Categorias: Redes Sociais

Instagram: apenas seja você

Instagram: seja apenas você | Camile Carvalho

Vivemos sempre em busca da aprovação dos outros. O que postamos, o que falamos, e até mesmo – de forma insconsciente – a forma como pensamos também é influenciada pelo mundo externo. Será que nos comportamos da forma como  queremos nas redes sociais?

A busca pela aprovação do outro é muito comum na internet, principalmente o Instagram, o meu foco do texto de hoje. Há aquela sensação de que, o que venho a postar deve ser validado por likes, por corações, por comentários. Aos poucos, nos desconectamos da essência do compartilhamento de nossas vidas e passamos a compartilhar o que o outro espera de nós. Perfis com temas semelhantes passam a usar uma mesma forma de edição, criando uma identidade própria, um pertencimento a um determinado grupo. A individualidade passa a não ser mais valorizada devido a essa necessidade de encaixar-se, embora a vontade de destacar-se entre os iguais permaneça. É um eterno jogo entre o ~ fazer parte de um grupo mas ser diferente dele ~.

Como vemos por aí…

Se você é do perfil minimalista, edições bem claras são um requisito. Plantas, suculentas, uma mesa branca com um notebook sobre ela. Roupas em tons monocromáticos, listras, muitas listas nas camisas e assim uniformizamos pessoas que se encaixam no perfil minimalista. Saias coloridas e estampas? Não combina. Já, se você faz parte do grupo de studygram (uma classificação usada entre pessoas que publicam sobre seus estudos), sua letra deve ser impecável e sua mesa de estudos deve mostrar uma coleção exorbitante de marca-textos coloridos, mesmo que leve a vida inteira para usá-los.

As identidades vão se formando e cada foto postada no Instagram reforça um padrão. Os likes atuam como uma validação da estética usada e a mensagem em si, o diferencial de cada pessoa vai se deixando de lado. Por qual motivo a necessidade de aceitação em um determinado grupo é mais forte que a voz e personalidade de quem publica o conteúdo? Por que valorizamos determinadas estéticas entre os grupos? Por que buscamos pela homogeneização de um “feed organizado” fazendo com que tudo pareça muito igual a tudo que já vem sido publicado?

Vamos nos soltar dessas amarras? Desenvolver a criatividade é também dar um basta à pressão pela padronização de conteúdos. Ao colocarmos nossa identidade, nosso ponto de vista e criarmos algo que dialogue com o que pensamos e queremos mostrar ao mundo, a mensagem será mais facilmente transmitida. Aos poucos você vai criando sua própria identidade que é formado por tudo que você já viu e gostou, tudo que não gostou transformado pela sua subjetividade. Sim, você DEVE estar ali, presente no que faz. Vamos criar sem medo, colocar a nossa voz no mundo e não buscar imitar alguém que já faz sucesso?

Se você quer se destacar, não seja alguém que já existe. Seja você. Não procure se encaixar em um nicho deixando pra trás sua essência. Seja você o seu próprio nicho. Você é único e não há ninguém nesse mundo como você.

Categorias: Foco

A Magia do Silêncio: aprendendo a se calar + exercício mindfulness

Antigamente, aqui no blog, eu tinha o costume de ler um livro inteiro e fazer uma resenha dele num modelo padrão, falando sobre todas as minhas impressões sobre o conteúdo, sobre a edição, autor etc. Agora, com o retorno do blog, quero mudar um pouco o jeito de escrever meus pensamentos e sobre minhas leituras e a primeira mudança é não fazer um post padrão, mas escrever ao longo da minha leitura, as impressões que estou tendo, divagar sobre trechos que me chamaram a atenção.

Hoje vou falar sobre o livro A Magia do Silêncio, da monja budista francesa Kankyo Tannier, que na verdade já concluí a leitura, mas fiz tantas anotações e marcações, que estou relendo as passagens das quais mais gostei.

Não é muito raro encontrarmos livros que nos falam sobre a necessidade do silêncio. Em uma era conhecida também por era da ansiedade, podemos perceber claramente que temos um sério problema em permanecermos em quietude. Isso acontece por vivermos na pressão da produtividade: se não estou fazendo nada, não estou sendo útil para a sociedade, sou uma pessoa descansada, preguiçosa e, portanto, não tenho valor.

