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Os likes nas redes sociais e o movimento slow internet

Sobre likes nas redes sociais - Blog Camile Carvalho

Dando continuidade à saga das reflexões sobre as redes sociais, hoje vim escrever sobre outra questão relacionada à interatividade com quem acompanhamos. Afinal, por qual motivo distribuímos tantos likes? O que, afinal, representa o ato de clicar numa mãozinha (ou coração) e seguir a vida?

Na minha opinião, as redes sociais que usam o sistema de feed (sistema de rolagem contínua da tela que constantemente atualiza) nos instigam a permanecer nelas a maior quantidade de tempo possível. Isso é uma vantagem, já que quanto mais tempo ficamos olhando a tela, mais eles conseguem compreender nossos hábitos de comportamento para filtrar que tipo de anúncio exibirão para nós. Sim, é tudo relacionado a dinheiro.

A ideia é que passemos o tempo rolando a tela, inertes, com o mínimo de esforço possível, e daí surgiram os likes.

É muito simples: no Facebook, basta clicar numa mãozinha. No Instagram, basta clicar num coração ou duas vezes sobre a foto, e o ato se torna mecânico. Rola a tela, clica, rola, clica, e assim passamos minutos observando, inertes, pedaços da vida alheia sem qualquer tipo de interação. Nos tornamos passivos, olhamos uma foto, sorrimos. Olhamos outra, não gostamos, passamos pra próxima. E o clique no gostei, no like, no coração é como se fosse uma validação simples de “passei por aqui, já cumpri minha missão como amigo/seguidor dessa pessoa”.

É estranho, pra não dizer desesperador, o quanto vamos nos acostumando a ter novos comportamentos e passamos a achar tudo normal. Aonde, de fato, está a interatividade real quando adotamos um ato mecânico de checar as redes sociais pra ver as novidades e sair clicando, fazendo um check-in automático em tudo que vemos? Eu já estive nesse lugar. Já acordei e a primeira coisa que fiz foi pegar o celular. Já fui dormir e a última coisa que olhei foi o feed do Instagram. E vou te falar, uma vez que nos acostumamos, é difícil mudar o hábito. Mas não impossível.

Sei que muitos leitores aqui sequer gostam de redes sociais. Mas sei também que muitos não largam o celular, o Facebook, o Instagram. E é com vocês que quero conversar.

Para quem é viciado em redes sociais…

Que tal, ao invés do ato mecânico de clicar em gostei, passássemos a deixar comentários construtivos? Um comentário real, elogiando aquela sua amiga que cortou o cabelo. Ou uma mensagem de incentivo a alguém que compartilhou que não passa por um momento bom na vida. Um comentário com alguma dúvida, alguma resposta a alguém que perguntou algo. Por que não usamos a rede social para, de fato, socializarmos? Na minha opinião, isso mudaria bastante a forma como nos relacionamos com quem decidimos acompanhar. Ali sim, estaria uma forma mais concreta (se é que isso é possível) de mostrar presença, de mostrar que se importa, de verdadeiramente acompanharmos uma pessoa.

Mas, se eu sigo muitas pessoas, perderei muito mais tempo fazendo isso, não?

Vamos à faxina digital…

Que tal fazermos uma faxina nas nossas redes sociais, então? Seguirmos pessoas que realmente nos fazem sentir bem. Que produzem conteúdo que se adequa ao que pensamos, ao que gostamos, que não nos deixe pra baixo. Sabe aquela blogueira que sempre que publica algo você se sente mal, feia, diminuída ou pra baixo por não ser rica, bonita nem com possibilidade de fazer todas as viagens como ela? Pra que você a segue? Ela é realmente inspiração? (acredite, na maioria das vezes é tudo produzido, viu?)

