanto não tenho respostas aos meus questionamentos, escrevo esse texto no meu velho Word, clico no ícone de disquete para salvá-lo e abro o meu livro sobre a mesa.

Sim, pois agora, minha gente, assim que eu clicar em Publicar, eu vou sair da internet. Não, não definitivamente. Eu entrei aqui só para postar. Pois eu ainda entro na internet e saio dela…

Queria que essa última frase fosse verdade, mas acabei de receber uma mensagem pelo WhatsApp e terei que respondê-la agora. Então não, eu não consigo mais entrar e sair da internet. Já estou mergulhada nela sem perceber. Será que tem saída? Será que alguém consegue? Quem conseguiu sair, será que um dia voltará para nos contar como é a vida do outro lado, offline, lendo um livro e folheando os papeis de carta?

Se ainda existem essas pessoas, eu gostaria muito de conhecê-las.

 

Categorias: Redes Sociais

Threads: minhas primeiras impressões sobre a nova rede social do Instagram

Sobre a rede social Threads do Instagram | Blog Camile Carvalho - Vida Minimalista

Eu sou das antigas, habitei a internet quando tudo era mato e precisávamos capinar entre os apitos do modem conectando à meia-noite. Vi nascer e morrer muitas redes sociais. mIRC, ICQ, MSN, Orkut, MySpace… Lembro-me bem quando uma amiga minha que morava nos Estados Unidos me enviou um convite para entrar no Facebook. Eu estava morando em São Paulo, era o ano de 2009 e eu estava deitada na minha cama. Abri o meu pesado notebook e me cadastrei. Olhei aquele caos todo, não entendi nada sobre as cutucadas e não o acessei por um longo tempo. E hoje ele é O Facebook.

Eu confesso que estava um pouco descrente sobre essa nova rede social. Havia ouvido falar, apenas, e não demonstrei vontade alguma de me cadastrar. “Talvez eu entre apenas pra reservar meu username”, pensei comigo mesma.

Mas assim que vi o burburinho, não me aguentei e lá fui eu fazer o meu cadastro no Threads. Aliás, será que esse nome pega aqui no Brasil? Pois bem. Já estamos completando 48 horas de app (que foi lançado às 20h do dia 5 de julho de 2023) e eu tenho as minhas primeiras impressões como usuária e como entendedora de tecnologias da comunicação, área do meu mestrado. Então vamos lá?

Mas que caos essa timeline!

A primeira coisa que notei no Threads foi o caos da timeline. Assim como eu, tenho certeza que muitas pessoas ficaram incomodadas com posts de famosos entupindo a página principal. Eu não via quem eu havia escohido seguir, aliás, não conseguia encontrá-los em lugar algum do meu feed. A solução que encontrei? Sair silenciando todos os famosinhos malas os quais não suporto. Foi um trabalho chato, porém, aos poucos eu já não os via por ali.

A dificuldade de comentar no Threads

Já repararam na dificuldade de clicar no botão de comentar um post? Os ícones são tão pequenos e estreitos que precisamos fazer um esforço pra acertar o ícone e não clicar nos botões do lado. Não gostei disso. O principal, numa rede dessa, além do like seriam os comentários, mas achei que houve um deslize por parte da arquitetura da informação pra deixá-lo de difícil acesso. Mas com jeitinho, conseguimos interagir.

O que estou fazendo aqui?

Foi uma das perguntas que mais vi na timeline. Era um burburinho, uma empolgação, todos tentando descobrir como usar, que personalidade usar, sobre o que falar. Eu mesma digo a vocês, fiquei um tanto perdida tentando entender o formato, como aquilo ali funcionaria. Isso é bem comum quando uma nova rede social surge, mas o diferencial do Threads é que sendo uma cópia exata do Twitter, achei que ficaríamos todos menos perdidos nesse dia zero.

Threads puxou todo o banco de usuários do Instagram

Eu percebi isso. Meus stories não estavam entregando, meus posts também não. Não sei se foi por causa do público no app que estava concentrado na nova rede mas não acredito que isso aconteceria. Um adendo: houve uma comemoração sobre recordes atingidos desde o primeiro dia da rede social. Aliás, comemoração com alfinetadas, não é mesmo? Mas achei um tanto desigual, já que havia previamente todo uma base de usuários do Instagram que, com poucos cliques já era possível abrir a conta no Threads. Queria ver se não houvesse essa base prévia e se precisássemos todos fazer um cadastro do zero. Será que haveria recorde?

Como usar o Threads, afinal?

Eu ainda estou testando o Threads. Senti falta de já terem lançado para web, pois sinto-me mais confortável escrevendo pelo computador e deixando o app aberto enquanto faço outras coisas – assim como faço com o Twitter.

Eu acredito que quem chega primeiro em uma rede social nova pega os melhores assentos. Se já chegarmos com um propósito, podemos moldar a forma como usaremos o app. Nos primeiros dias, devido ao algoritmo ainda não estar calibrado, somos expostos a muitas pessoas de fora da nossa bolha já pré-formada nas redes já estabelecidas, o que faz com que a chance de expandirmos para além do nosso público seja grande.

É uma oportunidade para quem usa o Instagram com propósito profissional, de aumentar a base de seguidores, por meio da produção de conteúdo no Threads e o chamado para seguir no Instagram. Ali há uma janela de oportunidade que logo se fechará, com a consolidação do algoritmo, que passará a entregar os posts de forma mais nichada.

Se você quer se consolidar no Threads, a hora é agora.

Agora, me conta: você já está na rede social nova? O que está achando dela? Me conte suas primeiras impressões.

Ah, e sigam-me no Threads: @camilecarvalho