A verdade é que precisamos SIM de um momento de ócio, de silêncio, de simplesmente não fazer nada. Esvaziar-se não apenas de bens materiais é necessário para nossa saúde mental e emocional. No livro, logo nos primeiros capítulos, a monja nos fala sobre a importância de termos um minutinho de silêncio.

Nada melhor que uma pequena experiência para testar a magia do silêncio em tempo real. Não importa onde você esteja neste momento: no ônibus, na sua cama, debaixo de uma árvore (…). Observe a paisagem, retome a consciência do seu corpo, da sua respiração, e fique exatamente onde está, sem fazer nada, por alguns segundos. Um minutinho. Você percebeu os segundos se passando? Sentiu o tempo correndo mais devagar? Isso não é nada se comparado a todas as descobertas que você poderia fazer se parasse ao longo do dia e olhasse para o céu. Nosso minuto de silêncio parece parar o tempo. É mágico! – pág. 33

Um minuto. E então falamos: “não tenho tempo!” e corremos para o computador, abrimos o Facebook, olhamos para a tela do celular e rolamos eternamente o feed do Instagram vendo fotos de outras pessoas. O tempo passa, 10, 15, 30 minutos, e continuamos olhando as redes sociais sem uma finalidade específica. Quando nos damos conta, já se passou uma hora e gastamos nosso tempo com os olhos em frente a uma tela luminosa. Mas… e pra meditar? E pra fazermos silêncio? Ah… não temos tempo!

Na verdade, não damos a prioridade. Observamos as pessoas que têm o hábito da meditação diária e achamos que elas nasceram pra isso. Que foram as escolhidas por um ser divino para virem à Terra programados com o gene da meditação. Mas não. A realidade é bem diferente e a verdade é que não há diferença entre um monge que medita há 30 anos, um praticante que começou ano passado e hoje medita diariamente e você, que tentou por umas duas ou três vezes mas percebeu que a mente ficava muito agitada e ansiosa. Qual a diferença, afinal? O hábito!

Você pratica meditação?

Muitas vezes achamos linda a prática da meditação, a serenidade que proporciona, a tranquilidade após uma sessão, mas não nos permitimos praticar a ponto de tornar um hábito. E quando pensamos em hábito, já imaginamos sentar em quietude por 30 minutos sem pensar em nada, quando podemos, na verdade, colocar o timer do celular pra tocar daqui a 5 minutos e apenas fechar os olhos, ou observar a paisagem da janela.

Neste livro, a monja nos dá a opção de aproveitar o ócio, como uma forma de esvaziar a mente. Em uma parte do livro ela conta que precisou ficar alguns dias confinada em um quarto na Índia devido a um tratamento ayurvédico e tudo o que tinha pra fazer era olhar um pasto pela janela, durante horas, e torcer pra aparecer algum animal por ali pra observar. Ah, mas isso é muito tedioso, vocês pensarão (e eu também!), mas já pararam pra pensar que nós não nos permitimos viver o tédio? Em qualquer momento de possível ócio, já pegamos nossos celulares do bolso e vamos checar as redes sociais. Ou catamos algo pra ler. Em uma espera de um consultório, é muito comum observarmos cada um dos pacientes olhando para a tela, sem ao menos interagirem entre si ou olhando para o vazio.

Isso nos consome. Não estamos dando espaço suficiente para nossa mente relaxar. Estamos raciocinando o tempo todo, mesmo que checando as redes sociais de forma automática. Os estímulos chegam às nossas pupilas, nosso cérebro faz o esforço constantemente para decodificar as informações, e acabamos nem percebendo que, aquilo que fizemos apenas para não passar pela sensação do ócio, tornou-se um hábito muito difícil de tirar.

Vamos fazer um exercício?

Que tal na próxima vez que estiver esperando por algo, não pegar o celular da bolsa? Que tal agora mesmo, ao terminar a leitura deste texto, você levantar o olhar da sua tela e observar a parede, o ventilador, a janela de onde você se encontra por pelo menos 3 minutos? Preste atenção na sua respiração. Como seu corpo reage? Quer que esse tempo acabe logo? Sente algum tipo de ansiedade? Se sim, precisamos conversar um pouco mais sobre como esses hábitos de ocuparmos o tempo constantemente está nos fazendo mal.