Selecionar melhor quem seguimos, quem decidimos colocar no nosso círculo de “amizade” online é uma forma de respeitarmos a nós mesmos através da valorização do nosso próprio tempo. E assim optando por qualidade e não quantidade, podemos utilizar as redes sociais como forma de interação, de conversa, de diálogo, não apenas um jeito de alimentar um vício de rolar a tela infinitamente clicando de forma mecânica nos likes e corações da vida. Vamos interagir mais? Vamos fazer uma faxina digital? O que você anda fazendo com seu tempo? Criando laços ou apenas rolando a tela?

Por uma internet sem pressa, com mais presença e interação de verdade. 

Categorias: Tecnologia

Uma reflexão sobre as redes sociais

Camile Carvalho // Uma reflexão sobre as redes sociais

Eu andei refletindo muito sobre minha jornada nessas últimas semanas e hoje, com calma, escrevendo aqui, percebi que meus hábitos nas redes sociais mudaram muito. Uma pergunta vinha rondando minha mente: por quais motivos não consigo atualizar o blog como antigamente? Por que quando penso em escrever algo, a impressão que dá é a de que não tenho nada novo para compartilhar com meus leitores? O que está havendo, afinal, com minha inspiração e criatividade?

Fiquei me perguntando o que havia mudado em mim, preocupada por não ter mais criatividade e incentivo como antigamente, mas apenas hoje veio uma luz no fim do túnel com a resposta: meus hábitos na internet mudaram consideravelmente.

O início de tudo

Quando comecei o blog Vida Minimalista, em 2011, pelo que me lembre não tínhamos tantas opções de smartphones com capacidades para fotografias, edições, aplicativos etc. Eu, pelo menos, passava menos tempo com o celular na mão, e o detalhe mais importante, compartilhava menos minha vida através das redes sociais.

Sempre usei bastante o twitter para interagir com os leitores. O Facebook, apenas para a fanpage que mantenho até hoje. Instagram, acho que nem existia, ou eu não tinha conta. Lembro que no começo era um app exclusivo para quem tem iPhone, então eu nem sabia de sua existência por usar outro modelo de smartphone. E, pensando neste cenário, tudo que eu queria compartilhar fluía por minhas mãos através da escrita no blog.

Não tinha tanta instantaneidade. Eu participava de fóruns de discussão no Yahoo, trocava ideias sobre GTD por email, lia blogs estrangeiros sobre minimalismo e, através deles, me inspirei a transformar minha vida. Era tudo muito diferente, e aí prefiro não entrar em julgamentos de “antigamente tudo era melhor”. Isso depende do ponto de vista.

A questão é que passo menos tempo em frente ao meu computador e mais com o celular na mão. Até mesmo pra ler textos da faculdade, muitas vezes o levo em PDF no celular ou tablet e perdi aquela conexão de ligar o computador, abrir um editor de texto, como estou fazendo agora, e deixar que minha escrita flua. Este é um exemplo clássico na discussão que temos na área da Comunicação sobre como os suportes vão influenciando o modo como vivemos.

Mas isso não é uma visão determinista?

Claro, não podemos pensar numa visão determinista de que somos moldados por eles, não é nada radical, mas à medida em que eles vão ganhando espaço em nossas vidas, passamos também a adotar novos hábitos devagarinho, sem perceber, e quando nos damos conta, aqueles antigos hábitos que muitas vezes eram bons, deixamos de lado nessa trajetória.

Não sou uma crítica às redes sociais, não tenho uma visão polarizada de mocinha X vilão, pois acredito que tudo é o modo como usamos essas ferramentas. Sim, são ferramentas, e elas são neutras, estão ali para serem usadas por nós, humanos, que aí sim temos o poder de decidir a forma de usá-las. E muitas vezes acabamos por nos deixar levar pelo que todo mundo está fazendo.