Vá, faça essa experiência agora. Entre nesse site: Online Meditation Timer e ajuste para 5 minutos. Feche seus olhos e observe sua respiração ou mantenha o olhar fixo em algo (pode ser o ventilador ligado). Depois me conte como foi sua experiência! Estou super curiosa pra saber (e sim, também já fiz aqui em casa!)

Categorias: Meu Diário

O meu retorno ao minimalismo

O meu retorno ao minimalismo | Blog Camile Carvalho

 

Esta semana escrevi lá no Twitter que talvez, quem sabe, eu estivesse pensando em voltar a escrever no blog. Sei que os últimos posts por aqui foram animadores: continuarei produzindo conteúdo, vou me esforçar para compartilhar as ideias mais aqui do que nas redes sociais, mas vejam bem, acabei deixando o espaço novamente entregue às moscas.

Mas de uma coisa eu posso falar: reduzi consideravelmente meu tempo nas redes sociais. Sim, eu consegui!

Eu sei que tudo anda meio obscuro no Brasil por causa das eleições, mas este não é o propósito deste post (sobre isso podemos conversar em outro lugar), e pra falar a verdade, estou sentindo demais essa energia da dualidade, dos ódios, dos excessos. Parece que tudo está transbordando e muitos estão agindo pelo medo. Sim, isso também me afetou.

Passei alguns dias com muita tensão. A ansiedade – que por muito tempo não batia à minha porta – deu as caras e cheguei a um ponto de sentir tudo muito preso no meu peito e garganta. Olhava ao meu redor e tudo que eu sentia era sufoco. Saía pras aulas do mestrado e pra dar minhas aulas de yoga e tudo parecia aliviar. Mas, era só chegar novamente em casa, que um alerta ligava e minha mente não conseguia descansar.

Nos últimos meses perdi o rumo. Caí numa onda de tentar me entender, de buscar minha identidade, e tudo que eu sentia era como uma bola de pingue-pongue, sendo jogada de um canto pro outro. Comecei a estudar Jung e isso ao mesmo tempo que abriu uma porta para um mundo encantado que eu não conhecia, também fez uma bagunça enorme na minha identidade.

Olho ao meu redor e tudo que vejo são livros, budas, incensos, velas, cristais e mais livros. Material do mestrado sobre a mesa aguardando que eu os estude. Prazos chegando ao fim. Uma viagem para a apresentação em um congresso chegando… e eu ainda me pergunto: quem sou eu, afinal?

Nesses dias de ansiedade, olhava para minha almofada de meditação zazen, ela olhava para mim e eu pensava que não, não queria meditar. Sabia que era o melhor pra mim naquele momento, mas não tinha vontade nenhuma. Até o dia em que me obriguei a sentar em quietude e fechar os olhos por 20 minutos. Sim, 20 minutos é uma eternidade quando estamos em meio a uma crise de ansiedade, mas algo que aprendi na meditação é que os primeiros 10 minutos são apenas um aquecimento, uma preparação da mente pra entrar na meditação. Fiquei 10 minutos… fiquei 20. O sininho soou com delicadeza informando o fim da meditação e a vontade que eu tinha era de ficar mais. E fiquei. Aproveitei. Ali era um espaço bom, ali eu estava bem. E fiquei mais uns minutos que acabei não contando.

Olho ao meu redor e percebo o que, de fato, está me incomodando. É TUDO isso que me acompanha. É todo esse peso, os objetos, os livros não lidos clamando por atenção. O excesso na decoração, a mistura de muita coisa que torna o espaço com a minha identidade, mas que talvez muito dali já não diga mais nada sobre mim.

Vida Minimalista.

Respirei fundo e lembrei-me de quando tudo começou. A criação do blog, a descoberta de que eu poderia sim, ter uma vida mais simples, livre dos excessos que me sufocavam. Sorri e percebi que estou entrando neste novo ciclo novamente. Tudo na vida é cíclico. Nos perdemos e nos encontramos. Temos a chave, temos o caminho para encontrarmos nosso centro. Basta apenas silenciarmos nossas mentes para que possamos escutar aquela voz interior que, muitas vezes fala suavemente, mas em outras, grita por socorro.

Desculpe, eu apenas estava tão ocupada ouvindo tudo ao meu redor que não lhe dei atenção.

Estou de volta.