Gosto de compartilhar recortes da minha vida no Instagram, por exemplo. Gosto de ter um contato mais próximo com quem me acompanha, mas percebi que as inspirações, as novidades e os impulsos que eu tinha de contar algo a quem me acompanha passou a ser direcionado para lá, uma ferramenta completamente visual que, na maioria das vezes, quem nos acompanha nem lê o que escrevemos, apenas clica no coração como se estivesse dando um check, um ok, e que logo rola o feed para ver a próxima foto. Sim, eu também me tornei essa pessoa. E não, eu não quero mais viver com esse ato mecânico.

Como ser famoso no instagram

Dizem os especialistas em marketing digital que precisamos de uma periodicidade nas publicações. Tem hora certa pra alcançarmos mais engajamento. Pra ganharmos likes. Tem foto que chama mais atenção. Organização de feed. Não postar selfie com selfie. Nem objeto com objeto seguido pra não “cansar” o seguidor. Tem tantas regras de como ser bem sucedido nas redes sociais, que me pergunto: o que é ser bem sucedido e famoso nelas? Eu entendo perfeitamente quem trabalha com isso, quem usa de forma profissional, mas a impressão é que muitos que estão ali estão em busca de algo. Mas então, o que seria esse algo?

Percebo, com toda essa conversa, que minha criatividade não foi embora. Meu impulso de compartilhar novidades com meu público também não se esvaiu. Na verdade, o que mudou nos últimos anos foi para onde direciono meus esforços e onde despejo todo esse impulso criativo. Ao invés de concentrar aqui, no meu cantinho e manter tudo de forma organizada, unificada e catalogada, acabo por espalhar demais minha presença digital pelos quatro cantos do mundo digital e, por fim das contas, não me resta nada pra cá. Eu poderia estar gravando stories falando isso tudo. Poderia alcançar um público ali, com um conteúdo que em 24hs não estará mais. Tudo efêmero. Mas eu quero voltar ao sólido. Ao palpável.

Será que eu te conheço?

Eu pensei que compartilhar minha vida pelas redes sociais que usam feed e logo perdem a validade seria uma forma de aproximação. Mas, o que acontece, é que volta e meia vejo algum comentário de um leitor ou leitora da época do Vida Minimalista e lembro dessa pessoa. Mas não consigo me lembrar muito de quem chegou depois através do Instagram. É estranho, eu sei, mas parece que tudo anda escorrendo pelos dedos enquanto que o imediatismo é extremamente valorizado.

Eu quero voltar ao blog raiz. Quero voltar ao meu canto, a escrever com calma, concentrar meus pensamentos e inspirações em um único lugar. Menos é mais. Não deixarei de estar presente nas redes sociais, mas tentarei lidar com elas de forma diferente. Ainda não sei como, mas um alerta acendeu me pedindo pra reduzir. Pra acalmar, pra ter cautela. Pra voltar ao que antes dava certo e me fazia feliz e menos ansiosa em “ter que…”.

Convido a você, que está me lendo agora (e que chegou até aqui, risos!) a pensar um pouco sobre esse imediatismo em que estamos vivendo. Será que vale à pena? O que estamos fazendo? Você, blogueira ou blogueiro das antigas, o que acha dessa difusão toda? Que tal desacelerarmos, olharmos ao nosso redor e buscarmos a nossa essência, a calma e o desapego? Leitores, amigos e amigas virtuais, vamos pensar juntos sobre isso? Me conte, como você lida com as redes sociais, sendo produtor de conteúdo ou não?

Categorias: Organização

Quando respirar e recomeçar é preciso

Começo este texto descrevendo o ambiente ao meu redor. Uma série de livros sobre livros e leitores na prateleira logo acima do meu computador. Minha mesa de trabalho ainda com alguns cacarecos sobre ela – o que me deixa um pouco sem espaço de respiro. Roupas dobradas sobre a cama esperam que eu as guarde no armário. Mas não, agora não. Neste momento tudo que preciso olhar é para a tela em branco, para o cursor piscando e para o texto que surge em minha mente e flui ligeiramente por meus dedos sobre o teclado.

O cenário é de caos. De excessos. De muitos compromissos, artigos do mestrado a serem escritos, textos a serem lidos, curso a ser formatado. Por dias passei fugindo deste furacão, como se fechar os olhos fosse milagrosamente resolver tudo. Mas não resolveu. Não, este texto não é pra falar sobre como as coisas ficaram confusas – porque sim, elas ficam, e tudo bem! – mas pra compartilhar que: em meio ao caos podemos fechar os olhos, respirar fundo e retomar as rédeas da situação.

Talvez seja influência da lua minguante e seu aspecto de desapego, talvez apenas a percepção de que me perdi na minha própria desordem. Mas ontem, enquanto organizava meu material da pesquisa, fui tomada por uma sensação de mudança. Eu precisava fazer algo, e tinha que ser naquele momento.

Parei o que estava fazendo e reli alguns trechos do que eu mesma havia escrito no blog quando ainda era Vida Minimalista. Lembrei-me da sensação boa do vazio, do foco, da organização. Do menos que é mais. E naquele momento, tudo que eu queria era voltar a ter aquela paz, aquele controle de mim mesma, aquele foco no momento presente sem as milhares de distrações.

Comecei a faxina do desapego

Peguei então meu celular e, sem dó, comecei a desinstalar alguns aplicativos. Fui mais longe, excluí contas antigas e paralelas de instagram que eu tinha de projetos que não quero e nem posso dar continuidade no momento. No twitter, parei de seguir algumas lojas, perfis de famosos que nunca me acrescentaram em nada, perfis que só postam propaganda e tudo o que enchia minha timeline de mimimi e discussões que não me interessam.

Fiz o mesmo com o Facebook. Descurti páginas, curti outras mais interessantes e alinhadas com o que quero pra mim no momento. Esvaziei a lixeira do computador. Organizei meu Feedly acrescentando blogs interessantes e deixando de seguir outros. Eu precisava desse pontapé inicial. E eu não imaginaria que este pequeno primeiro passo mudaria tanta coisa de ontem pra hoje…

Abri o painel de controle do blog e fui até a primeira postagem que fiz, em 2011 e percebi o quanto a vida é cíclica. Me encontro no mesmo ponto, porém totalmente diferente. A sensação de que já vi esse filme antes é interessante, é como se eu estivesse pronta a iniciar aquele blog, a apertar pela primeira vez o botão “publicar” com a incerteza se alguém me leria, mas ao mesmo tempo, com a confiança de que é apenas o começo de uma longa jornada de novas experiências e de muitos aprendizados.

Hoje me sinto assim, com a tela já não mais em branco, apenas escrevendo livremente sobre o que meu coração pede, pra compartilhar com quem ainda me lê sobre a passagem de uma sensação angustiante de não saber como lidar com esse transbordamento, para a sensação de “voltarei a ser como já fui“. E, para mudarmos hábitos, é bom que deixemos registrada nossa vontade. E aqui está o registro de que entrarei novamente numa jornada linda de desapegos, de autoconhecimento, de olhar pra dentro e de organizar minha vida, e claro, de registrar neste espaço, meu lar virtual, o meu caminhar.

É aquele famoso “dar um passo atrás para pegar impulso”. E é bem por aí mesmo. Nem sempre só caminhar pra frente é bom. Recuar, reavaliar, soltar e deixar ir faz parte e nos engrandece. Focar no que é importante e não querer abraçar o mundo de uma só vez. Como é boa essa sensação de voltar pra casa, ainda que eu nunca tenha saído de mim mesma…

Estarei a partir de agora mais presente no Twitter compartilhando também pequenos insights dessa jornada. Quem quiser me acompanhar, basta seguir @camilezen.

Às vezes, tudo que precisamos é sentar-se em quietude, fechar os olhos, respirar e entender o que se passa dentro de nós e quais as necessidades no momento. E o momento é de desacelerar. Desapegar. Discernir o que fica e o que sai. E claro, me dedicar integralmente ao que é importante e me faz feliz.

Namaste

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